segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

QUEM CENSUROU AS MENSAGENS MUSICAIS AO METRO?




  Jaime Ramos, líder do Movimento Cívico de Lousã e Miranda, escreve no portal desta associação popular na Internet que “A acção no Académica-Benfica correu muito bem. Parabéns a todos os que compareceram. Permitam-me um agradecimento especial a: 1º Académica pela adesão a esta luta; 2º À Mancha Negra pelo apoio e pelas mensagens; 3º Ao grupo de bombos de Miranda; 4º Ao Dr. Sérgio Seco, vereador da Câmara de Miranda, pela dinamização e empenhamento no sucesso desta iniciativa”.
Salvo melhor opinião, esta actuação ficou muito aquém do desejado e prometido. Claro que entendo a mensagem política do líder e aceito-a. No seu lugar também salientaria todo o trabalho desenvolvido pelas partes citadas, mas, no que toca à Académica e à Mancha Negra, se fizeram bastante, através de várias actuações, como, por exemplo, a equipa entrar em campo com camisolas com a mensagem escrita “queremos o metro”; as várias faixas exibidas pela claque de apoio Mancha Negra e, pelo menos uma vez, o locutor, ter referido a luta do metro ligeiro de superfície, ficou um pouco a sensação de que se poderia ter feito muito mais. Embora, saliente-se também, no fim do jogo, a conferência de imprensa, onde o presidente da Académica referiu várias vezes a injustiça da paragem destas obras. Para além destas manifestações mais nada se viu.
Também é certo que passou uma música do “rapper” Mc M, um “rapp”, cuja letra nada tinha a ver com metro, mas sim com Coimbra, cidade.
Gostaria de lembrar que, por influência de Carlos Clemente, vice-presidente do clube dos estudantes, na sexta-feira, estive a falar com José Eduardo Simões, presidente da Académica, onde este, tacitamente, se comprometeu em mandar passar a música “Onde está o Metro?” no Estádio Cidade Coimbra e durante o jogo com o clube de Lisboa. No sábado, porque o computador do Estádio não estivesse a fazer a leitura da música, às 15 horas, desloquei-me às suas instalações e falei com o Tiago, o técnico programador de som do estádio, onde se verificou haver uma anomalia na máquina. O computador não estava a reproduzir os sons. Foi-me prometido que iria verificar e depressa seria ultrapassada esta pequena desprogramação. Para além disso, este técnico, ainda me mostrou o vídeo realizado pela Mancha Negra e que iria ser também transmitido no grande jogo.
Ontem, ao meio-dia, contactei telefonicamente este senhor e ao ser-lhe perguntado se já estava tudo bem em relação ao som, respondeu-me que sim.
Ora, nem durante o jogo nem no fim, a canção “Onde está o metro” ou vídeo da Mancha Negra passaram pelos altifalantes do Estádio. Alguém, invoque lá os motivos que quiser, não deixou passar as duas mensagens a favor do metro de superfície. Alguém –e aqui responsabilizo o presidente da Académica José Eduardo Simões- não cumpriu com o que se tinha comprometido comigo. É um problema menor? Admito que sim, mas como para mim a palavra dada funciona como escritura, naturalmente que não entendo este comportamento.
A talhe de foice, refiro que o serviço público prestado pelas televisões foi simplesmente medíocre, para não dizer tendencioso. Jaime Ramos, à minha frente na bancada inferior Sul, como toureiro de espada e capote em riste, sempre que passava uma câmara levantava a grande faixa “Sem carris não votamos” e lá provocava o “touro” com “olá!”. Mas aquela, como dama de grande importância, calçada em sapatos de verniz, vermelhos de salto alto, ostensivamente, ignorava o adulador de causas, em pé a acenar, e ia filmar a bancada do Benfica.
Ressalvo o bom trabalho do meu amigo Perdigão, da TVCOIMBRA EU SEI, que, gratuitamente e incompreendido às vezes, continua a fazer um bom trabalho em prol do distrito de Coimbra e da cultura em geral.
Como dado positivo, refiro a grande dignidade de Fernando Carvalho, presidente da Câmara Municipal da Lousã e eleito pelo Partido Socialista, na forma como se insurge contra esta (des)medida atentatória ao povo de além-Portela e até Serpins.
Quanto à manifestação política de Fátima Ramos, se não surpreende, também não há nada apontar. Também mal pareceria se o irmão se esfalfasse e ela não apoiasse.
Continuo a não gostar do posicionamento da Câmara de Coimbra. Embora sendo gerida por partidos de coligação contrária ao PS e tenha há pouco mudado de presidente –o que lhe daria, em princípio, uma completa liberdade de movimentos verbais, por não ter compromissos assumidos-, João Paulo Barbosa de Melo não consegue transmitir uma grande convicção neste apoio às populações de Miranda e Lousã. É assim uma espécie de “nim”, expressa em sorrisos amarelos de ocasião. Talvez por isso se entenda a forma como os cidadãos de Coimbra se colocam perante este surreal comportamento do Governo e que pode ficar ilustrado num comentário que ouvi hoje, de manhã no café. Pergunta um: “Foste ontem ao futebol por causa do metro?”. Responde o outro: “Eu? Fazer o quê? Isso não interessa a ninguém. Aquilo é só perder tempo!”

1 comentário:

Sónia da Veiga disse...

Quem disse esse comentário fantástico concerteza tem carro, sempre teve e nunca entrou num transporte colectivo nem dependeu deles para o seu dia-a-dia!

Mesmo que não usemos a linha da Lousã, devemos exigir reparações, pois, d'hoje para amanhã, acontece alguma coisa que nos afecte e não haverão vozes solidárias a apoiar-nos! Se não pelos outros, pelo nosso futuro!!!