sábado, 12 de dezembro de 2009
EDITORIAL: A CO-INCINERAÇÃO (TÃO DEDICADA)
Confesso, já ando há muito para escrever sobre a co-incineração. Talvez há cerca de uma década. Mas como é um assunto tão uniforme na unanimidade (ah “ganda” redundância!), palavra, nessa altura, em solilóquio (“ganda palavrão!) cá com os meus botões, pensei: ó “toino” –sim!, porque eu também sou António-, deixa-te de merdas, se toda a gente está de acordo, isto é, se estão todos contra a queima de resíduos sólidos na cimenteira de Souselas, porque haverás tu de estar a favor? Lá vens com esse mau feitio! Fosca-se! Vês tudo sempre ao contrário! É lógico que eles todos, o “people”, é que estão certos! Se até o Carlitos Encarnação e o Castanheira Barros teimam a pé juntos que os gases tóxicos nos hão-de matar a todos, e mais: até o Massano Cardoso, que trata as questões ambientais por tu, todos juntos, dizem que sim, porque razão vais tu discordar deles? É óbvio, tu é que andas a ver mal. Vamos fazer assim, “toino”: ainda és muito novo para pensares como eles. Daqui a uma década, estarás mais maduro e, vais ver, verás a coisa como ela deve ser vista. Isto é, se entretanto o Encarnação não for ministro do PSD e o Castanheira Barros não estiver a comandar as hostes do partido Social-Democrata. Portanto, tem calma, deixa correr as coisas. Cresce e aparece –isto pensava eu em 1999, em pensamentos de grande profundeza subterrânica, lá em baixo, nos confins da minha alma.
O tempo passou, mais exactamente uma década, um dos poucos defensores da queima –Manuel Machado- queimou-se e foi incinerado da Câmara Municipal. Entretanto, o meu amigo Carlitos Encarnação ganhou a autarquia, mas o seu partido laranja não se entende quanto à co-incineração e começam a queimar laranjinhas calibradas, do mais alto calibre, em lume brando e não querem nada com as cimenteiras. E a verdade é que a queima funciona mesmo. Vai tudo a eito, tanto faz ser um tronco de Santana, um Menezes en(Gaia)lado, ou até uma Ferreira (de) Leite.
Em suma nem o Encarnação vai para ministro, nem o Castanheira Barros se ajeita para ser queimado lá nos fornos caseiros do partido, nem a gente almoça.
Resumindo: tenho 53 anos, já passou uma década, e continuo a ver tudo da mesma maneira, como quem diz, a ser muito estúpido. Ou seja, persisto em ver que isto é apenas um problema de contornos e interesses políticos. Que por causa desta indecisão se continua a mandar os resíduos perigosos para queimar em Espanha. Claro que os espanhóis são burros como portas (salvo seja). Está-se mesmo a ver que estão fartos de viver esta vida de sacrifício e querem morrer. Mas como não têm coragem (bem dizia o Santo Condestável!) para se suicidarem colectivamente, gritam cá para este lado da fronteira: “irmanitos portugueses, ajudem-nos a morrer com dignidade e mandem para cá os vossos lixos!”. Fonix! São “muita” estúpidos os “cabrones” dos espanhóis, não são? Pois são mesmo!
Mas, apesar de ver isto tudo mal, já se vê, eu continuo na mesma. Nem ato nem desato. Como dizia o meu avô Crispim, estou cada vez mais cavalgadura. Mas porque é que eu não consigo ver as coisas como os outros? Se calhar ainda sou muito novo. Ai! De certeza, só pode ser isso! Vou mas é deixar passar mais uma década…
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2 comentários:
Ora viva.
Gostei do texto e acho que acertou na mouche.
Os nórdicos devem ser todos estúpidos e nós descobrimos a pólvora.
É melhor estar tudo por aí abandonado.
Aliás, acho que há pessoas que se dedicam tanto às grandes causas que se esquecem que no nosso dia a dia podemos fazer muito para melhorar o mumdo em que vivemos.
Bom Domingo.
Após uma longa pesquisa, senti extremas dificuldades para encontrar material bibliográfico relevante, uma vez que o tema da co-incineração é bastante complexo. Para além disso, existem poucos autores que se dediquem ao tema em questão. No entanto o material de análise recolhido possui alguma relevância em termos do tema tratado.
Nomeadamente na elaboração do avaliação critica.
Em suma, este comentário é importante, uma vez que hoje em dia fala-se muito de desenvolvimento sustentável, mas para que este aconteça é necessário haver preocupação no campo social, económico, político, cultural e ambiental. E é neste sentido, que o tema da Co-incineração deve ser abordado, pois este sistema pode provocar doenças graves nas pessoas tais como o cancro da mama em resultado da emissão de dioxinas para a atmosfera.
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