Meu caro Dom Virgílio Antunes, na
qualidade de paroquiano da Diocese de Coimbra, dirijo-me a V. Eminência para
lhe falar sobre a notícia incerta no Diário de Coimbra (DC) de hoje e sobre o
título “Térmitas obrigam a retirar imagem da Rainha Santa”.
Embora não seja por aqui que
pretendo debruçar-me, apesar disso, citando o DC, não vou deixar de referir “A
indeterminação do tempo de permanência da imagem de Teixeira Lopes no coro
baixo depende do apoio que recebermos das instâncias estatais e autárquicas,
pois a Confraria não tem meios financeiros para resolver por si só o problema
das térmitas, esclarece António Rebelo (…). Começando por esta transcrição, gostaria
de lhe dizer que não entendo muito bem esta posição do presidente da Confraria
da Rainha Santa. Hoje o tratamento de xilófagos, vulgo caruncho, é um acto
relativamente fácil e nem por isso demasiadamente oneroso –tudo é relativo, bem
sei. Temos em Coimbra uma firma que, se não a melhor, está entre as melhores a
nível nacional: falo-lhe da Cafum. Para o caso de não saber, esta reputada
empresa faz trabalhos localmente e na sua sede na Rua de Moçambique. O quero
salientar é que esta resposta acima citada, pela apatia manifestada, aflorasse-me
como um pouco desrespeitosa para com os fiéis. E falo neles, sobretudo, porque,
antes de vir noticiado no DC, a senhora Raquel Santos, devota da Rainha Santa, de
79 anos de idade, falou-me sobre este assunto. Ao desabafar comigo, apesar de
eu me considerar agnóstico, não pude deixar de entender o calor, a paixão, das
suas palavras ao queixar-se do alheamento de quem orienta o Convento da Rainha
Santa e, por outro lado, a falta que lhe faz a imagem da padroeira de Coimbra
no lugar onde sempre esteve. O que lhe quero dizer é que, no meu entendimento,
terá de haver outra resposta, essencialmente célere, para os crentes. O que é
explanado no DC, à luz da consideração que os crédulos merecem, não é
admissível.
E agora vou directamente ao
assunto que me levou a escrever-lhe esta carta. No mesmo artigo do DC, em
caixa, era notório o título: “Porta principal fechada devido aos assaltos”.
Continuando a ler, “A porta principal da igreja está fechada durante a semana
por questões de segurança, explica o presidente da Confraria, ao apontar um
letreiro no portão de entrada, que indica o acesso ao templo pela porta da
sacristia. A medida foi tomada devido aos muitos furtos, facilitados pelo facto
de a Confraria só poder dispor de um funcionário, que tem de atender pessoas no
recordatório e não pode vigiar permanentemente a igreja”.
Antes de avançar, começava por perguntar
ao Senhor Bispo de Coimbra se, seguindo o mesmo exemplo, algumas lojas
comerciais da Baixa –como a minha, por exemplo, que já foram assaltadas durante
a noite várias vezes- para evitar futuros roubos deveriam encerrar também. É
este o caminho correcto? É assim, rendendo-nos às evidências, que se luta
contra a criminalidade? Até porque ainda lhe digo mais, ainda hoje no Convento
da Rainha Santa estavam estacionados dois autocarros e todos os ocupantes dentro
do templo e ainda mais pessoas. Acontece que só um vigilante, que cobrava
bilhetes, se encontrava de atalaia aos visitantes –quem o afirma é a senhora Raquel
Santos. É assim, apenas com um funcionário, que se evitam os furtos? O senhor
acredita que ele, mesmo com grande entrega, consegue fiscalizar alguma coisa?
Meu caro Don Virgílio Antunes não
é a primeira vez que escrevo aqui, e até no DC, sobre o absurdo de manter as
igrejas da Baixa encerradas durante o dia e com abertura apenas para a prática
do culto. Certamente V. Eminência sabe o que se passa nos vários países da
Europa e por exemplo em Espanha, que conheço mal, mas sei qualquer coisa. Há
poucos anos estive em Sevilha e juntamente com a minha mulher entrámos numa
igreja muito para além da hora de jantar. Pelo que depreendo, os templos nos
nossos vizinhos estão permanentemente acessíveis a todos e fazem parte
integrante da revitalização das cidades. Porque não se faz o mesmo aqui em Coimbra?
Com a sua entrada para a Diocese,
sendo o senhor um homem de meia idade e, creio, com “cabeça arejada” e outro espírito
mais aberto –lembro apenas o facto de ter uma página no Facebook, não que esta
razão seja extraordinária, até porque nem sei se a visualiza, mas significa que
está atento aos novos tempos- sempre pensei que tivesse uma postura diferente,
mais observadora e proactiva. No meu entendimento, não posso compreender que de 5
igrejas importantíssimas na Baixa, Santa Justa, da Graça, São Tiago, São
Bartolomeu e Santa Cruz só esta, que por acaso é Panteão Nacional, tenha um
horário igual às muitas lojas comerciais. Ou seja, de Segunda a Sábado 09-12 e
14-17h30. Ao Domingo, para além da missa da manhã, pratica o horário 16-18h00.
