quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

UM EDIL A ESCREVER...



PARA COIMBRA




Em todas as eleições autárquicas os habitantes de Coimbra são confrontados, pelos diferentes candidatos, com os problemas da cidade. São jardins, parques temáticos, transportes, novos acessos e a recuperação urbana da baixinha.
No entanto, todos os quatro anos os problemas são os mesmos, quando não mais graves: maior número de automóveis, mais trânsito, mas menos habitantes. Mais buracos nas ruas, mais lixam, passeios mais reduzidos e maior dificuldade de estacionamento. Mais barulho e subida de todos os índices de poluição. Um sentimento de desleixo e fracasso continuado.
Compreender o fenómeno implica pôr em causa o cerne das políticas seguidas até aqui. De grandes ideias e planos pensados ao mais ínfimo dos pormenores. Coimbra não precisa que se force os habitantes a voltar à Baixa e a fazerem compras no Centro Histórico como se ainda vivessem nos meados do século XX. Coimbra necessita de pessoas, da sua liberdade e dos efeitos benéficos que advém do seu uso. O que a cidade precisa é de dar poder aos cidadãos.
A zona da Baixa: esta, não se reabilita porque uma minoria, que tem poder e influência, o quer. Só se reabilita esta zona velha, se for concedido poder decisório aos habitantes e comerciantes. Uma coisa é certa: ninguém virá à Baixa fazer compras só porque há 50 anos os seus pais e avós o faziam. Ninguém se sacrificará ao ponto de querer fazer renascer um espírito e modo de vida que já não existe. Esta zona monumental voltará a ser o centro da cidade se os conimbricenses virem nisso alguma conveniência, porque foi por ter sido conveniente que a Baixa foi famosa no passado. Gastar milhões em projectos com o intuito de incentivar as pessoas a virem aqui é uma política condenada ao fracasso. Apostar no planeamento centralizado de pontos de atracção não só é um atentado à livre circulação das pessoas, ao livre investimento dos empresários, como prejudica os interesses de quem assumiu o risco de investir noutras zonas da cidade e, com o fruto do seu trabalho, paga os impostos que financiam a autarquia.
Uma cidade é feita de indivíduos, famílias e os mais variados grupos de que as pessoas entenderem criar. É com elas que é preciso contar e é a elas que se deve dar um maior poder decisório. Infelizmente, não parece ter sido este o entendimento do anterior e do actual executivo autárquico.


Jorge Neves
Independente no Bloco de Esquerda
Assembleia Freguesia São Bartolomeu

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