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O cão parece dormir,
num sono solto inocente,
parece que está a fingir,
como não sentisse a gente,
que o dono está a mentir;
“Ajudem o aleijadinho”,
repete o homem mil vezes,
quem passa diz “coitadinho”,
pensa o cão: ai portugueses!,
não vos custa o dinheirinho;
Mas o homem está a sorrir,
de toda a gente que passa,
parece até quase sentir,
a pena como desgraça,
da desgraça, parece rir;
E o cão, numa sesta de meio-dia,
vai ajudando o companheiro,
sentindo uma imensa alegria,
sempre que cai um dinheiro,
pisca um olho em fantasia;
O dono, com um braço deformado,
expõe-no, como obra de arte,
ali, no canto da rua, faz de aleijado,
quando conseguir a verba, parte,
vai cantarolar, parecendo consolado;
O cão, dividido, entre a arte e a fraqueza,
olha o dono, olha o “totó” caridoso,
dorme porque não tem a certeza,
qual deles é o mais manhoso,
nesta terra portuguesa.
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