As outras, como sabe, exceptuando São Bartolomeu que abre apenas para as
homilias, estão quase sempre encerradas.
Diga-me, Dom Virgílio, num tempo
de tanto desemprego e tantos reformados que se disponibilizam a colaborar com a
igreja na ocupação dos seus imensos tempos livres, fará sentido invocar que não
se tem meios humanos?
Tenho de lhe confessar, meu caro
amigo, que esperava muito mais de si. É certo, e acredito, que terá muito
trabalho e, provavelmente, ainda não pode debruçar-se sobre este assunto e irá
fazê-lo. Mas fica a saber que, por aqui pela Baixa, todos esperam a sua
colaboração na revivificação desta zona histórica. Portanto, não esqueça que a
dona Raquel Santos e outras suas amigas e muitos comerciantes da Baixa, católicos
apostólicos assíduos frequentadores da igreja de Cristo, todos, estão de olho
sobre o seu pontificado.
(CARTA ENVIADA PARA CONHECIMENTO A DOM VIRGÍLIO ANTUNES ATRAVÉS DO FACEBOOK)
TEXTO RELACIONADO
"Um comentário recebido e o seu contraditório"
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3 comentários:
É incrível como é que um agnóstico se pronuncia desta forma sobre questões religiosas sem se informar primeiro.
Se a Cafum está assim tão interessada, porque é que não é ela a contactar a Confraria e a oferecer os seus préstimos gratuitamente, já que a instituição não tem dinheiro para resolver o problema? E esqueceram-se de que os trabalhos dependem da DRCC ou do IPPAR ou dos dois? O Mosteiro é Monumento Nacional e os responsáveis têm de zelar por esses bens patrimoniais.
Quer as igrejas abertas dia e noite? Pois bem, e quem é que paga aos funcionários? Vai para lá o senhor tomar conta da porta? Que eu saiba,o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova mantém as portas abertas. As pessoas não deixam de entrar. Além do mais, como refere no DC o presidente da Confraria, os verdadeiros devotos têm à sua disposição o túmulo da Rainha Santa, que é muito mais importante do que uma imagem. Mas é natural que um agnóstico, sem quaisquer fundamentos religiosos se deixe levar pela idolatria para dizer uma enormidade dessas.
E já agora, em vez de reclamar, porque é que não contribui para as despesas do culto de Santa Justa, da Graça, São Tiago, São Bartolomeu e Santa Cruz, para garantir ordenado suficiente para a manutenção de um guarda? Ou julga que as pessoas vivem do ar? Sim, que a situação de crise não deve servir para a Igreja explorar a situação difícil em que as pessoas se encontram aproveitando-se da desgraça alheia para resolver os seus problemas, como o senhor pretende com os desempregados e reformados.
E agora é o Senhor Bispo que é o culpado da crise e da falta de apoios de pessoas como o senhor, que tudo exigem e nada fazem para ajudar a resolver o problema?
Tenham juízo. Espero que tenham a honestidade e coragem de publicar esta minha resposta.
João Carlos Santos
É incrível como é que um agnóstico se pronuncia desta forma sobre questões religiosas sem se informar primeiro.
Se a Cafum está assim tão interessada, porque é que não é ela a contactar a Confraria e a oferecer os seus préstimos gratuitamente, já que a instituição não tem dinheiro para resolver o problema? E esqueceram-se de que os trabalhos dependem da DRCC ou do IPPAR ou dos dois? O Mosteiro é Monumento Nacional e os responsáveis têm de zelar por esses bens patrimoniais.
Quer as igrejas abertas dia e noite? Pois bem, e quem é que paga aos funcionários? Vai para lá o senhor tomar conta da porta? Que eu saiba,o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova mantém as portas abertas. As pessoas não deixam de entrar. Além do mais, como refere no DC o presidente da Confraria, os verdadeiros devotos têm à sua disposição o túmulo da Rainha Santa, que é muito mais importante do que uma imagem. Mas é natural que um agnóstico, sem quaisquer fundamentos religiosos se deixe levar pela idolatria para dizer uma enormidade dessas.
E já agora, em vez de reclamar, porque é que não contribui para as despesas do culto de Santa Justa, da Graça, São Tiago, São Bartolomeu e Santa Cruz, para garantir ordenado suficiente para a manutenção de um guarda? Ou julga que as pessoas vivem do ar? Sim, que a situação de crise não deve servir para a Igreja explorar a situação difícil em que as pessoas se encontram aproveitando-se da desgraça alheia para resolver os seus problemas, como o senhor pretende com os desempregados e reformados.
E agora é o Senhor Bispo que é o culpado da crise e da falta de apoios de pessoas como o senhor, que tudo exigem e nada fazem para ajudar a resolver o problema?
Tenham juízo. Espero que tenham a honestidade e coragem de publicar esta minha resposta.
João Carlos Santos
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