“CARLOS ENCARNAÇÃO VAI PRESIDIR COMISSÃO PARA REPROGRAMAR
OBRAS DO METRO”, in Diário de Coimbra (DC) de hoje.
Confesso, ao ler esta notícia do
DC fico baralhado. Por um lado, isto no imediato, fico a pensar que, se o Governo
está a nomear alguém para (mais uma vez) reprogramar as obras, isto pode ser
bom. Pode até ser entendido que, a médio prazo, irão recomeçar, embora sem o
deslumbramento e “os mais olhos que barriga”, sem a demagogia, de outros tempos
–que nem é tanto quanto isso que me quero referir. Isto é, de uma vez por todas, consumar-se-á a ligação
entre a Estação de Coimbra B, passando ao lado da Nova, e a linha da Lousã. A
meu ver esta será a solução mais racional e mais que justa para as pessoas que
moram além-Ceira. Todos sabemos, e já há muitos anos, que a possibilidade de
implantar o antigo projecto, a atravessar a Baixa e até ao Hospital, é tão megalómano
que até produz cócegas num morto. Toda a gente sabe que este plano, por falta
de alavancagem, de viabilidade económica, está sepultado já desde 1996, ano da criação
jurídica do Metro Mondego. Por que é que não se diz de vez que o metro,
enquanto meio de transporte citadino, não é a solução necessária, em
prioridades, para a cidade? Poderia ter sido –considerando que sonhar não é proibido,
mas se, a seu tempo, tivesse sido realizado hoje era mais um elefante branco
para as Finanças públicas do Estado-, até ao virar do milénio, quando a economia
crescia e poucos olhavam para os trocos e para o que se gastava. Agora, nesta
altura, em que os transportes públicos diariamente perdem passageiros, alguém responsável,
de boa-fé, e sabendo que para erros do passado, que estamos apagar com “língua
de palmo”, já chega assim, pode defender o Metro de Superfície para a cidade?
Por outro lado, ao ler esta
notícia do DC, em que Carlos Encarnação é nomeado, fico com a ligeira sensação
de que é mais uma recompensa política ao homem que sempre se dedicou ao PSD de
alma e coração na cidade -goste-se ou não de Encarnação, uma coisa somos
obrigados admitir, dentro de um estilo defensivo –de “nem lá vou nem faço nada”-,
ninguém o pode acusar de, enquanto autarca, não ter, à sua maneira, defendido
Coimbra. A sensação que me atravessa é que esta nomeação é mais um “tacho” à
custa do Metro –igual ao do seu ex-vice-presidente, João Rebelo, que por lá
continua na administração, sabendo todos nós, repetindo-me, que o Metro jamais
será do que um cadáver em decomposição.
Então a pergunta que se poderá
fazer é assim: nesta altura do campeonato, fará algum sentido criar este lugar?
Sabendo o Governo que para calar –por elementar justiça- as gentes prejudicadas
pelo levantamento da linha férrea, com a promessa de a substituir por uma mais
moderna, basta apenas uma decisão de reposição, porque anda a “emprenhar a vaca
fria”? Sim, porque, aparentemente, esta decisão é apenas para prolongar a (in)decisão
–é bom não esquecer que foi promessa eleitoral do Governo e, sobretudo, do
Ministro da Economia, Álvaro Pereira. A ideia que isto dá é apenas o adiar mais um tempo.
Valia muito mais o Governo ser honesto com os cidadãos de Coimbra e dizer de
uma vez por todos o que pode (ou não) fazer. Esta criação de mais uma comissão
é o andar em círculo em torno de coisa nenhuma. É o fazer que se faz sem se
produzir absolutamente nada –no sentido de que são perguntas de retórica, isto
é, já todos estamos fartos de saber o resultado final.
E Encarnação, no meio disto tudo,
como é que fica? Quanto a mim, muito mal. A impressão que me deixa é a mesma
que Soares deixou aos portugueses quando se recandidatou. Ou seja, pela ambição
desmedida, acabou a perder todo o capital político angariado durante décadas.
Não podemos esquecer que Encarnação, nesta questão do Metro, não é virgem. O
buraco da futura (que provavelmente nunca será) avenida central deve-se à sua
visão política de defender para a frente. Em 2006, quando mandou esventrar todo
o casario ainda existente, ele sabia muito bem que não havia projecto aprovado,
no entanto, mesmo assim, porque a sua campanha de reeleição estava em curso,
avançou e hoje, como monumento à incapacidade dos políticos, está para ali
abandonado e que ninguém sabe o que se haverá de fazer a seguir. Ora, então, em
face de tudo isto, o voltar à ribalta, e ainda por cima a cavalo da mesma
pileca que ajudou a matar, no mínimo, cai mal. Em vez desta triste decisão de
aceitar porque é que Encarnação não abre uma tasca na zona da Rua das Fangas? Era
muito melhor para a sua imagem e, pelo menos, agora que já não tem os netos
para cuidar, entre uma patanisca e um copo de três, sempre contava umas
histórias aos clientes do tempo em que era político.
1 comentário:
Amigo Quintans é baralhar e dar de novo. Tudo em nome dos negócios e da Maçonaria de trazer por casa, numa estranha ligação entre o PSD e o PS Distrital, está bom de ver. Mas, o povo não se esquece...
Se eles ouvissem os comentários que se fazem nos autocarros...
Carris ao alto!
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