sábado, 26 de dezembro de 2009
EDITORIAL: DIZER BEM, MESMO QUE MUITO CUSTE A ALGUÉM
O Diário as Beiras de hoje publica uma reportagem, “A Baixa está a recuperar a olhos vistos”, assinada pela Patrícia Cruz Almeida, em que, em nome de todos os comerciantes, foi contactado apenas Armindo Gaspar, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra.
Antes de continuar, como ressalva de interesses, conheço bem as duas pessoas que cito, até me atrevo a dizer que os tenho como amigos. Porém, e colocando essa premissa sentimental de lado, tenho de escrever que estamos perante um mau trabalho jornalístico e um medíocre desempenho de uma pessoa que, estando à frente de uma entidade de defesa de um grupo, por si só, se outorga no direito de afirmar uma verdade que é no mínimo questionável.
Antes de continuar, para se perceber melhor o que defendo, vamos à transcrição do jornal. “Quando sopram os ventos da crise, os estabelecimentos mais baratos costumam ser menos afectados, já que é a eles que recorre quem tem pouco dinheiro para gastar. Este ano, porém, a Baixa parece ter recuperado um pouco do seu fôlego.
“Atendendo ao contexto de crise que se vive, as vendas no comércio tradicional não foram tão más como esperávamos”, disse ao Diário as Beiras Armindo Gaspar (…).
Continuando a citar o diário e Armindo Gaspar, “não houve tanto desequilíbrio como se estava à espera”. Recorde-se que este ano, a Baixa ofereceu um presente especial aos seus visitantes, tendo-se transformado num enorme parque de diversões. Além de um mini-comboio que conduziu as crianças pela zona histórica da cidade, na Praça do Comércio esteve instalada uma tenda gigante de 450 metros quadrados. Foi, de acordo com Armindo Gaspar, o maior espaço alguma vez criado na Baixa de Coimbra. Lá dentro, as crianças puderam, nos dias que antecederam o dia de Natal, descobrir “um mundo fantástico” de diversões: uma mini-pista de patinagem, um mini-campo de golfe e três trampolins. Cá fora, um insuflável gigante fez as delícias da pequenada (…) “A Baixa está a recuperar a olhos vistos”, reconheceu o presidente da APBC.
Ora, em análise, vamos por partes. Se esta peça pretendia enaltecer o trabalho do meu amigo Gaspar à frente da APBC, a ser assim, estará tudo bem. O problema, a meu ver, é quando ele, arvorando-se na “vox populis”, afirma que “as vendas no comércio tradicional não foram tão más como esperávamos”. E mais: “A Baixa está a recuperar a olhos vistos”.
Se a primeira é uma tremenda mentira, a segunda é uma grandessíssima aldrabice.
Já aqui escrevi muitas vezes –sobretudo aquando dos assaltos a estabelecimentos- que os representantes dos organismos de defesa do comércio da cidade, têm tendência a querer tapar o sol com a peneira. O pensamento destas pessoas é a de que se se disser a verdade os poucos consumidores que vêm à Baixa deixarão de vir. Ou seja, em favor de uma minoria que está razoavelmente bem, transmite-se uma ideia de bem-estar que, na prática, não existe. Claro que a maioria, que está mal e sentindo-se discriminada na sua defesa, olha para estas declarações como se estivesse noutro planeta.
É que aparentemente até está correcta. Andamos todos fartos de negativismo. O problema começa quando logo a seguir a estas declarações se assiste a mais falências e lojas a encerrar no comércio. Perante o claudicar contínuo de mais estabelecimentos que moralidade assistirá a estes representantes para virem logo a seguir exigir providências cautelares?
A Baixa precisa com urgência de um estudo económico profundo. Esta greve de transportes urbanos deu para ver que quem compra no Centro Histórico é um consumidor envelhecido e de fraco poder financeiro. É preciso questionar o que vai acontecer as estas zonas quando estes clientes idosos morrerem? Os seus filhos e netos não têm hábitos de comprar aqui. Por outro lado, assiste-se, cada vez mais a um esvaziar de serviços públicos nestas áreas. Repare-se o que está acontecer com o fluxo de comboios à Estação-Nova e que, presumivelmente, em Junho, se extinguirá de vez –aqui tenho de enaltecer as palavras avisadas de Carlos Encarnação, presidente da Câmara, acerca deste assunto. E as estruturas de defesa dos comerciantes, que esperam para exigir à CP e à Refer mais respeito pelos postos de trabalho da Baixa?
Em vez disso, como é agora o caso do presidente da APBC, entretêm-se em vangloriar-se do que fazem e dispararem umas bolas de fumo para o ar para tapar as nuvens negras e o vendaval que aí virá.
Quanto ao trabalho da minha amiga Patrícia, quanto a mim, a negligência estará exactamente em ter ouvido apenas uma pessoa. Claro que as afirmações recaem sempre sobre quem as faz, no entanto, porque não ouviu outros comerciantes da Baixa a jornalista do Diário as Beiras?
