terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O NATAL DE TANTOS ENGANOS





Estou sentado naquele banco,
virado para a rua de cima,
não sinto o frio gelado do clima,
nem os rostos fechados de flanco;
Já nem conto os “Feliz Natal”,
tantas frases de vulgaridade,
não deixam rasto de saudade,
nesta selva de cidadania animal;
Olho as gentes, pergunto a mim,
o que quero mesmo, afinal,
que prenda neste Natal,
daria a mim próprio, assim;
Escolheria um sentimento
que pudesse tudo apagar,
nascer hoje, sem recordar,
a tristeza gravada no tempo;
Já fiz um pouco de tudo,
dei vida, vendi-me, matei,
por necessidade, roubei,
por uma moeda de escudo;
Talvez eu seja três em um,
num, aquele, que gostaria de ser,
outro que se esforça por ter,
e outro diferente de mais nenhum;
Aqui, somos todos viajantes,
à procura de um vento norte
que nos leve, nos transporte,
para outras terras distantes;
Neste mês de nascimento,
tornamo-nos mais humanos,
pastorinhos de mil enganos,
à espera de outro momento;
E quando o Natal passar,
voltamos ao que sempre fomos,
parte que não reparte em gomos,
bestas cruéis a assassinar.



1 comentário:

Anónimo disse...

A melhor prenda de Natal´é dar-mos um pouco de nós a quem mais precisa.