Depois de três meses em
actividade, encerrou a semana passada o restaurante do Shaid, na Praça do
Comércio e no lugar do antigo “João Brasileiro”. Tinha aberto ao público em Fevereiro. Segundo um vizinho, que pediu
o anonimato, “encerraram porque tinham mesmo de encerrar. Com uma renda
elevadíssima, com a Baixa desertificada e, à noite, sem ninguém, diga-me lá, como é que era possível
manter a casa aberta? Nesta actual conjuntura, só mesmo quem tiver bons alicerces financeiros!”
Continuo a achar que, no momento
grave que atravessamos, a Câmara Municipal de Coimbra tem um papel fundamental
de aconselhamento e não o está a fazer. Ou seja, as pessoas, natural e
legitimamente, porque precisam de trabalhar, ou concretizarem sonhos, atiram-se
de cabeça num lodaçal que dificilmente se vêem livres no futuro. O que quero
dizer é que, se por um lado a autarquia, dentro da liberdade e do direito
constitucional que assiste a cada um, não pode criar obstáculos legais para que
as pessoas se estabeleçam, por outro, num momento de tão grande sensibilidade
económica, creio que, mesmo, indo um pouco contra a corrente liberal, sempre
que alguém solicitasse autorização –se não for através do “simplex”- deveriam tentar
saber se o requerente está consciente das tormentas que vai passar. O que estou
a escrever é demasiado filosófico? Isto é, na prática não funciona porque os
candidatos levarão a mal? Isso não sei. O que sei, é que perante os desastres
que estão acontecer, como este, a edilidade, a meu ver, tem obrigação de não
lavar as mãos como Pilatos e desonerar-se de um aconselhamento que será bom
para todos, incluindo a Baixa. Bem sei que o desempenho que proponho não
deveria caber à autarquia –mas antes a instituições ligadas ao comércio-, no
entanto, mesmo assim, perante as tragédias financeiras que estão a acontecer
por aqui, acho que a Câmara Municipal deve ter um papel proactivo, sobretudo,
de defesa dos vários interesses em jogo. É o investidor que fica numa situação
de insolvência que nunca mais se livra; são os credores que financiaram o
projecto; é a Baixa que fica com mais uma casa encerrada, normalmente, até o
tribunal se pronunciar. Estamos perante uma nova forma de suicídio comercial anunciado.
Felizmente, como que em sentido
contrário, há duas semanas, abriu o “Espaço Cristal”, um espectacular
estabelecimento de hotelaria, inserido num lindíssimo edifício, em frente à
Estação Nova. Embora vá escrever um post sobre este bonito café, posso adiantar
que, em princípio, neste caso, o investidor sabe quantas gramas de farinha leva
um pão. Trata-se um homem experiente no ramo, o senhor Sebastião, também dono
do edifício da pastelaria Cristal ao lado deste novo, e com possibilidades,
segundo me transmitiram. Portanto, porque é bom para a Baixa, e até porque foram
criados 5 novos empregos, muitas felicidades, senhor Sebastião.
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