sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

UM ALERTA, EM FORMA DE COMENTÁRIO, DO JOÃO BRAGA




João Braga deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)": 



Eu, em muitas tertúlias que travo com o amigo Luís, digo-lhe sempre o mesmo : é mais que urgente reabrir o trânsito na Rua Ferreira Borges e Visconde da Luz. É igualmente necessário aumentar, de borla, o estacionamento junto à Baixa, nomeadamente no Choupalinho e nas antigas instalações da Triunfo, no buraco que iluminados abriram no centro da cidade, junto à Loja do Cidadão. Bem sei que é terreno privado, mas enquanto o novo projecto vai e vem, cabe à Câmara estabelecer pontes com o proprietário para que até à realização da obra tenha um uso útil, ainda que provisório, e se acabe com aquele vergonhoso estado de abandono. E não me venham cá com o argumento estafado de que esta zona velha tem muito estacionamento, que já me fere os ouvidos. Tem muitos lugares para colocar o carro, mas é caríssimo. Saberão os senhores que pouco mais de duas horas num parque custam mais de dois euros?
Temos que chamar novamente os jovens ao centro da cidade que são o motor do desenvolvimento da sociedade e necessários ao movimento de todo um tecido empresarial que é criado com os postos de trabalho que a Baixa, se apoiada, pode criar. Sempre ouvi dizer, e é bem verdade: “coração que não vê, coração que não sente”. É óbvio que se eu fosse jovem, volta e meia, ao passar pelo centro da cidade, e não tivesse sítio para pôr o carro gratuitamente, iria para onde se praticasse estacionamento gratuito. Além de mais, nem teria curiosidade de o visitar. Olharia para estas lojas como coisas esquisitas. Sim, porque cada vez, aos olhos dos mais novos, serão mesmo de outro mundo, desconhecendo que o comércio da Baixa lhes oferece uma maior diversidade e qualidade, tanto a nível material como atendimento humano. Assim, digam-me, como é que querem que os comerciantes resistam?
Defensores de cidades, que as defendem sem carros, vão mas é para o museu e fiquem por lá muitos e muitos anos à espera de visitas. Os tempos mudaram. Noutros tempos, em que circulavam milhares de pessoas nas ruas, até se entendia, hoje não. Nos invernos da nossa solidão, em que as ruas são cemitérios de ninguém, é preciso fazer ao contrário, criar meios de modo a inverter a contínua desertificação.
Eu tenho dois estabelecimentos com portas abertas e estou muito preocupado com o que se está a passar. Esta apatia, este desinteresse constante, e o deixa-correr, está a colocar-me os cabelos em pé. Na forma como quem manda, neste caso a autarquia, perante o desastre eminente do comércio de rua, gere e parece nem se importar com o que se está a passar no Centro Histórico de Coimbra.

1 comentário:

Jorge Neves disse...

Acho este poema lindíssimo. É uma lição e, como não sou racista nem xenófoba: respeito todas as raças, estatutos, etnias, credos, religiões e por aí fora.
Também tenho a minha raça que é branca, e tenho a minha religião.
Gosto que me respeitem, porque também me dou ao respeito para com o meu semelhante.

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão