segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
O INDISFARÇÁVEL PESO DA VIDA...
Ao longo da grande avenida,
caminhava uma velhinha,
tão curvada, coitadinha,
parecia pesar-lhe a vida;
Olhava as pedras do chão,
como que contando passos,
talvez procurando laços,
em busca de explicação;
Só a pomba parece abismada
pela tristeza do seu olhar,
ninguém parece se importar,
nem as pedras da calçada;
Mas a velhinha não sente,
a solidão carregada,
tem a alma calejada,
só o seu rosto não mente;
Ao lado num carro, alguém
abre a porta no momento,
sem reparar no alento
que a velhinha não tem;
Seus passos são sobre a linha,
em contorcionismo de ilusão,
à espera de ver uma mão
estendida numa pedrinha;
Vai olhando para o chão,
nem ousa fixar de frente,
mesmo que queira ou tente,
só encontra a solidão;
Hoje são catorze de tal,
Dezembro de dois mil e nove,
se chorar, ninguém se comove,
nem o facto de ser mês de Natal.
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