terça-feira, 11 de novembro de 2008
UMA PEDRADA NO CHARCO
“Junta demite-se em protesto contra “favores” na câmara".
“Está demissionário o executivo da Junta de Freguesia de Almalaguês. Tudo porque um projecto privado teve “luz verde” da câmara para avançar à frente de outros”. Título e subtítulo do Diário as Beiras de hoje.
Continuando a citar o jornal, “O presidente da Câmara de Coimbra foi ontem à noite, de emergência, a Almalaguês, procurar “deitar água na fervura”, num caso que está a “incendiar” a vida política local. Tudo porque o executivo da junta de freguesia apresentou a sua demissão, em bloco, em protesto contra uma estranha “aceleração”, imprimida a uma obra particular, para a qual, aparentemente, terá havido “empurrão” de alguém, no interior dos serviços camarários”.
Conheço Victor Costa, já falámos algumas vezes, e a impressão que tenho dele, para além de edil, é que é um homem sensível aos problemas da freguesia e recto. Sem nunca perder de vista os interesses colectivos das pequenas localidades e nomeadamente dos seus fregueses, tendo em conta que Almalaguês é uma zona rural com bastantes carências. O que me parece, e falei com ele há relativo pouco tempo, é que é um autarca atento, e isso, nos tempos que correm, é fundamental.
Quanto ao acto de rompimento com a Câmara Municipal, sendo da mesma cor política partidária, só vem mostrar, quanto a mim, a independência de Victor Costa.
Era bom que outros presidentes de junta, por esse país fora, que mais não passam do que funcionários-partidários de segunda e procedem como animais amestrados dos presidentes das câmaras a que pertencem, sempre de mão estendida de forma subserviente, vissem este exemplo do edil de Almalaguês.
Por outro lado, este autarca, vem colocar a nu, a pouca consideração que as autarquias têm pelos “governos locais” que superintendem e sabem “in loco” os problemas de cada residente na freguesia. As juntas de freguesia, a nível nacional, desde sempre foram considerados filhos de um Deus menor. Talvez, por isso, a Assembleia Municipal de Coimbra seja um plenário quase sem vozes reivindicativas. Quem assista a este hemiciclo, facilmente constata que são quase sempre os mesmos a intervir e que poucos ousam enfrentar o presidente do seu partido. Nota-se, naquele Salão Nobre uma “paz podre” que urge fazer implodir.
Qualquer cidadão comum, preocupado com a contínua degradação da vida política, sabe que tem, obrigatoriamente, de emergir um “homo-politicus” novo, mais preocupado com o colectivo e menos com o seu umbigo e interesses pessoais e partidários.
E o gesto, de rompimento abrupto contra o sistémico, de Victor Costa, caminha nesse sentido, e, quase sem o sentir, vem aumentar a esperança de que nem tudo estará perdido.
O futuro, por muito que desdenhemos dos políticos, é neles que reside um amanhã e um futuro melhor. Evidentemente que a esperança vai para quem, duma forma altruísta, troque a militância e a subserviência partidária pelo servir o próximo, o colectivo, o povo, como vulgarmente se invoca.
Tenhamos esperança, entre o trigo e o joio, o bom grão ressurgirá. Não resta mesmo outro caminho.
Uma grande salva de palmas para Victor Costa e para todo o seu executivo de Almalaguês.
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