quarta-feira, 23 de março de 2011

"PALAVRA DE EMPRESÁRIO"...IN DIÁRIO AS BEIRAS







  Ontem o Diário as Beiras, na rubrica diária "Palavra de Empresário", fez o favor de me fazer uma pequena entrevista. Não por eu ser um grande empresário, nada disso e antes pelo contrário, mas, certamente, por entender que, na pluralidade de opiniões, estes contributos são importantes na construção de uma cidade que é de todos. Ora estas pequenas conferências -em que o jornal vai ao encontro do cidadão anónimo-, quanto a mim, é um bom serviço que este título de informação está a desenvolver. Tenho escrito muitas vezes que um dos principais divórcios entre a sociedade civil e um jornal é a dificuldade em ser ouvido pelo periódico. Se bem que os jornais locais, quanto a isto, naturalmente serão mais abertos. Já os títulos nacionais, para chegar até eles é uma desgraça. É mais fácil beijar a mão ao Papa. Refiro, nomeadamente, a "página do leitor". Por mim escrevo, o surgimento dos blogues, para quem gosta de escrever, foi mesmo uma maravilha. Os jornais não entendem que, ao publicarem os desabafos dos cidadãos -para além de dever ser um imperativo categórico de cidadania-, estão a receber gratuitamente no regaço notícias de um largo, rua, ou do país, sem terem de desenvolver qualquer esforço financeiro para isso. O que disponibilizam é simplesmente espaço na edição diária ou semanal.
Bom mas, como sempre, acabei por me dispersar. Queria então dizer que na entrevista ao Diário as Beiras, certamente por razões de paginação, não veio tudo o que eu disse. Não é que as asneiras que plasmei sejam muito importantes -antes pelo contrário...são asneiras, pronto!-, mas, já agora atrevo-me a publicar aqui tudo o que eu disse. Se tiver pachorra de Jó...leia:



Pergunta do Diário as Beiras- A abertura de uma loja na Baixa será um bom sinal?


Resposta -É sempre um bom sinal, e mesmo que o proprietário seja de ascendência chinesa. Perante o elevado número de estabelecimentos encerrados –e na escolha entre uma montra entaipada e aberta ao público- é de abrir os braços em forma de abraço ao novo locatário que vem enriquecer com a sua presença e acredita na revitalização do Centro Histórico.

P -O encerramento de lojas é sinal da crise ou da falta de preparação dos empresários?

R -A resposta não será tão linear quanto parece. Para além do preto e branco há um campo cinzento que não pode ser esquecido. Ou seja, se por um lado a crise condena à morte milhares de estabelecimentos. Por outro, sabe-se que muitas vezes os empresários ao escolherem o que é mais fácil, indo atrás do sucesso do vizinho, para além de condicionarem o seu próprio amanhã, sentenciam o futuro do colectivo. Porém, há uma premissa essencial: em nome da liberdade individual não pode valer tudo. Através de lei substantiva, alterando o texto constitucional, as autarquias têm de meter as mãos na massa, desenvolvendo políticas de urbanismo comercial, e salvaguardar a cidade, que é de todos, de actividades que lhe serão perniciosas por serem mais do mesmo e obstaculizar o seu desenvolvimento harmonioso na diversidade.

P -Qual a principal medida que preconiza para a revitalização da Baixa?

R -Não haverá apenas uma principal mas várias. No entanto, no vértice da pirâmide, como cancro dos Centros Históricos, nomeio um anacrónico (Novo) Regime de Arrendamento Urbano. Enquanto persistirem locados com rendas antigas de 5 euros, em completo desrespeito pela propriedade privada, poucos senhorios estarão tentados a recuperarem os seus locados e a contribuírem para uma cidade mais equilibrada, justa e atractiva. Por muito que entenda e reconheça esta retracção na procura comercial, é injusto que duas lojas lado a lado, com as mesmas características, uma pague de renda mensal 100 euros e outra 1250.

P - A Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) deveria realizar mais iniciativas?

R -Como conheço relativamente as dificuldades financeiras da APBC seria injusto se, de ânimo leve, afirmasse tão-somente que esta entidade deveria realizar mais iniciativas. O que se tem feito, embora pareça sempre pouco aos nossos olhos, é realizado com grande entrega e dedicação por pessoas que, sacrificando o seu tempo, fazem o melhor que podem e sabem.

1 comentário:

Sónia da Veiga disse...

Entrevistas dia sim, dia sim!!! ;-)

É merecido o interesse em quem se interessa pelos outros!
Parabéns Luís!!!

E muito bem respondido!