quarta-feira, 19 de setembro de 2012

CARTA ABERTA AO SENHOR BISPO DE COIMBRA


 Meu caro Dom Virgílio Antunes, na qualidade de paroquiano da Diocese de Coimbra, dirijo-me a V. Eminência para lhe falar sobre a notícia incerta no Diário de Coimbra (DC) de hoje e sobre o título “Térmitas obrigam a retirar imagem da Rainha Santa”.
Embora não seja por aqui que pretendo debruçar-me, apesar disso, citando o DC, não vou deixar de referir “A indeterminação do tempo de permanência da imagem de Teixeira Lopes no coro baixo depende do apoio que recebermos das instâncias estatais e autárquicas, pois a Confraria não tem meios financeiros para resolver por si só o problema das térmitas, esclarece António Rebelo (…). Começando por esta transcrição, gostaria de lhe dizer que não entendo muito bem esta posição do presidente da Confraria da Rainha Santa. Hoje o tratamento de xilófagos, vulgo caruncho, é um acto relativamente fácil e nem por isso demasiadamente oneroso –tudo é relativo, bem sei. Temos em Coimbra uma firma que, se não a melhor, está entre as melhores a nível nacional: falo-lhe da Cafum. Para o caso de não saber, esta reputada empresa faz trabalhos localmente e na sua sede na Rua de Moçambique. O quero salientar é que esta resposta acima citada, pela apatia manifestada, aflorasse-me como um pouco desrespeitosa para com os fiéis. E falo neles, sobretudo, porque, antes de vir noticiado no DC, a senhora Raquel Santos, devota da Rainha Santa, de 79 anos de idade, falou-me sobre este assunto. Ao desabafar comigo, apesar de eu me considerar agnóstico, não pude deixar de entender o calor, a paixão, das suas palavras ao queixar-se do alheamento de quem orienta o Convento da Rainha Santa e, por outro lado, a falta que lhe faz a imagem da padroeira de Coimbra no lugar onde sempre esteve. O que lhe quero dizer é que, no meu entendimento, terá de haver outra resposta, essencialmente célere, para os crentes. O que é explanado no DC, à luz da consideração que os crédulos merecem, não é admissível.
E agora vou directamente ao assunto que me levou a escrever-lhe esta carta. No mesmo artigo do DC, em caixa, era notório o título: “Porta principal fechada devido aos assaltos”. Continuando a ler, “A porta principal da igreja está fechada durante a semana por questões de segurança, explica o presidente da Confraria, ao apontar um letreiro no portão de entrada, que indica o acesso ao templo pela porta da sacristia. A medida foi tomada devido aos muitos furtos, facilitados pelo facto de a Confraria só poder dispor de um funcionário, que tem de atender pessoas no recordatório e não pode vigiar permanentemente a igreja”.
Antes de avançar, começava por perguntar ao Senhor Bispo de Coimbra se, seguindo o mesmo exemplo, algumas lojas comerciais da Baixa –como a minha, por exemplo, que já foram assaltadas durante a noite várias vezes- para evitar futuros roubos deveriam encerrar também. É este o caminho correcto? É assim, rendendo-nos às evidências, que se luta contra a criminalidade? Até porque ainda lhe digo mais, ainda hoje no Convento da Rainha Santa estavam estacionados dois autocarros e todos os ocupantes dentro do templo e ainda mais pessoas. Acontece que só um vigilante, que cobrava bilhetes, se encontrava de atalaia aos visitantes –quem o afirma é a senhora Raquel Santos. É assim, apenas com um funcionário, que se evitam os furtos? O senhor acredita que ele, mesmo com grande entrega, consegue fiscalizar alguma coisa?
Meu caro Don Virgílio Antunes não é a primeira vez que escrevo aqui, e até no DC, sobre o absurdo de manter as igrejas da Baixa encerradas durante o dia e com abertura apenas para a prática do culto. Certamente V. Eminência sabe o que se passa nos vários países da Europa e por exemplo em Espanha, que conheço mal, mas sei qualquer coisa. Há poucos anos estive em Sevilha e juntamente com a minha mulher entrámos numa igreja muito para além da hora de jantar. Pelo que depreendo, os templos nos nossos vizinhos estão permanentemente acessíveis a todos e fazem parte integrante da revitalização das cidades. Porque não se faz o mesmo aqui em Coimbra?
Com a sua entrada para a Diocese, sendo o senhor um homem de meia idade e, creio, com “cabeça arejada” e outro espírito mais aberto –lembro apenas o facto de ter uma página no Facebook, não que esta razão seja extraordinária, até porque nem sei se a visualiza, mas significa que está atento aos novos tempos- sempre pensei que tivesse uma postura diferente, mais observadora e proactiva. No meu entendimento, não posso compreender que de 5 igrejas importantíssimas na Baixa, Santa Justa, da Graça, São Tiago, São Bartolomeu e Santa Cruz só esta, que por acaso é Panteão Nacional, tenha um horário igual às muitas lojas comerciais. Ou seja, de Segunda a Sábado 09-12 e 14-17h30. Ao Domingo, para além da missa da manhã, pratica o horário 16-18h00. As outras, como sabe, exceptuando São Bartolomeu que abre apenas para as homilias, estão quase sempre encerradas.
Diga-me, Dom Virgílio, num tempo de tanto desemprego e tantos reformados que se disponibilizam a colaborar com a igreja na ocupação dos seus imensos tempos livres, fará sentido invocar que não se tem meios humanos?
Tenho de lhe confessar, meu caro amigo, que esperava muito mais de si. É certo, e acredito, que terá muito trabalho e, provavelmente, ainda não pode debruçar-se sobre este assunto e irá fazê-lo. Mas fica a saber que, por aqui pela Baixa, todos esperam a sua colaboração na revivificação desta zona histórica. Portanto, não esqueça que a dona Raquel Santos e outras suas amigas e muitos comerciantes da Baixa, católicos apostólicos assíduos frequentadores da igreja de Cristo, todos, estão de olho sobre o seu pontificado.

