quarta-feira, 5 de novembro de 2008
ENCERROU A MECA DO COMÉRCIO TRADICIONAL
As “Galerias Coimbra” e o “Traje” estavam para o comércio tradicional da Baixa como está Meca para os muçulmanos. Estas duas casas comerciais simbolizavam o padrão, a infra-estrutura de uma fé que a racionalidade não explica.
A firma José dos Santos Coimbra, Lª, a que pertenciam estes dois estabelecimentos tem (tinha) cerca de cinquenta anos de existência nesta zona histórica da cidade. Estavam implantados na Rua Eduardo Coelho, junto à Praça do Comércio. Tal como Maomé nasceu em Meca em 570, e, nesta cidade, fundou uma religião das mais importantes do mundo islâmico, também, por volta de 1950, o senhor Coimbra praticamente “renasceu” para a vida comercial e criou um exemplo a seguir para o desenvolvimento da cidade. Homem controverso, de vontade indomável –que conheci muito bem e fui seu empregado durante 9 anos-, começou de marçano e criou uma fortuna completamente a pulso. Finou-se no virar do século, em 2000. Chegou a ter 38 empregados. As suas casas comerciais foram, para a maioria de comerciantes estabelecidos hoje na cidade, a grande faculdade empírica comercial. Foi ali que começaram o “bê-à-bá” e de lá saíram formados para a vida.
Em 2004, com a firma já na posse dos seus filhos, tinha 25 empregados. Actualmente tinha 8 funcionários.
Na segunda-feira, 3 de Novembro, foi descerrada a lápide numa história de sucesso empresarial. Se escrevesse um epitáfio, escreveria: o sonho faz nascer, a audácia e o trabalho faz crescer, a morte, como sorte ou castigo, faz desaparecer.
Dizer-vos que este “apagão” é uma perda irreparável para a Baixa é muito pouco. Neste momento, em que sentimos, nestes encerramentos, ir-se um pouco de todos nós, é triste, muito triste mesmo. Só quem, como eu, por lá passou, sente a tristeza que me vai na alma.
Podem crer: a Baixa está de luto e muito mais pobre. Morreu o “ícone” paradigmático da sua “religião”.
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1 comentário:
Mais uma derrocada assinalável...
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