Ontem, sábado, o Diário as Beiras, pela pena de Paulo Marques, e o Diário de Coimbra, pela responsabilidade da Susana Ramos –devo salientar este excelente trabalho de quase dois terços de página e com foto- em títulos de primeira página, chamavam a atenção de que hoje, domingo iria ser filmado um videoclip sobre a paragem das obras do Metro e para colocar no YouTube.
Ali, nos dois diários, era explicado tudo o que se iria passar, incluindo o horário e o convite à população para estar presente. Para além destas notícias, também na página do Movimento Cívico de Lousã e Miranda, no Facebook, foram publicados várias referências a esta realização.
Mais ainda: os presidentes de junta, de Ceira –na pessoa da secretária Elisabete Amado- e Serpins foram contactados telefonicamente. Os presidentes de junta de freguesia de Miranda do Corvo e Lousã foram contactados pela Dr.ª Sónia Sousa Mendes.
Chamo também a atenção que esta iniciativa foi transmitida em vários blogues e ainda na Rádio Dueça, de Miranda do Corvo, e aos microfones da Rádio Regional do Centro, de Coimbra.
Ora, perante toda esta informação, seria de supor que os interessados nesta causa teriam tomado conhecimento. E, sendo assim, está de ver que em todas as estações de caminho-de-ferro, agora desactivadas, estaria um grande exército de cidadãos para mostrar a união em torno de todos os prejudicados pela paragem das obras e participar. Seria assim?
Às 10h00, conforme o anunciado anteriormente, o Luís Filipe Perdigão, o realizador do videoclip, e os “artistas” estavam na estação do Parque da cidade de Coimbra. Certamente seria de entender estar muita gente. Por vários motivos, mas, focando alguns, no dia anterior, acompanhados por um frio e chuva invernosos, uma comitiva de deputados do PSD visitou vários pontos das agora paradas obras do metro mondego. Conforme se pode ler na imprensa, para além de toda a máquina do maior partido da oposição, vários populares se associaram e também os presidentes camarários de Coimbra, Miranda e Lousã. Mais uma vez chamo a atenção que estava um dia cinzento e pouco agradável.
Como São Pedro não vai em políticas partidárias, não fez mais nada: neste domingo dá um dia de sol primaveril aos proponentes do videoclip. Por aqui já se vê que a estação do Parque da cidade deveria estar cheiinha de cidadãos colaborantes com a causa. Até porque tendo em conta que a cidade tem 31 freguesias, tem várias associações patronais e, sobretudo, estas, penso, devem estar muito preocupadas pelo que está acontecer. Mesmo que verdadeiramente não estejam, estando presentes, é uma forma de mostrarem ao milhão de utilizadores do comboio da Lousã que estão solidários com este cataclismo humano –sim, porque, embora não pareça, a política é uma arte. E sendo a toda a arte um desempenho cénico, um tocar pelos sentidos, muitas vezes a representar, é mais que certo que todos os representantes das associações deveriam estar presentes.
Pois…acontece que nem uma única pessoa compareceu na estação do Parque da cidade. Ainda esperámos até às 10h30, mas nem que fosse até à meia-noite não teria aparecido ninguém.
Às 11h00 estávamos na estação de Ceira. Dezenas de pessoas estavam disponíveis para colaborar. Um bom desempenho o desta terra, vizinha de Coimbra.
Ao meio-dia estávamos nos Moinhos. Presentes… ninguém. Tivemos de andar a convidar pessoas junto ao café da aldeia. Muito a custo, de um grupo, lá foi uma. Depois apareceu um casal com dois filhos pequenos e, mais uma promessa de rebuçados, lá conseguimos juntar meia dúzia de utilizadores do ramal.
Às 14h30, depois de um bom almoço na Quinta da Paiva –pago à nossa custa, para que não se duvide que todo o trabalho foi desinteressado-, chegámos então à estação de Miranda do Corvo. Esta vila não esteve mal, mas tinha obrigação de ser melhor. Lá se juntaram cerca de duas dezenas de pessoas. Saliento a presença de Jaime Ramos, líder do movimento, e Fernando Araújo, presidente da junta de freguesia. Tenho a certeza que foi graças à sua presença e esforço de Sónia Mendes que foi possível juntar aquela vintena de moradores.
Às 15h30 estávamos na estação da Lousã. Menos de uma dezena de pessoas esperava-nos. Depois de rogar a quem passava que se juntasse ao molhe, lá conseguimos aprontar, com esforço, quase uma vintena de pessoas. Esteve presente o presidente da junta de freguesia da Lousã.
À nossa espera já estava um cidadão de Serpins para nos conduzir até aquela terra última paragem de um comboio que já partiu.
Chegámos a Serpins à hora combinada: 16h30. Junto à estação, agora de não caminhantes-de-ferro, estava o João Pereira, o presidente da junta de freguesia e largas dezenas de pessoas. Pela organização da concentração, a todas elas foi distribuída um pequeno papel com a letra da canção para que todos entoassem a sua indignação. E todos cantaram…e encantaram pela força que se sentia viva no coração daquelas gentes.
Dos presidentes camarários de Coimbra, Miranda e Lousã, nesta história, pela sua não participação, não reza a história. Mas fica uma pergunta: se estes senhores, que estou em crer não acreditar na vitória, não dão o exemplo aos seus munícipes como é que estes haviam de comparecer?
A gravação do videoclip é uma acção menor? Aquilo é parolo? Pois escrevam aí, meus senhores, isto vai dar que falar. Mais ainda, e só para estes três edis: esta gente, “este povo humilde e trabalhador” –assim reza a canção- vai vencer!
1 comentário:
Reclamo com vossa mercê que, além de me ter dito que seria à tarde, me assegurou o envio de um convite!
Ora, como eu até estava a contar com isso e, nas vindas aqui ao estaminé, os assuntos eram outros, fiquei algo surpresa quando, ao ler o jornal de ontem antes do almoço de hoje, vi lá que o vídeo já tinha sido filmado às 10h!
Ora diga lá se custava muito ter posto referência no seu estado no Facebook ou mandar uma mensagem aos amigos?!?
Ao menos sempre seriam 4 em Coimbra!!! E de certeza que o resto das "estações" haveriam de perdoar a chuva advinda da nossa cantoria! ;-)
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