(CARTA ENVIADA PARA CONHECIMENTO A DOM VIRGÍLIO ANTUNES ATRAVÉS DO FACEBOOK)

TEXTO RELACIONADO

"Um comentário recebido e o seu contraditório"

3 comentários:

Unknown disse...

É incrível como é que um agnóstico se pronuncia desta forma sobre questões religiosas sem se informar primeiro.
Se a Cafum está assim tão interessada, porque é que não é ela a contactar a Confraria e a oferecer os seus préstimos gratuitamente, já que a instituição não tem dinheiro para resolver o problema? E esqueceram-se de que os trabalhos dependem da DRCC ou do IPPAR ou dos dois? O Mosteiro é Monumento Nacional e os responsáveis têm de zelar por esses bens patrimoniais.
Quer as igrejas abertas dia e noite? Pois bem, e quem é que paga aos funcionários? Vai para lá o senhor tomar conta da porta? Que eu saiba,o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova mantém as portas abertas. As pessoas não deixam de entrar. Além do mais, como refere no DC o presidente da Confraria, os verdadeiros devotos têm à sua disposição o túmulo da Rainha Santa, que é muito mais importante do que uma imagem. Mas é natural que um agnóstico, sem quaisquer fundamentos religiosos se deixe levar pela idolatria para dizer uma enormidade dessas.
E já agora, em vez de reclamar, porque é que não contribui para as despesas do culto de Santa Justa, da Graça, São Tiago, São Bartolomeu e Santa Cruz, para garantir ordenado suficiente para a manutenção de um guarda? Ou julga que as pessoas vivem do ar? Sim, que a situação de crise não deve servir para a Igreja explorar a situação difícil em que as pessoas se encontram aproveitando-se da desgraça alheia para resolver os seus problemas, como o senhor pretende com os desempregados e reformados.
E agora é o Senhor Bispo que é o culpado da crise e da falta de apoios de pessoas como o senhor, que tudo exigem e nada fazem para ajudar a resolver o problema?
Tenham juízo. Espero que tenham a honestidade e coragem de publicar esta minha resposta.
João Carlos Santos

Unknown disse...

É incrível como é que um agnóstico se pronuncia desta forma sobre questões religiosas sem se informar primeiro.
Se a Cafum está assim tão interessada, porque é que não é ela a contactar a Confraria e a oferecer os seus préstimos gratuitamente, já que a instituição não tem dinheiro para resolver o problema? E esqueceram-se de que os trabalhos dependem da DRCC ou do IPPAR ou dos dois? O Mosteiro é Monumento Nacional e os responsáveis têm de zelar por esses bens patrimoniais.
Quer as igrejas abertas dia e noite? Pois bem, e quem é que paga aos funcionários? Vai para lá o senhor tomar conta da porta? Que eu saiba,o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova mantém as portas abertas. As pessoas não deixam de entrar. Além do mais, como refere no DC o presidente da Confraria, os verdadeiros devotos têm à sua disposição o túmulo da Rainha Santa, que é muito mais importante do que uma imagem. Mas é natural que um agnóstico, sem quaisquer fundamentos religiosos se deixe levar pela idolatria para dizer uma enormidade dessas.
E já agora, em vez de reclamar, porque é que não contribui para as despesas do culto de Santa Justa, da Graça, São Tiago, São Bartolomeu e Santa Cruz, para garantir ordenado suficiente para a manutenção de um guarda? Ou julga que as pessoas vivem do ar? Sim, que a situação de crise não deve servir para a Igreja explorar a situação difícil em que as pessoas se encontram aproveitando-se da desgraça alheia para resolver os seus problemas, como o senhor pretende com os desempregados e reformados.
E agora é o Senhor Bispo que é o culpado da crise e da falta de apoios de pessoas como o senhor, que tudo exigem e nada fazem para ajudar a resolver o problema?
Tenham juízo. Espero que tenham a honestidade e coragem de publicar esta minha resposta.
João Carlos Santos

LUIS FERNANDES disse...

http://www.questoesnacionais.blogspot.pt/2012/09/um-comentario-e-o-contraditorio.html