O CLANDESTINO
Como promessa feita no leito de morte do
melhor amigo, diariamente, em passo rápido, com um saco
plástico na mão, percorre as ruas estreitas da Baixa da Coimbra. Estanca junto a
um velho edifício decrépito que parece não ter vida. Sub-repticiamente, como
clandestino em Estado ditatorial, olha em volta em busca de um agente policial.
O ambiente está limpo, parece pensar, e avança para a porta esconsa que no
canto tem um buraco. É então que, como milagre divino, dois gatos miam em seu
redor e os três, em simbiose, homem e animais, em torno da pequena lata de alimento parecem comungar de amor.
O que faz é proibido pelas leis
dos homens. Ele sabe, mas não entende. O seu afecto na entrega aos bichos é
demasiado profundo e nobre para compreender esta norma legal mas amoral. Mesmo
que morra de pena, como fantasma errante, continuará a amar os melhores amigos
de todos nós.
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