segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
CÂMARAS DE OPINIÃO
Tenho de confessar que gosto de ler as crónicas de João Silva, quer no “DC”, quer no “Campeão” -evidentemente que esta apreciação é de somenos importância para o visado. Naturalmente, dentro do campo opinativo, a meu ver, muitas vezes é injusto. Mesmo no campo político-partidário, chega a sê-lo com os seus correligionários, “compagnons de route”. A nível local, chego a compará-lo com Pacheco Pereira.
Desta vez, com a sua crónica de hoje, com o título “Escondidos atrás das câmaras”, no DC, exagerou. Disparou em todas as direcções. Começou por afirmar que “Tudo o que foi bem audível foi o alarmismo, em especial do presidente da Câmara, sobre a insegurança na Baixa, que se transformou na maior operação de marketing negativo de que esta alguma vez foi alvo”.
Embora não precise da minha defesa, gostaria de mostrar que se de alguma coisa Carlos Encarnação pode ser acusado é exactamente o de não ter feito nada contra a insegurança que se vive na Baixa –porque ela existe durante a noite. Só nos meses de Novembro e Dezembro, últimos, foram perpetrados 17 assaltos, incluindo o furto do Menino Jesus. Se assim não fosse como entender a reunião urgente marcada por Luís Vilar, em 3 de Novembro, com o Governador Civil, Henrique Fernandes, para apaziguar os ânimos de quatro dezenas de comerciantes que compareceram na reunião do executivo, e, no dia seguinte, este ter-se comprometido com os empresários presentes e as suas representações institucionais, ACIC e APBC, no âmbito do “Contrato Local de Segurança”, para no prazo de um mês lhes prestar esclarecimentos das suas “demarches”, como moderador, entre o presidente da Câmara, as instituições de apoio social e a PSP?
Continuando a comentar o texto no DC, escreve João Silva acerca do definhamento da Baixa”: “Mas a solução não deixa também de reflectir uma postura de desresponsabilização institucional e colectiva” –aqui, certamente, para além da Universidade, culpa também os seus camaradas de partido. “Por isso, para além da Câmara o estado a que a Baixa chegou é também culpa da ACIC e de muitos comerciantes que se demitiram de procurar novas soluções de modernização e de competitividade, evidenciando uma enorme falta de capacidade de união e de luta pelo objectivo estratégico comum –realização dum comércio tradicional de qualidade. Obviamente que o enfretamento de poderosos empresários, que apostam num comércio massificado e estandardizado, exigiria uma atitude de grande unidade, criatividade e inteligência (…)”.
“Depois é culpa dos próprios cidadãos de Coimbra, particularmente daqueles que com conhecimento e capacidade económica se afastaram da Baixa e do comércio da cidade (…)”.
Entrar em contradição no próprio texto também é normal a quem escreve e também acontece a João Silva: “Finalmente as forças de segurança não estão isentas de culpas, concretamente a PSP, que nunca encarou a segurança na Baixa como uma questão específica e prioritária”. Como se vê, neste parágrafo, o antigo edil do PS admite que há mesmo insegurança, mas a culpa da decadência do comércio, da segurança e da Baixa em geral é sempre dos outros. Esqueceu-se de um pormenor importante -que também acontece a quem escreve- em 1993, aquando da inauguração da primeira grande superfície em Coimbra, o Continente, João Silva era vereador executivo de Manuel Machado. Já agora, aquando da discussão e aprovação daquela mega-estrutura comercial, por acaso, votou contra?
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