terça-feira, 25 de outubro de 2011

COMÉRCIO: OS COMUNISTAS AINDA COMEM MENINOS? (1)





 Ontem, com começo pelas 19h00, realizou-se na sede da Junta de Freguesia de São Bartolomeu uma reunião promovida pela Confederação Portuguesa Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPMPME). A intenção desta confederação era debater com os comerciantes do Centro Histórico os imensos problemas, discutindo e apontando soluções, que o comércio de rua está a viver. Para ouvir, tomar notas e levar à Assembleia da República, estava o deputado comunista Agostinho Lopes, que se deslocou propositadamente a Coimbra para tomar contacto com as dificuldades destes profissionais.
Nos dias anteriores foi espalhada a mensagem, através de um pequeno folheto, a todas as lojas da Baixa. Tendo em conta o contínuo encerramento de estabelecimentos e cada vez maior empobrecimento da classe –da qual aqui no blogue tenho feito referência-, seria de supor que a pequena sala de conferências, com lotação de uma centena de pessoas, estaria repleta. Imaginariamente, antes do debate, até conseguimos antever o corredor cheio. Sim porque falamos de um universo de 600 estabelecimentos. Foi assim?

PARA ONDE VAIS RIO QUE EU CANTO?

 Quando começou a reunião, pelas 19h00, estavam cerca de 25 pessoas ligadas ao comércio. Às 20h15, quase uma hora antes de terminar, a pequena sala tinha cerca de 15 cadeiras ocupadas com comerciantes. Depois de várias intervenções do público e da mesa, constituída por Arménio Pratas, Vítor Carvalho, Pedro Soares, vice-presidente da Confederação, e Agostinho Lopes, o encontro terminou com o deputado a prometer levar ao Governo os problemas “que são transversais ao país".

E SE ESTIVESSE LÁ A ODETE SANTOS?

 O que teria desmotivado os comerciantes a comparecerem? Será que foi porque a escolha do deputado não teria sido a melhor? Sei lá?! Às tantas?! Se em vez de Agostinho Lopes, que sendo uma óptima pessoa, interessado nos problemas que as cidades estão a viver, de trato simples e afectuoso, fosse a Odete Santos será que os comerciantes teriam ido? Provavelmente não teriam estado presentes na mesma. Especulando, são comunistas e, quem sabe, não comam comerciantes? É certo que esta classe está muito envelhecida e com ossos duríssimos de roer, mas mesmo assim, nunca confiando. Teria sido este o pensamento comum? Isto é, por exemplo, se lá estivesse a Teresa Caieiro, deputada do CDS/PP, os homens do comércio teriam acorrido em massa?

FALANDO SÉRIO PARA UMA CLASSE QUE SE DEIXA MORRER NA PRAIA

 A razão que levou a não estarem presentes os comerciantes na junta de freguesia, a meu ver, prende-se com um desprezo total por quem se esforça para tornar pública esta morte anunciada de uma classe profissional que já foi forte. Neste caso, esta falta declarada de reconhecimento vai directamente para quem convidou o deputado a vir à cidade para ajudar uma classe profissional que está em coma profundo, ou seja, para Arménio Pratas, comerciante, ex-presidente do sector comercial da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, e actualmente membro da direcção da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra. Para além deste, para a Junta de Freguesia de São Bartolomeu que cedeu o espaço, para a CPMPME, e para a deputado Agostinho Lopes, que fez o favor de vir do Porto tentar ouvir uma classe que não quer ser ouvida.
Para além disto, há um pormenor que, não sendo de somenos, no entanto, passa despercebido: o que fez, ontem, quase metade da plateia a levantar voo antes do encerramento da discussão?
No meu entendimento, a razão é muito simples: todos os comerciantes que se levantaram antes do encerramento foram ao encontro apenas por irem. Só para não parecer mal, até porque tinham sido convidados por fulano ou sicrano, seus amigos. Então o que era preciso era estarem presentes na partida, para, aos poucos, irem abandonando a prova sem darem nas vistas. Acontece que, como eram poucos na sala, ontem, não conseguiram sair sem serem notados. Ainda hoje de manhã ouvi um comerciante a falar para outro: “ó pá, saí a meio, aquilo era uma seca. Não estou para isso!”
O que se verifica hoje nos comerciantes é que estes apenas agem se estiverem mesmo a ser inundados e não tiverem possibilidade de se safarem sozinhos. Então aqui sim. Já formam um grupo e pedem auxílio. Vou dar um pequeno exemplo: há menos de um mês convidei vários comerciantes para, juntos, irmos ao executivo da Câmara Municipal para tentar resolver o “caso Anildo”, um, sem-abrigo, alegadamente afectado mentalmente, que, por aqui, come dos caixotes do lixo, defeca à frente das portas das lojas comerciais e empesta o ambiente, num raio de 50 metros, mais do que uma antiga bombinha de mau cheiro no Carnaval. Ora bem, alguns deles meus amigos, a quem sempre me dispus a estar disponível para eles, depois de convidados, responderam que não podiam. Uns porque tinham umas prateleiras para montar, outros por isto, outros por aquilo. E quem é que apareceu na autarquia? Cerca de uma vintena de comerciantes, mas exactamente aqueles que se sentiam incomodados com o cheiro empestado e as “prendas” que Anildo deixa às suas portas.
Para não me tornar longo e fastidioso, a seguir contarei o que se passou ontem na reunião.

                                  


1 comentário:

Jorge Neves disse...

E caso para dizer FAÇAM COMPRAS NAS GRANDES SUPERFICIES! OS COMERCIANTES DA BAIXA AGRADEÇEM!!