sexta-feira, 21 de setembro de 2012

"APROVEITA O QUE NÃO PRESTA..."


 Há dois anos fui ao executivo da Câmara Municipal de Coimbra apelar para que se dessem mais meios a um serviço de recolha de bens, sobre tutela da Divisão de Acção Social e Família da edilidade, para distribuir pelos mais carenciados. Trata-se do “Projecto Baú” e que está a funcionar no edifício da 2ª Esquadra. Este serviço foi pensado para ser uma ponte entre quem tem artigos que não sabe o que lhe fazer e os mais carenciados. Ainda mais do que há dois anos quando fui ao executivo, agora, se por um lado há muita gente que se quer ver livre de bens utilitários –isto é, que conservam ainda muita utilidade para alguém- e sem valor comercial –ou seja, pela sua vulgaridade não são transacionáveis-, por outro, há cada vez mais pessoas a necessitarem de ajuda.
Hoje, mais uma vez, encaminhei um proprietário de um prédio aqui na Baixa para este serviço camarário. O homem contactou-me para o encaminhar numa série de camas, colchões, móveis, frigoríficos e outros artigos não especificados. Apesar da muita vontade da funcionária, sem que nada me dissesse sobre o assunto, deu para perceber que este bom serviço de recolha e distribuição de bens pelas famílias em maiores dificuldades continua igual como há dois anos. Se o dador tiver urgência em esvaziar uma casa, por falta de transporte e meios humanos, o departamento não tem condições para chamar a si o encargo.
Como sou amigo de alguém que sabe muito destas coisas interroguei-o sobre o “projecto Baú”. Naturalmente sob anonimato enfatizou: “ó pá, é uma pena continuar assim. Eles, a Divisão de Desenvolvimento Social e Família, desde o director, o João Gaspar até aos funcionários parecem bombeiros a apagar fogos; esforçam-se muito, mas continuam sem meios para acudirem às solicitações. É caricato, não é? Por um lado há imensa oferta de cidadãos que querem ajudar e por outro há cada vez mais pessoas a pedirem bens, mas, sem instrumentos, o que é que a Divisão pode fazer? Milagres? Eu sei que chegam a não poder aceitar recheios de casa oferecidos por falta de pessoal que os recolha nos locados. É triste, isto, não é? O Encarnação –o antigo presidente da Câmara- nunca ligou nada, repara que tu foste lá alertar e ele nem sequer sabia que a edilidade tinha um serviço destes, e o Barbosa –o actual chefe do executivo- segue-lhe a cartilha. Tudo continua na mesma e igual. Se calhar, é mais que certo, também não sabe que o gabinete só dispõe de um camião, do DOI, Departamento de Obras e Infraestruturas, um dia por mês e não chega para as encomendas. Porque é que não escreves qualquer coisa sobre isto? “Água mole em pedra dura”… Quem sabe o Barbosa de Melo não tomasse atenção?”

(Texto enviado à Câmara Municipal de Coimbra para conhecimento)


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