Depois de ser anunciado em
primeira página n”O Despertar, na edição de 23 de março, de que “inaugurar a
Feira do Bota Abaixo no próximo dia 15 de abril, no mesmo dia em que comemora
123 anos, é o grande desejo da Associação Humanitária” eis que, nesta última
segunda-feira, em carta dirigida aos associados, João Silva, presidente da
direção dos Bombeiros Voluntários de Coimbra (BVC), anuncia que “com a sensação
desconfortável de frustração por não conseguir levar à prática uma
iniciativa que considero poderia ser um contributo positivo para a
revitalização da Baixa da cidade (…) não vai avançar com a realização da Feira
do Bota Abaixo.”
E qual o motivo da não
realização? A resposta está na mesma comunicação: “Acontece que numa
reavaliação das implicações que um evento desta natureza implica para esta
Associação, tendo em conta as suas capacidades estruturais internas e tendo,
sobretudo, verificado uma relevante ausência de respostas positivas, por parte
de cidadãos que voluntariamente, no âmbito desta instituição, se dispusessem a
colaborar na sua organização (…)”
Antes de prosseguir, como ressalva
de interesses, para se entender o que vou escrever, tenho de dizer que esta
ideia de realizar uma feira ao domingo na Baixa foi minha. Em 22 de fevereiro,
depois de ir pessoalmente ao quartel, apresentei por escrito um anteprojecto de
ideias que serviriam para revitalizar o Largo das Olarias e mais propriamente a
Baixa no último dia da semana. No dia 29 de março realizou-se uma reunião
alargada a todos os associados de modo a conseguir “mão-de-obra” para o
certame. Estiveram presentes cerca de uma dezena de sócios. Alguns deles, para
além de o considerarem positivo para os bombeiros e para a cidade, manifestaram
a intenção de colaborarem no evento, incluindo eu a tempo inteiro. Então, a meu
ver, aconteceu o impensável: um dos presentes deu em achar dificuldades em
tudo. O dia escolhido, o domingo, era mau; poderia haver pancada; poderia haver
artigos roubados; poderia vir a ASAE; como é que se geria a questão dos
vendedores ciganos; e se fosse um falhanço a imagem dos bombeiros ficava
beliscada, etc., etc. De tal modo foi destruidor que tive de lhe perguntar a razão
de tanto pessimismo. Não gostou e saiu espavorido pela porta fora. Na reunião
fiz questão de dizer ao presidente que decidisse com liberdade e como
entendesse, no entanto, intuí imediatamente que o projeto, por parte dos BVC,
tinha morrido ali. Apesar deste sentimento continuei à espera da decisão final.
O que me interessou sempre foi a concretização e nunca de quem o realiza. Em 24
de abril enviei um mail a João Silva para que me informasse acerca do ponto da
situação. Não me respondeu. Passada uma semana, nesta última informação aos
associados, fiquei a saber que não haveria feira.
Ora bem, estou frustrado por os
BVC não terem abraçado a ideia? Não senhor, não é isso que me deixa azedo, até
porque, como escrevi, já esperava. O que me aborrece deveras é como fui
tratado. Ou seja, a ideia foi apresentada em 22 de Fevereiro; a reunião com
apoiantes foi em 29 de março. A sentença derradeira foi em 30 de abril. Dois
meses e tal, entre o conhecimento do plano e a decisão final, convenhamos, será
tempo de mais. A forma como ao longo deste tempo fui recebendo informação foi,
no mínimo, deficiente e caricato, para não dizer desrespeitosa. Depois
admiram-se que os cidadãos não se envolvam nas causas? Perante casos como este,
em que apresento ideias e sou ostracizado, às vezes penso que o problema reside
mesmo em mim. Tenho a mania de acreditar nas pessoas e envolver-me. Levo cada
sopapo que até fico zonzo. Ou será que isto não se passa apenas comigo e é o
paradigma da cidade?
Em suma, afirmar-se que “ninguém
se mostrou disponível para assumir responsabilidade de apoiar de forma
consistente a organização” -citando o Diário de Coimbra de hoje-, é uma desculpa esfarrapada, gratuita e insultuosa,
um mostrar o sol através da peneira, aos cidadãos de Coimbra.
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