Encerrou ontem, na Rua Ferreira
Borges, o pronto-a-vestir “Estilus”. Esta loja de reconhecido mérito
empresarial era muito popular na cidade. Pertença de um empresário de Leiria,
onde detém várias lojas, o senhor Venâncio, pessoa que conheço muito bem e por
ele atesto que se tomou esta decisão foi porque não teve mesmo outra
alternativa.
O “Estilus” tinha dois
funcionários presentemente. Há cerca de uma dúzia de anos, para além de ter
outra loja aqui na Baixa, teve vários empregados. Glória, de 52 anos, é um
destes dois últimos e que agora vai para o desemprego. De lágrimas a correr
pelo rosto bonito de uma mulher que parece ter quarenta, vamos ouvi-la: “custa-me
muito ver esta loja encerrar. Foram 14 anos da minha vida que, agora, sem
oração de despedida, aqui ficam enterrados. Eu sou testemunha de que não dava
para continuar. As despesas eram enormes –só na luz era um custo impossível,
apesar de andarmos sempre a tentar poupar. Nós até vendíamos, o problema é que
não chegava para os custos, e repare o prédio até é propriedade do senhor
Venâncio. Eu sei que ele tentou tudo para manter a porta aberta. Eu sei que se
não fosse por nós, empregados, já teria tomado esta decisão há muito tempo, mas
sabe, ele anda doente e, é evidente, nestas condições económicas, como é que
poderia continuar? Nunca pensei que isto me viesse a acontecer. Fico muito mal.
Agora, com esta idade, quem é que me vai dar emprego? –E a pressão no rosto
mostra o grande esforço em tentar conter um imenso rio de lágrimas. Desculpe…
desculpe, mas tenho de ir embalar tudo isto…”
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