segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

CONVERSA DE CAFÉ...





Estou sentado a ler o Diário de Coimbra e a tomar o meu café da manhã. Na mesa ao meu lado, três trabalhadoras do comércio comentam o assunto do dia: a greve dos transportes. Diz uma:
-Realmente, embora provoque muito prejuízo no comércio da Baixa, temos de admitir que a greve é um direito inalienável de todos os trabalhadores…
-O quê? Não me digas que estás ao lado desses gajos, que estão a contribuir para nós sermos despedidas? Diz outra.
-Calma! –Tenta a primeira contemporizar. Devemos ser justos. Nem me deixaste acabar. O queria dizer é que entendo as reivindicações das partes. O que me custa aceitar são as posições extremadas…
-Ó pá, fogo, desembucha! Deve ser por ser Segunda-feira, dá-te para filosofar! Pareces o Cavaco nas comunicações ao País. Nunca se percebe nada do que ele quer dizer –diz outra.
-O que quero dizer –volta a primeira à carga- é que se o direito à greve é intransmissível, no sentido do respeito fundamental que lhe devemos, também os grevistas têm obrigação de respeitar quem não concorda com a paralisação…
-O que é que te faz concluir que eles não respeitam quem não quer fazer, interroga outra.
-Olha porque o meu cunhado não faz. Ele e os restantes contratados, fazem parte dos 20 por cento que não subscreveram a imobilização e sabes o que fizeram os grevistas?
- ??? (pressentiu-se o olhar de curiosidade naquela pequena mesa, como se a interlocutora, de repente, se transformasse em diamante e o seu brilho ofuscasse).
-Os grevistas ameaçaram os “dissensores” de que lhes riscariam os seus carros no parque dos SMTUC. Alguns dos desalinhados foram à PSP pedir protecção…não sei se a polícia mandou algum agente para o parque de viaturas. Isto é uma violência e um desrespeito pela lei da greve…
-Ó pá, a sério? Isso é que são uma cambada! Dizem as outras duas em coro.

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