Eu tenho uma tese: a culpa nem será dela –porque é muito competente, afirmo-o sem favor. É que hoje, devido aos custos operacionais, o (mau) jornalismo que se faz é pelo telefone. Não há tempo para fazer reportagem na rua. Esse é o verdadeiro problema. É uma opinião…
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6 comentários:
A mim parece-me que chegar a uma conclusão desta ordem tendo em conta apenas estes últimos dias é capaz de ser um bocado abusivo. Independentemente de estarmos a viver um período de crise, é de esperar que no Natal o consumo aumente, ainda que, eventualmente, em menores proporções do que há uns anos atrás (quando não estavamos em crise). Não será, por isso, de estranhar um aumento de afluência de pessoas à baixa nesta altura. Extrapolar este fenómeno para o resto do ano é que não me parece correcto. Por vários motivos:
1. Durante o resto do ano, a afluência de pessoas às lojas da baixa será certamente menor do que por alturas do Natal;
2. Durante o resto do ano, a Baixa não tem à disposição as animações e o entretenimento que tem durante a altura do Natal. Ou eu tenho andado ceguinho, ou fora da época natalícia não se vêem mini-comboios a transportar crianças pela zona histórica, nem pistas de patinagem ou mini-campos de gofle na Praça do Comércio (ou em qualquer outro sítio). Ou seja, durante o resto do ano, a Baixa de Coimbra é praticamente esquecida. Este tipo de actividades, que devia ser valorizado e melhorado durante todo o ano, só tem lugar agora.
Cumprimentos,
Nuno.
Srº Luis, assino por baixo as suas palavras.Agora falando eu, ou melhor escrevendo, tenho de dizer que me parece que APBC,mais parace uma revista do jet-set, sem duvida que a tenda foi uma boa iniciativa, pena de estar colocada no sitio que estava, precisamente no mesmo sitio da pista de gelo artificial do ano passsado, o srº sabe o bem porque, não sabe? Então eu digo-lhe,porque a familia Mendes quer a zona em frente as suas lojas livres para estacionar os carros,prejudicando sempre o cafe que tem uma das esplanadas de referencia da praça, que por sinal e das mais procuradas pelos turistas.Se tivesse andado a falar com os comerciantes na rua como andei nesta semana,escutava o que todos disseram, este ano foi o pior de sempre.Em relaçap aos jornalistas locais, sem comentarios, pois envio teztos que são simplesmente censurados.Em jeito de desabafo tanto ACIC,como APBC, tem muito aprender com o sr Luis Fernandes.
Também li a notícia e e fiquei apreensiva com o teor da mesma, uma vez que fiz as minhas compras de Natal no comércio da baixa e falei com alguns donos das lojas. Todos eles, sem excepção, se mostraram receosos pelo momento que estavam a passar, uma vez que este seria o período em que pensavam recuperar das fracas vendas do resto do ano.
Houve inclusivé um comerciante da Rua Visconde da Luz, que me afiançou que alguns colegas que já estavam a entrar com dinheiro das suas parcas economias para salvar o negócio e manter os postos de trabalho.
Ana
De acordo com a sua análise. Diz exactamente a realidade da nossa Baixa. Quanto ao Armindo, sinceramente nem me merece qualquer comentário. Embora reconheça a boa vontade em fazer passar uma imagem diferente da realidade.
Já agora e aquela "burrice" do acordo com o Presidente da CÂMARA, no que diz respeito aos parques gratuitos?
Veja-se atitude dos operadores do Mercado D.Pedro V.Se fossem no paleio seria bem pior. Quanto ao Parque de diversões na Praça do Comércio, mais uns milhares de euros deitados á lareira.
Porque não outro tipo de animação na Baixa?
Será de referir o esforço da A.P.B.C., porque da ACIC "ZERO".
Esta Associação "está moribunda" e aquela ACIC que Coimbra conheceu não existe.Participam em alguns eventos, onde dão comes e bebes e algumas fotografias para os jornais.
Sobre ACIC, vamos aguardar pelos novos episódios que são alguns.
Um abraço ao Luis de um colega que o estima. As suas análises são bastante incomodativas, mas existe alguém que não diz amen a tudo e a todos.
Um abraço...
Bom dia, na próxima 4ª feira dia 30, irá decorrer a reunião de Assembleia de Freguesia São Bartolomeu,na qual fui eleito como independente no Bloco de Esquerda,estou ao serviço de todos e sempre pronto fazer fazer chegar propostas , reclamações à sede da Junta, para se tentar resolver ou encaminhar para quem de direito, pela minha parte, contem comigo, todos juntos poderemos começar a fazer resnascer a baixa.Faço um apelo, caso o srº Luis Fernandes assim o entenda que deixem ficar no blogue algumas sugestões .
Jorge Neves
Independente no Bloco de Esquerda
Assembleia Freguesia São Bartolomeu
Hoje pelas 13h10, como é habitual fui beber o meu café de fim de almoço à esplanada da Praça Velha, e troquei uns minutos de conversa com o proprietario como é meu costume, acerca da entrevista do srº Armindo Gaspar da APBC, onde o proprietario mostrou-se muito indignado com tal entrevista, pois a cerca de dois anos para cá, desde que montam as tendas em frente à esplanada( este ano teve de a retirar) que só utilizam o seu cafe para beberem copos de agua e utilizarem as casas de banho.Conforme já disse em outro artigo, defendo este tipo de animação na baixa( não só durante o natal, mas sim o ano todo), mas respeitando tudo e todos e ter-se o cuidado de instalar as tendas ou megas-tendas ao centro da praça.Já agora aproveito para dizer mais uma vez. que hoje a praça velha tinha 16 carros estacionados( pelas 13h17m) de forma selvagem , precisamente do lado, que não foi ocupado pela tenda nem pela pista de gelo no ano passado, como ninguem resolve o problema, a minha sugestão é de que se faça ali um estacionamento publico, mas pago, com dinheiro a reverter para a casa dos pobres e outras instituições de solidariedade da cidade.
Jorge Neves
Independente no Bloco Esquerda
Assembleia Freguesia São Bartolomeu
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