Entramos então no século XXI. O Comércio tradicional começa já a mostrar “falta de cálcio nos ossos”. A sua arteriosclerose múltipla começa a mostrar cada vez mais uma debilidade maior. O Governo de António Guterres, prevendo o que iria acontecer, com a ajuda europeia lança o primeiro pacote de ajuda ao comércio, o Procom.
Entretanto em Coimbra, a norte, abre o Retail-Parque de Eiras, a seguir, a sul, abre o de Taveiro, depois, a este e oeste, o Centro Comercial Dolce-Vita e o Fórum-Coimbra. Ou seja, a cidade fica rodeada de grandes catedrais de consumo. Sem contar com várias médias superfícies espalhadas dentro da urbe.
A título de dado histórico, surgem os estabelecimentos chineses que, para além de outros negócios, “rebentam” com as lojas de “300”.
Como se sabe, a partir de 2002, com o “discurso da tanga”, de Durão Barroso, começa a maior crise económica de que há memória. Contrariando todos os princípios económicos –de que quando a procura diminui a oferta segue-lhe o mesmo passo-, as grandes superfícies continuam a aumentar a oferta. E aqui, nesta oferta em barda, começamos a assistir a uma nova variação de fluxos: começam a ser construídos grandes e médios espaços de consumo nas cidades em redor, como por exemplo Viseu, Guarda, Castelo Branco, Cantanhede, Mealhada. Assim como nas vilas em redor da Lusatenas, como por exemplo, Lousã, Miranda do Corvo, começam a ser construídas médias superfícies. Ou seja, se por um lado estas aberturas localizadas rebentaram com o que restava do comércio local nestas localidades, por outro lado, do mesmo modo, assistimos a um fenómeno curioso: hoje as pessoas destas zonas não se deslocam a Coimbra por causa das suas grandes superfícies. Se vêm à cidade será por questões médicas ou outras, e, neste caso, vêem directamente ao centro histórico.
Então o quero dizer com isto tudo? Muito simples: hoje, tendo em conta que a demografia da cidade não cresceu, antes pelo contrário, é fácil de chegar à conclusão de que há em Coimbra demasiada oferta comercial no tocante às grandes superfícies. Estou convencido que os próximos cinco anos irão ser demolidores para estes mastodônticos centros de consumo.
Os seus custos de manutenção irão ditar a sua morte. Claro que se poderá perguntar: e quem, nos cascos históricos, aguenta mais cinco anos? Essa é a questão. Uma coisa é fácil de adivinhar, todo o centro histórico vai sofrer uma profunda metamorfose. Metade das lojas de sapatos e roupa, inevitavelmente irão desaparecer, dando lugar a negócios alternativos de vanguarda, como por exemplo, artesanato, livrarias, antiguidades, galerias de arte e muitos estabelecimentos de hotelaria, como cafés-concerto, pequenas tasquinhas típicas. Todos estes ramos de negócio estarão abertos pela noite dentro.
Claro que nada disto se fará sem a ajuda interessada da autarquia, sobretudo no repovoamento desta zona histórica, mas tudo indica que as pessoas irão regressar ao centro pelos seus baixos custos de mobilidade. Por isso “prevejo” um prazo de cinco anos. Em 2013 será ano de eleições e, politicamente, acredito que muita coisa vai mudar para melhor no país.
Não sei se o que escrevi fará algum sentido para si. Olhe, se não faz, deixe lá! Esta consulta de tentativa de presciência (adivinhação) foi de borla. Uma coisa lhe digo: o que escrevi foi com profunda convicção. Acredito mesmo.
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