MUITO TRABALHO DOCE COM SABOR AMARGO

  Às 17 horas foi inaugurada uma exposição de trabalhos em chocolate e açúcar na Junta de Freguesia de São Bartolomeu da autoria de Lúcio Borges. Este artista, pasteleiro de profissão e um dos proprietários da Pastelaria da Moeda, na Baixa de Coimbra, é já reincidente e sobejamente conhecido em várias mostras na cidade e no país.
As obras apresentadas no salão da junta, desde o Paço das Escolas, até um estádio de Futebol, são de um realismo impressionante. “Estas preciosidades são para mim como filhas. Foram muitas horas. Por exemplo, a Universidade, constituída por 40 quilos de açúcar, 4 quilos de amido, 2 quilos de gelatina, demorei mais de 1200 horas, e durante cerca de três anos, a construir esta peça única. Se não fosse valiosa a companhia de seguros não a teria segurado no valor de 25 mil euros", conta-me o meu amigo Lúcio.
O Borges, apesar de ter uma ligação umbilical a todas estas obras tenciona oferecê-las. Uma já foi doada ao Museu da Água, outra à Câmara Municipal e outra, em princípio, à Universidade.
Mas o meu amigo Lúcio, neste dia que deveria ser de contentamento, está profundamente triste. “Veja lá que convidei a vereadora da Cultura –ainda de manhã enviei um e-mail a relembrar o convite feito anteriormente- e não vem. Há dias, também por e-mail, convidei o magnífico Reitor para vir à minha exposição, com intenção de oferecer o meu trabalho sobre o paço das faculdades. Pois liguei logo de manhã e a secretária disse que o senhor Reitor não poderia vir por uma questão de agenda. Já viu isto? É um enorme desrespeito pelo meu trabalho. Nem oferecido! Como é que podemos ter pessoas assim, sem sensibilidade, à frente de instituições culturais? Mas, vai ver, daqui a uns dias, quando precisarem de mim para eu ir expor ai num qualquer certame, lá vêm eles de pantufas. Não sei, sinceramente, se tornarei a colaborar com pessoas que só me conhecem para me “usar”. Bolas! Eu não peço nada –pelo contrário, ofereço. Eu faço esta arte “pro bono”! É simplesmente inqualificável. Não tenho palavras”, enfatiza o Lúcio Borges.
Apesar de poucos notáveis na inauguração, poderiam ver-se três ou quatro presidentes de junta, incluindo o anfitrião Carlos Clemente, e Carlos Cidade, vereador eleito pelo Partido Socialista no executivo municipal.
Clemente, presidente da junta realizadora do evento, o motor desta mostra doce na Baixa, estava inconsolável. “já viu? Isto é um profundo desrespeito do executivo de Carlos Encarnação” –saliento, que entretanto enviaram um representante, Miguel Queirós. “Olhe que da vereadora da Cultura nem uma palavra. É assim que a senhora vereadora pretende acarinhar a cultura? Este comportamento é profundamente desrespeitoso, quer para mim –que não faço mais pela Baixa porque não posso- quer para o Lúcio que gratuitamente trabalha no engrandecimento do Centro Histórico”, desabafa Carlos Clemente, no meio de um suspiro de desalento.