segunda-feira, 28 de novembro de 2011

NÃO FAÇAM DE MIM MAIS PARVO DO QUE JÁ SOU

Pedro Mota Soares, em julho, à chegada ao Conselho Nacional do CDS-PP
(IMAGEM DO SAPO NOTÍCIAS)



 Confesso, sou muito parvo –mas não digam a ninguém, que é para não estragar a minha imagem, já que todos os dias faço um esforço do camano para parecer inteligente e igual aos demais-, mas, intrinsecamente e em boa verdade, até já nem me chateia muito. Com o tempo, fui-me habituando e, agora, estou até convencido que já nem passava para a outra classe, a dos espertos. Sabem como é, com a idade, uma pessoa acomoda-se. Quer dizer, acomoda-se não, dá-se por vencido. As forças vão faltando e um sujeito aceita mesmo a realidade.
Portanto, quero dizer, já nem me importo de assumir a minha condição de “parvóide”. Por acaso, o fazer parte da classe dos “entradotes” tem esta coisa gira que é o de deixar de se importar com certas e determinadas coisas.
Estou convencido que, no geral, os velhos –também pela experiência empírica e dos pontapés no traseiro que apanharam ao longo da vida-, no resto da sua existência, no epílogo, tornam-se melhores. Têm um extenso rol de práticas, umas boas e outras nem tanto, um traquejo, que  permite olhar os erros dos outros à sua volta com outra humanidade -e outras vezes com desdém.
Mas, e agora contrariando um pouco a minha tese, se há coisas que me mandam aos arames, em cima da minha parvoíce –que pelos vistos é mesmo genética e hereditária-, é querem fazer de mim ainda muito mais parvo. Não sei se estou a ser claro, mas é o mesmo que estarmos num espectáculo de música e verificarmos que o instrumento de cordas está completamente desafinado. Toda a gente se apercebe disso, mas batem palmas ao músico. “É chato! É uma falta de respeito não ovacionar!”, exclamam por entre dentes e em surdina. E o músico, ufano, lá no palco, não pára de se exibir e até está convencido que é o melhor instrumentista do mundo.
E por que é comecei para aqui a pregar sermão se ninguém mo encomendou, perguntará o leitor? Olhe porque li esta notícia sobre Mota Soares, aqui, que até há pouco, enquanto deputado, andava de vespa e agora ministro do Governo passou a andar numa bomba Audi 6, que custou ao erário público 86 mil euros. Apetece-me fazer um manguito ao senhor ministro. E você, leitor?


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