sábado, 21 de novembro de 2009
UMA FOTO POR ACASO....
Imagine que eu lhe pedia para me descrever o que vê nestas fotografias, o que iria dizer? Bom, claro que diria muito mais do que eu, que só vejo o óbvio, mas, aposto, começaria por dizer que as imagens foram captadas no Sábado.
Logo a começar na quarta foto, de cima para baixo, diria que chovia e que eram exactamente 14H02. Nem mais!
Na terceira foto, olhando a Praça 8 de Maio vazia de pessoas, e colocando os olhos naquele cartaz de “liquidação total” na Ourivesaria Góis, diria que o ambiente é triste, a cair no decadente. Já o escrevi muitas vezes, numa loja comercial que encerra vai sempre um pouco de nós. É como se o nosso horizonte diário ficasse mais pobre. É como se perdêssemos um parente chegado. Entende? Você diria isto? Pouco importa. A verdade é que a tristeza, nesta antiga praça de Sanção, é perceptível a olho nu.
Passamos à segunda foto, apesar de chover uma chuva de “molha-tolos” a temperatura no ar está agradável, o relógio/termómetro marca 14º graus célsius. Mesmo assim há pouca gente nas ruas. Poderemos especular: para onde iriam as pessoas? Estarão nos centros comerciais? Andarão a cuidar do seu quintal? Posso dizer-lhe que, na sua análise, você vai muito bem. Continue.
Passamos então à primeira foto, esta da Rua Ferreira Borges. Vemos então os expositores das revistas vestidos com gabardinas. Como não se vê marca à vista, presume-se que serão “el cigano”. Continuamos a inspeccionar a imagem, e o que vemos? Tristeza, muita tristeza. Para além da cruz da farmácia, a verde, no néon, nada brilha na paisagem. Mais uma vez, você e eu, vamos especular. Diga-me, você não acha que foi um erro acabar com a publicidade de néon no centro histórico? Ai acha? Pois, eu também. Hoje, as ruas são autênticas veredas de cemitérios, onde há pouca vida e nenhuma luz. Você já reparou que, para poupar energia, a maioria das lojas têm as montras apagadas? É aí que se nota a falta dos reclames em néon. Lembra-nos logo Nova Iorque. Ai nunca lá esteve? Que pena, pessoa de Deus, o que você perdeu! Mas, deixe lá, eu também nunca lá fui…mas vejo no cinema.
Você não acha que a autarquia deveria rever a política da publicidade para o centro histórico? Está de acordo, não está? Pois eu vi logo. Na actual crise, se o prius é o engrandecimento da Baixa e da Alta, para além de reverem os critérios paisagísticos, porque não abolirem as taxas de publicidade? Concorda, não concorda? Ainda bem. Olhe, apesar de você falar pouco,…gostei de falar consigo…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Mais uma vez parabéns por mais um excelente artigo,temos praticamente as mesmas ideias em relação à baixinha e ao comércio( ainda se arrisca daqui a 4 anos, a ser convidado para fazer parte da minha equipa para a Freguesia São bartolomeu).Seja Verão ou Inverno, faça chuva ou faça sol, o horário do comercio na baixa tem de ser alterado, por iniciativa dos próprio patronato,e ser adaptado às novas realidades da sociedade.Concordo com abolição das taxas de publicidade, com as taxas de esplanada, da mesma forma que deveriam alargar o horário das licenças até às 02h00 da manhã aos estabelecimentos de hotelaria.Muita coisa vai ter de mudar, e muito rápidamente,corremos o risco daqui a poucos anos nem o metro parar na baixa...
Jorge Neves
Independente no Bloco de Esqueda
Assembleia Freguesia São Bartolomeu
Tenho lido os seus contributos no Diário de Coimbra e devo dizer que, muitos deles, são bem pertinentes. Tão pertinentes como este post. Pegando na primeira frase do último parágrafo ("Você não acha que a autarquia deveria rever a política da publicidade para o centro histórico?") eu diria que não será só a política da publicidade no centro histórico que precisa de ser revista. TUDO devia ser revisto, desde a publicidade aos licenciamentos. Com tantos problemas com que a Baixa de Coimbra se depara, sou da opinião que a Câmara Municipal devia ser mais sensível e tolerante, caso contrário não dou muitos anos para que a Baixa passe de centro da cidade a um guetto onde ninguém entra.
Mas a Câmara Municipal, com todos os seus defeitos, não é a única responsável pelo estado a que chegou a Baixa de Coimbra e, em particular, ao comércio na Baixa. Aliás, todo o comércio tradicional, de uma forma geral, está em crise e a culpa não é por estarem inseridos numa zona histórica. O comércio está condenado, também, pela inércia e falta de visão dos comerciantes. Passo a justificar o porquê de eu escrever isto: Repare que o horário do comércio tradicional é, em geral, das 9h às 13h e das 15h às 19h. Só por mero acaso, este horário coincide com o horário de trabalho das pessoas (e potenciais clientes). Ora, se quando estas pessoas saem do trabalho vão encontrar as lojas fechadas, que hipótese lhes resta senão irem aos centros comerciais? Na minha opinião, acho que os horários do comércio tradicional deviam ser urgentemente revistos. Claro que, para isso, teria de haver autorização por parte da Câmara Municipal, mas aí já estamos a ir de encontro ao que afirmei anteriormente, quando disse que não será só a política de publicidade que devia ser revista para o centro histórico.
Se não houver um entendimento entre as diferentes partes envolventes, a Baixa tem um futuro sem futuro. E quando isso acontecer, não tenho dúvidas de que muita gente irá lamentar-se por não ter feito mais. Mas aí, talvez já seja tarde demais. É impressionante como isto é tão claro e tão óbvio e ninguém faça alguma coisa para impedir isto!
Um abraço,
Nuno.
Enviar um comentário