"Sentença do Tribunal de Portalegre decide que entrega da casa ao banco salda a dívida". Veja aqui.
O PRIMEIRO PASSO DE UMA LONGA NOITE DE INSÓNIA
Finalmente, tudo indica que
chegou o bom senso aos tribunais portugueses. Em Espanha já há várias sentenças
transitadas em julgado que dão extintos os créditos das entidades bancárias
sobre as propriedades entregues por falta de pagamento.
O que se está a passar em
Portugal é, no mínimo, uma arbitrariedade, uma indecência. Uma filha da putice.
Se não vejamos, o banco, para conceder crédito, avaliou o prédio –ou seja, deu
como certo que o bem, que a troco de uma hipoteca, garantia ser ressarcido no
futuro- e emprestou o valor por si estimado ao cliente. Deu-se a crise do
“subprime” –um crédito de risco dado pela entidade bancária e intencionalmente
subavaliado, porque, é bom não esquecer, para o cliente, em “pacote” com estes financiamentos, iam cartões de crédito, seguros nas companhias dos próprios bancos e
outras alcavalas- e, perante a queda do valor imobiliário, o que fizeram os
bancos? Vieram alegar em sua defesa que foram somente um intermediário no
negócio sem interveniência directa na decisão do adquirente. Acontece que, todos sabemos, até há cerca
de 3 anos, havia por parte da banca um assédio constante para emprestar dinheiro
para se comprar propriedades –é óbvio que em Portugal não tomou as mesmas
proporções iguais aos Estados Unidos, no entanto, a perseguição por cá foi
idêntica. Chegados aqui, poderemos interrogar: mas os bancos, perante este
oferecimento metralhado, vulgarizado, e com decisiva cobertura sistemática do
negócio entre as partes –comprador e vendedor-, podem, agora, alegar que não
têm nenhuma responsabilidade?
Continuemos. Então, perante a
avalanche de incumprimentos –só em Março, último, foram entregues 1155 casas, e
em Dezembro, do ano passado, 37 por dia-, o que faz a banca? Como vê que o
devedor está impossibilitado de pagar –e na maioria dos casos insolvente-,
retoma o bem hipotecado -que anteriormente avaliou, é bom repetir, não extingue
o contrato e deixando-o suspenso-, e, como se fosse alheio e meramente um mediador de compra e venda, coloca-o no mercado, em leilão, e vende pelo melhor
preço que lhe oferecerem –isto sem que o devedor possa vetar a venda, mesmo que
o valor seja irrisório e aviltante. Isto é, por parte dos banqueiros, o seu
ressarcimento está sempre garantido pelas entregas iniciais e pela alienação
final, feita de qualquer forma e feitio, e em prejuízo directo do hipotecado e
contraente da dívida. Mas a entidade bancária ainda faz mais: não empresta
dinheiro para negócios similares, mas para estes, em que é uma parte interessada
–e leonina- e usando capital financiado pelo BCE, Banco Central Europeu, a 1 por
cento, financia na totalidade este negócio que, pelo explicado, acaba por ser
apenas no seu interesse directo. Mais ainda e para pior: para além de estar a
provocar uma constante deflação na propriedade no país, uma desvalorização
diária, está a contribuir para o empobrecimento da riqueza nacional e para a falência de centenas de agentes imobiliários.
Como é que esta situação pode continuar? Estaremos mesmo num estado de Direito?
Direito para quem? Só se for mesmo para os bancos. É difícil de verificar que
estamos perante um aberrante assalto, uma escandalosa injustiça, um
indiscriminado enriquecimento sem causa dos bancos? Salve-se, ao menos, por
agora, esta decisão do Tribunal de Portalegre.
"O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.
As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada."
Este extracto sobre o BCE foi retirado de aqui. Para ler tudo aceda ao link: http://apodrecetuga.blogspot.com/2012/04/reformas-milionarias-jardim-tem-reforma.html#ixzz1tSCSSSke"
"O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.
As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada."
Este extracto sobre o BCE foi retirado de aqui. Para ler tudo aceda ao link: http://apodrecetuga.blogspot.com/2012/04/reformas-milionarias-jardim-tem-reforma.html#ixzz1tSCSSSke"
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