sábado, 17 de janeiro de 2009

REQUIEM PELA ÚLTIMA FORJADORA DO FERRO




A notícia vem no meio de outra, no Diário as Beiras de hoje. Na página 3, na rubrica “Em Foco”, é entrevistado Belarmino Azevedo, vice-presidente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra. Falando ao jornalista Mário Nicolau das dificuldades das empresas, às tantas, dá como exemplo “as consequências conhecidas: “hoje (ontem) a Lumel, uma empresa com mais de 55 anos, fechou portas. Não estamos a discutir se fizeram, ou não, asneiras, mas o que é certo é que mais de uma dezena de trabalhadores vai para o desemprego.”
As coisas ditas assim, a frio, é, infelizmente, mais uma empresa que se fina, mas se eu disser que esta firma, em Coimbra, era a única, e última, que se dedicava à arte do ferro forjado talvez a coisa já dê que pensar. Para mais, sendo a cidade o berço e a sepultura de grandes mestres “trovadores do ferro”, como chamou Afonso Lopes Vieira ao grande mestre do ferro forjado Coimbrão, Lourenço Chaves de Almeida. Poderia falar de muitos outros, como Daniel Rodrigues, mestre Pompeu Aroso, etc.
A Lumel, segundo um vizinho desta fábrica na Pedrulha, nos anos de 1968 tinha 80 empregados. Pelos vistos, com cerca de uma dezena de funcionários, morreu agora sem glória. Talvez pelo desconhecimento os jornais da cidade nem o noticiaram. Desaparece sem pompa nem circunstância, ou outra qualquer oração de encomenda. Morreu e pronto! Só que para além do mundo da economia, existem outros como o da cultura e o da cidade, que é aquele que diariamente sentimos como o nosso pequeno universo. E este, irremediavelmente, fica mal, muito mais pobre, muito mal mesmo. Deixo o resto à consideração de cada um.

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