sábado, 15 de janeiro de 2011

EDITORIAL: A HIPOCRISIA DOS CANDIDATOS

(IMAGEM DA WEB)


  Como ressalva de valores, votarei no candidato Manuel Alegre. E começo por esta salvaguarda, não para influenciar quem me lê, mas simplesmente para que a minha posição seja clara, até porque, saliento, não sou um indefectível pelo candidato presidencial pelo Partido Socialista e pelo Bloco de Esquerda. Muito menos um prosélito. Votarei nele por exclusão de partes. Isto é, porque de todos, para mim, é aquele com quem me identifico mais. No entanto, naturalmente, há muitas questões que me deixam a balouçar, mas, olhando para os outros, não tenho alternativa. Desde o 25 de Abril de 1974 sempre votei em todas as eleições. Para além disso, nunca votei em branco. No actual sistema eleitoral, em que a abstenção, ou o voto nulo –são classificações diferenciadas-, não conta para a representatividade –na opinião de quem sabe destas coisas, deveria contar- considero um disparate não exercer activamente este direito, porque, abstendo-se, nada resolve. Os eleitores alheando-se de decisões importantes para o país, contrariamente ao pensar que estão a castigar os políticos, no fundo, estão á a abandonar a condução do barco. Com mais ou menos votos, pelo menos, os políticos partidários de topo serão sempre eleitos, refiro eleições legislativas e autárquicas. Para as presidenciais, a mesma coisa, com mais ou menos votos expressos, um dos concursantes virá sempre a ser eleito Presidente da República.
Naturalmente, sigo com alguma atenção o que os jornais nos mostram sobre o pensamento de todos os candidatos sobre questões que preocupam os portugueses e vou formando opinião.
Acabei agora de ler no portal do Movimento Cívico de Lousã e Miranda, em que sou simpatizante, que os candidatos Cavaco Silva e Manuel Alegre evitaram Miranda do Corvo por causa da questão metro ligeiro de superfície.
Porque está em causa a defesa da nossa terra. E pela nossa terra, por Coimbra, por Miranda, por Lousã, estou a marimbar-me para qualquer um dos candidatos, se nenhum deles tiver a coragem de levantar um braço contra a atrocidade que o Governo está a fazer à linha da Lousã, ao mandar desmantelar a ferrovia e agora negar-se a reconstruir o que mandou destruir. Este acto, muito para além de um Estado de Direito, é em qualquer país do terceiro-mundo uma ignomínia e uma falta de respeito ao povo. Por quem profere a ordem, não assumindo a palavra dada é, pelo dizer dos nossos ancestrais, como pessoa, não valer nada, não ter crédito, abusar da boa-fé, ser desonesto –não deixa de ser curioso, como hoje se fala tanto em valores e quando eles deveriam vir de cima, pelo exemplo, é esta classe cimeira, que está no vértice da pirâmide, que dá constantemente estes maus ensinamentos.
Basta olhar para os jovens, para o facilitismo, para o “salve-se quem puder”, o querer chegar ao topo a qualquer custo. Lembremo-nos deste homicídio de Carlos Castro, de que os “media”, gozam, glosam, e abusam. O que está ali, não é mais do que os jovens, em modelo, pensam: qualquer meio serve para atingir a fama. A entrega ao trabalho, a dedicação ao próximo, a solidariedade, o “olhar para quem nos segura a escada quando subimos (o reconhecimento), porque ao descermos iremos encontrar-nos novamente”, são resquícios, minudências, princípios ultrapassados, que hoje não interessam nada. O que conta é atingir o objectivo e mais nada. Quem dá estes exemplos de palavras vazias? Pois!
Acabei agora mesmo de ler um panfleto do candidato Manuel Alegre, com o título “Nunca abdicarei da defesa do Estado Social, e em que é feita uma entrevista ao aspirante a presidente da República.
Continuo a ler a entrevista, “Precisamos de uma economia que permita a uma família de desempregados sobreviver com dignidade. Uma economia de criação de emprego, inovação e valorização de empresas e trabalhadores. Uma economia em que o aumento dos salários e das prestações sociais não é vista como obstáculo, mas sim como factor de crescimento e bem-estar. (…) Só um presidente livre e comprometido com os valores plasmados na Constituição da República pode cumprir o papel regulador quando o Estado Social está em perigo. (…) Ele será uma garantia, perante qualquer governo, de defesa da Constituição e do seu conteúdo em matéria de justiça social e garantia de serviços públicos. (…) Lutarei contra a resignação e o seguidismo perante o neoliberalismo que domina a Europa e não permitirei que valores fundamentais sejam postos em causa. (…) O presidente não pode permitir que se aproveite a crise para pôr em causa o Serviço Nacional de Saúde universal, a Escola Pública gratuita e os direitos dos trabalhadores e dos pensionistas. Como presidente, o meu compromisso será com os direitos sociais e os serviços públicos (…)”.
Ora, nestas declarações de Manuel Alegre, o candidato em que votarei, o candidato que foi deputado por Coimbra, o candidato que tem cá família, o pretendente ao trono presidencial compromete-se com a defesa do Estado Social, mas esquece-se que os transportes também constituem uma infra-estrutura básica do Estado e, como tal, também fazem parte do bem-estar das populações. Foi omissão? É deliberado o candidato Manuel Alegre ter-se olvidado de defender Coimbra nesta afronta da qual é vítima por parte do Governo? O que espera o postulante para clarificar a sua posição, já que até hoje ainda não lhe ouvi uma palavra sobre este “terrorismo patrimonial”, parafraseando Jaime Ramos? Manuel Alegre pretende ser presidente de todos os portugueses ou apenas os de Lisboa e Porto?
Manuel Alegre, tal como diz na entrevista, é um pretendente a presidente comprometido com os valores plasmados na Constituição? Então, a ser assim, faça o favor de provar aos conimbricenses de que o é mesmo. Fico eu, ficamos todos a aguardar.

1 comentário:

amsf disse...

Já encontrei o candidato que há-de levar o meu cartão vermelho às elites portuguesas, esse candidato é o José Manuel Coelho.

Palhaço e maluco é o povo que vota sempre da mesma maneira esperando obter resultados diferentes!