segunda-feira, 21 de março de 2011

ABRIU O HIPER 99





 Abriu hoje, no antigo espaço das desaparecidas Galerias Coimbra, o “Hiper 99”. Trata-se de um estabelecimento magnífico, muito leve e com muita luz, com venda de artigos de pronto-a-vestir, carteiras e sapataria.
Segundo Chen, de origem chinesa, “é uma aposta que estamos a fazer em Coimbra. Já temos uma outra loja na Figueira da Foz, de modo que entendemos que a cidade merecia ter bons artigos como os que vendemos. Para além de termos qualidade tentamos associar ao bom preço. Estou muito contente por estar aqui nesta bonita cidade do Mondego. Noto que são pessoas muito respeitadoras”.
Foram criados 3 novos postos de trabalho.
Se posso falar assim, em nome de todos, felicidades para o Chen e toda a sua família para que tenha um grande e merecido sucesso. Tal como todos os comerciantes nacionais, primeiro arrisca-se, tentando a sorte, e depois petisca-se. Sempre assim foi e assim será. O comércio é uma actividade mutante que estará sempre presente onde houver uma necessidade.

A HERANÇA DO CHEN

 As Galerias Coimbra, até há cerca de dois anos, foram a grande universidade de comércio da cidade. Pela mão do já desaparecido e grande comerciante José dos Santos Coimbra, um marçano vindo de Friumes, Penacova, esta grande casa comercial abriu ao público em 1974.
José Coimbra veio trabalhar na década de 1940 para a Casa Confiança, na Praça do Comércio, propriedade do Senhor Abílio, um comerciante já desaparecido há décadas. 
Nos anos de 1950 viria a estabelecer-se no prédio vizinho e que viria a chamar-se “Casa São Tiago”, em homenagem à igreja com o mesmo nome e mesmo em frente. Apesar das suas origens humildes, homem de grande firmeza intelectual e visão para o negócio, soube impor-se durante mais de meio século numa cidade meio adormecida comercialmente.
Para meu grande prazer –porque foi lá que aprendi quase tudo no que respeita ao comércio- conheci muito bem este grande homem de negócios. Trabalhei nesta grande firma comercial de 1973 a 1982. Por esta altura, o Senhor Coimbra, dono de vários estabelecimentos na Baixa, chegou a ter cerca de 40 funcionários. Nesta pequena homenagem sentida relembro apenas alguns dos meus anteriores colegas e grandes vendedores –do melhor que havia na cidade-, o Gonçalves, o António, o Rui, o Carlos, o Sereno, o Valdemar, o José Alberto, o António Gomes António, a Adélia, a Edite e a irmã Olinda –recentemente falecida-, a Filomena e tantos outros que passaram por esta escola de vida.
José dos Santos Coimbra morreu por volta do virar do milénio. Por essa razão e também pela democratização do comércio, que, deslocalizando a oferta, esvaziou o Centro Histórico de atractividade central, progressivamente, esta firma foi-se afundando no lodaçal da conjuntura económica. Encerrou há cerca de dois anos, sem pompa, sem glória e sem circunstância.
Hoje, ao ver as portas abertas novamente das ex-Galerias Coimbra, ainda que seja por um imigrante chinês, com franqueza, fico contente. Tenho a certeza que todas as pessoas que por lá passaram, ao entrar lá novamente, ficarão tocados pela saudade como eu fiquei. Onde quer que esteja, acredito que o velho José Coimbra, apesar de nada ter sido como idealizou, estará a sorrir.


Se quiser ler mais temas relacionados com esta grande casa, pode clicar em cima:


http://questoesnacionais.blogspot.com/2008/11/encerrou-meca-do-comrcio-tradicional.html


http://questoesnacionais.blogspot.com/2011/01/se-esta-rua-fosse-minha-rua-eduardo.html


http://questoesnacionais.blogspot.com/2010/10/praca-do-comercio-chinatown-da-cidade.html


http://questoesnacionais.blogspot.com/2008/04/as-galerias-coimbra-encerram.html


http://questoesnacionais.blogspot.com/2008/04/quo-vadis-comrcio-tradicional.html

http://questoesnacionais.blogspot.com/2008/12/comrcio-uma-tentativa-de-partir-do_15.html

http://questoesnacionais.blogspot.com/2008/12/comrcio-uma-tentativa-de-partir-do.html

http://questoesnacionais.blogspot.com/2008/12/uma-tentativa-de-partir-do-passado.html

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