segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A COLUNA DO JORGE...


Parar para reflectir…


A vida de grande parte das pessoas é tão fútil, medíocre e vazia, humanamente falando, que é como se estivessem a construir uma morada definitiva aqui na terra, girando tudo em torno de preocupações meramente materiais e sociais, em busca de status quo. Esquecem-se que estamos aqui de passagem, e que não sabemos o dia nem a hora da partida.
Se todos soubéssemos o que buscamos, na enfermidade que nos envolve, ansiosos e depressivos.
Todos sabemos que, mesmo acompanhados, por vezes sentimo-nos sós, tornando o mundo mais frio e desumanizado. Daí que a eterna insatisfação que radica no mais fundo do nosso ser, se deva ao facto de não estabelecermos relações satisfatórias connosco mesmos, à medida que vamos deixando morrer a criança que vive no fundo do mais fundo de nós, e que queremos calar a toda a hora, quando ela nos chama à atenção para as coisas simples e belas da vida.
A maior parte das pessoas deixou de se entusiasmar com tudo o que o dia-a-dia lhe ofereceu sem, contudo, se afastar da realidade. Deixou de sentir aquela vibração interior que nos faz o olhar sempre mais longe e mais alto e estar atento, entusiasmado e motivado, ao puzzle da vida pessoal. Deixou de se preocupar em encontrar o seu caminho, e ir construindo o seu próprio destino, encontrando o seu lugar no mundo. E, por isso, perdeu a noção de sentido da sua vida e, muitas vezes, acha que ela não presta e, por isso, não merece ser vivida.
Outras vezes, este ser insatisfeito vive no passado, que já não existe, remoendo tudo aquilo que não conseguiu perdoar a si mesmo e/ou aos outros, não aproveitando o que o presente lhe oferece... ou então vive preocupado com o futuro, que ainda não chegou. Ou seja, não vive com qualidade, mas arrasta-se no quotidiano da sua existência lamurienta, em que só fala de doenças, de mortes, de sofrimentos, queixando-se de tudo e de todos, vendo sempre o lado negativo, ou raras as vezes, o positivo, que sempre há, em qualquer situação. Tudo depende do nosso olhar!
Vivemos uma cultura negativista, que transmite mal-estar e descrença, em que o desânimo parece subjugar a nossa faculdade de pensar. A maioria vive numa lamúria permanente e raros são aqueles que partilham as suas vitórias e sucessos com os mais próximos, como se não tivéssemos direito de gozar os nossos momentos de bem-estar.
Raramente a nossa lista de prioridades diárias se lembra de repetir coisas que nos dêem prazer e entusiasmo, permitindo-nos saborear a vida como uma eterna e fascinante descoberta permanente.
Quanto mais cuidarmos de nós mesmos, através duma relação intrapessoal satisfatória, mais aptos estaremos para nos relacionarmos com qualidade com os outros, no imenso deserto relacional que é, muitas vezes (ou quase sempre), a vida citadina.
Todos precisamos de mergulhar as nossas vidas no mundo dos afectos, partilhando-os com aqueles que o nosso coração elegeu.
Quantas vezes não nos surpreendemos, aflitos, sem vontade para nada, desmotivados, afundando-nos em negativismos, sem chegarmos a conclusão alguma, sentindo-nos esmagados, com um tremendo peso no coração?
Esquecemo-nos que a nossa vida é imenso novelo de momentos de plenitude... mas que tem que ser cada um de nós a encontrar a ponta do fio condutor da felicidade.
Espero que gostem... Acho que dá mesmo para parar e reflectir!

Jorge Neves
jmfncriativo@gmail.com

1 comentário:

LUIS FERNANDES disse...

Está um bonito texto. Muito profundo. Gostei mesmo muito, sem favor.
Parabéns Jorge.
Continue a escrever. Tenho muito gosto em publicar aqui as suas reflecções.
Abraço.