segunda-feira, 4 de abril de 2011

GRITOS NA MULTIDÃO





Uma mulher grita alto na praça,
junto ao túmulo do conquistador,
de bengala em riste, ameaça,
não se sabe quem é o opressor,
talvez odeie a populaça,
será um parafuso o causador?
Talvez desapertado em devassa?
Quem sabe, não será o carburador?
Será da etílica vinhaça?
Até poderá ser o alternador,
talvez a pinga fosse trapaça,
e se ela sofrer de dor?
Perdeu o Benfica em arruaça,
deixa qualquer um em desamor,
e logo para um dragão carraça,
se ao menos fosse um benfeitor,
parecido com o sabor da cachaça,
mas não, é Pinto provocador,
parte a alma em cacos e estilhaça,
já basta esta crise negra de fervor,
que não deixa dormir pela desgraça,
as eleições à vista, são um estupor,
já se vêem guerreiros sem linhaça,
vem ou não vem aí o FMI adamastor?
Rolos negros  no céu de fumaça,
mas, afinal, quem será o causador
desta fúria que tira a vergonhaça,
afastem-se da mulher, por favor,
antes que levem uma caldaça,
é melhor mesmo ter pavor,
de um qualquer louco que esvoaça,
todo o cuidado é pouco neste ascensor,
anda tudo a ensandecer, até perpassa,
bradam sozinhos como despertador,
parecem famélicos cães de caça,
isto é que é uma vida… meu amor?!


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