segunda-feira, 21 de maio de 2012

CONTRASTES E PARADOXOS....





 Depois de três meses em actividade, encerrou a semana passada o restaurante do Shaid, na Praça do Comércio e no lugar do antigo “João Brasileiro”. Tinha aberto ao público em Fevereiro. Segundo um vizinho, que pediu o anonimato, “encerraram porque tinham mesmo de encerrar. Com uma renda elevadíssima, com a Baixa desertificada e, à noite, sem ninguém, diga-me lá, como é que era possível manter a casa aberta? Nesta actual conjuntura, só mesmo quem tiver bons alicerces financeiros!”
Continuo a achar que, no momento grave que atravessamos, a Câmara Municipal de Coimbra tem um papel fundamental de aconselhamento e não o está a fazer. Ou seja, as pessoas, natural e legitimamente, porque precisam de trabalhar, ou concretizarem sonhos, atiram-se de cabeça num lodaçal que dificilmente se vêem livres no futuro. O que quero dizer é que, se por um lado a autarquia, dentro da liberdade e do direito constitucional que assiste a cada um, não pode criar obstáculos legais para que as pessoas se estabeleçam, por outro, num momento de tão grande sensibilidade económica, creio que, mesmo, indo um pouco contra a corrente liberal, sempre que alguém solicitasse autorização –se não for através do “simplex”- deveriam tentar saber se o requerente está consciente das tormentas que vai passar. O que estou a escrever é demasiado filosófico? Isto é, na prática não funciona porque os candidatos levarão a mal? Isso não sei. O que sei, é que perante os desastres que estão acontecer, como este, a edilidade, a meu ver, tem obrigação de não lavar as mãos como Pilatos e desonerar-se de um aconselhamento que será bom para todos, incluindo a Baixa. Bem sei que o desempenho que proponho não deveria caber à autarquia –mas antes a instituições ligadas ao comércio-, no entanto, mesmo assim, perante as tragédias financeiras que estão a acontecer por aqui, acho que a Câmara Municipal deve ter um papel proactivo, sobretudo, de defesa dos vários interesses em jogo. É o investidor que fica numa situação de insolvência que nunca mais se livra; são os credores que financiaram o projecto; é a Baixa que fica com mais uma casa encerrada, normalmente, até o tribunal se pronunciar. Estamos perante uma nova forma de suicídio comercial anunciado.

 Felizmente, como que em sentido contrário, há duas semanas, abriu o “Espaço Cristal”, um espectacular estabelecimento de hotelaria, inserido num lindíssimo edifício, em frente à Estação Nova. Embora vá escrever um post sobre este bonito café, posso adiantar que, em princípio, neste caso, o investidor sabe quantas gramas de farinha leva um pão. Trata-se um homem experiente no ramo, o senhor Sebastião, também dono do edifício da pastelaria Cristal ao lado deste novo, e com possibilidades, segundo me transmitiram. Portanto, porque é bom para a Baixa, e até porque foram criados 5 novos empregos, muitas felicidades, senhor Sebastião.


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