segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O "CASO ANILDO MONTEIRO" -CONTINUAÇÃO

com
(Foto desviada, com a devida vénia, do blogue "Sexo & a Cidade")



 Hoje, cerca das 17h30, uma vintena de comerciantes esteve presente na sessão pública do executivo da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). Em bloco, e de viva voz, quiseram dizer ao executivo municipal que perante a insensibilidade social –relembro que apenas 20 comerciantes estiveram presentes-, a apatia do Ministério Público (MP) e, provavelmente, a ligeireza, para não lhe chamar incompetência, como se atesta um relatório médico nesta questão da Lei de Saúde Mental, precisavam que o poder local municipal ajude a resolver e aja com celeridade –antes que se verifique a sua morte- perante um sem-abrigo de nome Anildo Monteiro. Este homem, alcoólico, sem eira nem beira, descalço e a empestar completamente um raio de 50 metros, vagueia sobre as pedras da calçada, nestas pedras duras, sem que lhe doam as costas, dorme onde calha, come do chão ou dos caixotes do lixo directamente e, para ser tudo feito em pacote nas pedrinhas, defeca onde calha e sem qualquer pudor. Anteriormente, segundo um relatório médico mostrado pela procuradora do MP, os médicos psiquiatras que o observaram em Maio último, atestam que o Anildo “está bem, de plena capacidade de decisão e até brincou na consulta”. Ainda segundo as declarações deste médico especialista em saúde mental, e plasmado no processo do MP, trata-se de um “costume social”. Saliento ainda que, segundo informações do processo, o Anildo Monteiro, com número de Contribuinte e Bilhete de identidade, teria sido mecânico no Barreiro, por volta de meados de 1990.

COSTUME… QUÊ?

  A interrogação que foi deixada no plenário da CMC é que se este homem, na década de 1990, esteve perfeitamente inserido na sociedade como é que agora se trata de um “costume social”? Sim, porque, de facto, poderia ser mesmo. Imaginemos, por exemplo, que este sujeito tivesse vindo da selva Amazónica e nunca tivesse privado com outras gentes do mundo contemporâneo e desenvolvido. Assim, sim, poderíamos em rigor, estar perante um “costume social”. Penso que dá para ver que, claramente, não é o caso e os médicos, na sua eterna sabedoria e donos da verdade plena, especularam livremente sem saber sobre o que escreviam.

E COMO É QUE CORREU A COISA LÁ NA AUTARQUIA?

 Creio que correu muito bem. Perante as entidades em confronto, nomeadamente o que foi exposto pelos comerciantes, o chefe de departamento da CMC, ligado à Acção Social, João Ferreira Gaspar, e as técnicas da associação Integrar, e que acompanham este indivíduo, ficou claro que todos afinaram pelo mesmo diapasão: este homem não está bem, precisa com urgência de ajuda, e que estamos perante um caso de saúde mental e pública. Por parte de Ferreira Gaspar foi dito que o “caso Anildo Monteiro” foi sinalizado e é conhecido dos seus serviços há cerca de um ano. Disse também que corrobora o que foi ali dito sobre o relatório médico psiquiatra, e que os serviços que norteia estão a desenvolver esforços no sentido de solicitar ao MP uma nova reavaliação à saúde do Anildo.
Por parte das técnicas da associação Integrar foi dito que, perante este quadro legal e da não colaboração do Monteiro, tem sido muito difícil lidar com esta situação. Disseram também não ter dúvidas de que este homem precisa mesmo de ser reavaliado. Quanto ao defecar em qualquer lado, contaram que uma das vezes em que tentaram fazer alguma coisa através do seu voluntarismo, “entre a Praça 8 de Maio e a segunda Esquadra da PSP, o Anildo fez várias vezes necessidades fisiológicas ali mesmo e sem qualquer pudor.”

MAS COMO É? HÁ ORDEM OU DESORDEM?

 Francisco Queirós, vereador da CDU pela coligação por Coimbra, perante uma câmara-ardente perante questões sociais, de todo o conjunto de vereadores e o único a pedir a palavra, interpelou o presidente da edilidade, João Barbosa de Melo, “pelos vistos, entre a autarquia, a saúde e a justiça, as coisas não funcionam”, questionou Queirós. Em réplica, Barbosa de Melo enfatizou: “uma questão de saúde que fica mal na Capital da Saúde!”


2 comentários:

Anónimo disse...

E....hoje é o Dia da Saúde Mental...
Enfim...o nosso País nestas áreas é..."mais do mesmo" e, infelizmente, com tantos cortes, este será o mais afectado....
Porque, pessoas como o Anildo há muitas e esses médicos a referirem que "estão bem"...assim...não se chateiam...são almas que não dão problemas e, enquanto ele não causar desacatos assim ficaremos....

Jorge Neves disse...

Como tinha dito ao amigo Luis, estava a trabalhar não deu para estar presente, mas o amigo Luis tambem me representou bem como todos os que tiveram presentes.
É triste ter de levar este assunto a uma reunião da Câmara Municipal, é o Portugal que temos.Espero que amanhã o Anildo começe a ser outro homem, com a ajuda de quem tem obrigação de lhe a dar.
Vamos continuar atentos, não deixar cair o Anildo do esquecimento e denunciar outros Anildos da nossa Cidade.
Vivemos num Portugal de injustiça e insegurança social.