Hoje é o próprio mensageiro que faz a notícia. Com um novo formato, bem ao género do jornal I, que é do mesmo grupo, o Diário as Beiras apresentou-se à cidade com uma nova imagem. Como uma mulher que já era bela, mas que se produziu completamente, mostrando um promissor decote, com um colo de ressuscitar um morto, e, subindo um pouco a saia, mostrando uma perna bem torneada, até apetece assobiar: “iiiiiiiuuuuuuuuuuuu!”.
Deixando cair a metáfora, na minha opinião, o jornal está muito bom. Com um novo grafismo, com o logótipo em cor vermelha para se fazer notar na banca e junto de outros títulos. Ligeiramente mais curto, de tamanho A3, assim a meio caminho entre a revista semanal e o jornal clássico, está mais convidativo a levar para casa –entre o anterior tamanho e o actual é natural que choque numa primeira fase, mas, com a continuação, tenho a certeza, será como a Coca-Cola: “no princípio estranha-se e depois entranha-se”. É agrafado, o que, no meio “artístico” é uma inovação, e, sem elogios balofos, para mim, está realmente muito bom.
E então não vou meter nem uma farpazita? Interroga você, leitor. Não, não vou mesmo. Seria de mau tom, por um lado. Por outro, não se deve, logo no dia do renascimento –voltar a nascer- dizer isto e aquilo. Deixemos lá crescer o “menino”, que, a seu tempo, cá estaremos para dizer bem ou mal quando calhar.
Gosto muito dos principais jornais da cidade, não há um único dia que não leia todos os que se publicam cá. Como diários, refiro o Diário de Coimbra e o Diário as Beiras. No concernente às Beiras quase que o vi nascer por volta de 1993, ainda era semanário. Quase todas as semanas escrevia na página do leitor. Era, na altura, o chefe de redacção o Diamantino Cabanas. Depois passou a diário e, progressivamente, na minha opinião, foi-se afastando do leitor-colaborador. Ora não eram publicadas as cartas ou, muitas vezes, tardiamente e perdiam completamente a actualidade.
Com alguma pena, há muito tempo que não escrevo para o Diário as Beiras. Reparei que no “novo” diário lá está uma coluna dedicada aos “leitores, gente da nossa terra”, o que pode fazer adivinhar um debruçar sobre quem escreve por gosto e quer intervir na cidadania de forma activa.
Por outro lado, ainda, cheguei também a tecer algumas críticas à anterior direcção do jornal por noticiar pouco o que se passava no Centro Histórico, sobretudo a pequena história, a crónica quase básica de gente anónima que, na maioria das vezes, vive, ou sobrevive, feliz com muitas lágrimas. Gente que precisa, tantas vezes, de gritar e, no mínimo, ter alguém que faça ampliar os seus anseios de revolta e os levem a quem devem ser dirigidos. Era este, a meu ver, o jornalismo de antigamente. Hoje é quase tudo noticiado a correr. Hoje, abrimos um diário local e parece que estamos a ler um jornal nacional. No fim da notícia lá está: “Lusa”. E isto quer dizer o quê? Que, devido aos tempos de crise que se vive, o jornalismo está empobrecido. Não há dinheiro para ter jornalistas na rua. E então, este problema, isto, é uma “pescadinha de rabo na boca”. Por um lado o leitor diário exige mais e, como não tem, deixa de comprar o título. Por outro, o jornal, com cada vez menos leitores, cada vez terá possibilidades de fazer um jornalismo de qualidade e excelência.
Mas, agora reparo…quem é que me encomendou o sermão?
FELICIDADES PARA O “NOVO” DIÁRIO AS BEIRAS!
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