Ontem, cerca das 20h30, realizou-se na sede dos Bombeiros Voluntários de Coimbra (BVC) uma Assembleia Geral para aprovação do Plano e Orçamento para 2012 e apreciar o Relatório e Contas do pretérito 2011.
Perante uns pouquíssimos números de associados, e nem um representante da nossa imprensa, foram ambos aprovados por unanimidade.
Por João Silva, presidente da Direcção, foi feito um retrato claro e conciso das finanças dos BVC. Foi lamentado por este membro que estejam previstos o ingresso de 37 Bombeiros Sapadores, profissionais, com um custo associado de cerca de 1000 euros por mês à autarquia e, desempenhando a mesma função em regime de voluntariado e com as mesmas obrigações, os BVC não tenham dinheiro para se manter no dia-a-dia.
Os bombeiros estão prestes a comemorar 123 anos de existência. Assim, ontem, foram aprovados vários eventos correlacionados:
-Aprovação do Grau Honorário a sócios beneméritos (com dádivas superiores a 1000 euros em “pecúnia” ou serviços);
-Atribuição da Medalha de Mérito;
-Por proposta do presidente da Assembleia Geral, foi aprovado um louvor para o reconhecido esforço desta direcção durante o ano de 2011;
-Homenagem aos sócios mais antigos, desde os números 6 até ao 50;
OS BOMBEIROS FAZEM ANOS. O QUE VAI ACONTECER?
No próximo dia 7 os BVC fazem 123 anos de existência. Por coincidir com a semana da Páscoa, a efeméride será transferida para a semana seguinte com a realização de um jantar comemorativo aberto a todos os associados. Será na sexta-feira seguinte, dia 13, no restaurante Jardim da Manga. Terá um custo de 15 euros e será associado a uma palestra do jornalista Carlos Magno.
Para além disso, ontem, inserido neste aniversário, por um bombeiro presente, foi lançada a proposta de reactivar um almoço para o pessoal da casa e que nos últimos anos deixou de se fazer no quartel.
Foi ainda feita uma proposta de um voto de louvor, e reconhecimento, a todo o pessoal bombeiro pela disponibilidade sempre manifestada em prol desta causa pública.
Pelo presidente da direcção, mais uma vez, sensibilizou os presentes para que inscrevam no IRS a “cruzinha” a favor dos BVC. Não custa nada aos contribuintes e faz um jeitão à corporação.
Cerca das 23h00, quando terminou o encontro, para além dos membros do Conselho Fiscal e direcção, estavam presentes 5 pessoas associadas.
Numa espécie de desafio, conjuntamente consigo, leitor, sob o meu ponto de vista pessoal, vamos tentar especular sobre esta desertificação de associados nos actos de discussão e aprovação de contas.
PORQUE É QUE OS BOMBEIROS SÃO COMO A POLÍCIA?
Sou associado dos Bombeiros Voluntários de Coimbra há muitos, muitos anos. Sinceramente, nem sei quantos. Por outro lado, se me interrogassem sobre quanto pago de quota não saberia responder. Sei apenas que é pouco. Muito pouco.
Prosseguindo a minha pretensa análise, ontem foi a primeira vez que fui a uma assembleia geral. E porque é que nunca tinha ido e ontem coloquei lá os pés pela primeira vez? Porque, de certo modo, cá do meu cantinho, tenho acompanhado esta nova direcção e já falei algumas vezes com o presidente João Silva. E o que é que isto quer dizer?
Antes de responder à questão colocada, tenho para mim que, para o cidadão, os bombeiros são como a polícia. Ou seja, só nos lembramos deles quando temos necessidade da sua intervenção. Se nunca tivermos uma qualquer experiência de ajuda achamos que, em analogia, são simplesmente roldanas importantes numa máquina e nada mais. Olhamos para eles como peças fundamentais de um sistema que se faz movimentar por si mesmo. Isto é, enquanto pessoas, pela sua constante eficácia no emaranhado social, tomamo-los facilmente por máquinas.
Depois desta metáfora, talvez já consigamos extrair uma ilação da minha aproximação aos bombeiros. Eu fui lá ontem porque me considerei próximo da direcção –situação que nunca senti até agora. Então, andando mais um passo, o que é que constato? Que é preciso contactar pessoalmente os cerca de 6000 associados. Falando com eles, é preciso fazer-lhes entender o quanto podem ser úteis. Por outras palavras, contrariamente ao que sempre foi feito, com comunicações escritas –e que comigo nunca funcionaram-, é preciso o contacto pessoal. Através do toque, o olhar nos olhos, é preciso transmitir aos associados uma mensagem de reconhecida importância. Isto é, em vez de lhes dizer, através de carta ou e-mail, que os bombeiros precisam da sua comparticipação, antes, é necessário mostrar-lhes o quanto, individualmente como pessoas, quer como profissionais, quer como colaboradores em qualquer projecto, podem ser importantes para a corporação. Pode até parecer que esta divergência é ínfima, mas não é. Entre os dois procedimentos há uma diferença abismal. Hoje vivemos na era da comunicação informal. Achamos todos que informando através de uma “newsletter” este conhecimento chega a todos. Uma verdadeira falácia. Estou em crer que cada um de nós, todos, nos últimos anos, gerou uma repulsa generalizada por este tipo de convite impessoal. Pode até argumentar-se que não é possível convidar um universo de milhares de sócios pessoalmente, mas o caminho, inevitavelmente, se se quiser obter resultados, passará por ser assim.
Na minha maneira de ver, a eficácia às muitas solicitações pecuniárias passará pelo mesmo. Quando confrontadas pessoalmente com um pedido para uma boa causa, como esta, raramente as pessoas se escusam. Ou, pelo menos, o resultado será muito superior.
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