sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
QUE MAIS NOS IRÁ ACONTECER?
Nós somos assim. Os portugueses precisam de ter sempre um grande assunto nacional para esquecer os pequeninos problemas, os “comezinhos” lá de casa. É uma espécie de “saco das marradas” para onde viramos todas as nossas frustrações. Assim esquecemos aquela maldita dor ciática que não nos larga, os queixumes constantes da “cara-metade” de que nunca vai ao cinema, ao teatro, e/ou muito menos dar um passeio ao fim de semana.
É assim, como numa viagem fantástica, que mergulhamos no insucesso do Sporting, na crise directiva da académica, na crise económica e financeira que nos assola. Esta sim! É um verdadeiro assunto entorpecente. Apaga tudo à sua volta. Até a “Maria” e os nossos filhos, sempre tão reivindicativos lá em casa, como se tomados de verdadeiro sentido de Estado, se calaram e, à noite, colados à televisão, ouvem, absorvem, e deglutam os efeitos colaterais do alarmismo social que atravessa o país de lés-a-lés.
Agora, nos últimos dias, como passe de mágica, foi-se a crise e veio o caso Freeport do primeiro-ministro José Sócrates. É culpado, não é? A PGR anda a reboque das autoridades inglesas? Foi o tio, foi o primo, foi a mãe? Deve demitir-se? Vai ser demitido pelo presidente da Republica? Vai haver eleições antecipadas? Há opiniões com soluções para todos os gostos. Independentemente do apuramento dos factos, este folhetim caiu que nem uma luva no clima económico, temporal de frio, chuva e depressão crónica colectiva pela falta de sol.
Ninguém fala, ninguém pensa que, no momento presente, em que tanto se precisa de estabilidade política, acontecer uma crise governativa, como a que está à vista, era a prenda que menos precisávamos de receber.
Não sei se há ou não “mãozinha silenciosa” neste processo, nem tal coisa me preocupa. Não me cabe a mim opinar. O que sei é que este assunto, de suspeição sobre o primeiro-ministro, não poderia vir em pior altura. Mesmo sem o demonstrar, declarando que cabe aos tribunais arguir a culpabilidade ou inocência do visado, a verdade é que a oposição em bloco, desde a esquerda à direita do PS, todos esfregam as mãos de contentes. Prevendo eleições antecipadas, como ratos perante o queijo, já antevêem a divisão do suculento repasto. Os problemas do país, esses vão ficando adiados. Enquanto dura esta novela, com entrelaces e passes de malabarismo, envolvidos em teia, as empresas vão despedindo pessoas, vão encerrando, e até chegar a nossa vez vamos seguindo passo-a-passo todas os tramas desenvolvidos na televisão.
Isto não é uma Nação com problemas graves para resolver é um país de novelas. Que mais nos irá acontecer?
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