quinta-feira, 21 de março de 2019

BAIXA: O GATO QUE COÇA A BARRIGA DE TANTO RIR

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Há cerca de uma semana, certamente condoído e preocupado com o estado de alma de um solitário gato que teimava em assomar-se à janela de um prédio vazio de moradores na Rua Eduardo Coelho, alguém pediu auxílio às autoridades.
Tendo em conta o gaticídio que atravessa o pais, com elevado número de bichanos a colocarem um ponto final na sua curta existência, não é de admirar o alerta, dado que o animal estava sozinho, o que facilmente poderia levar a pensar que se encontrava profundamente deprimido e, em consequência, assistirmos a mais um suicídio na família dos felinos. As razões de tal acto extremo ninguém questionou, poderia ser passional, poderia ser uma chamada de atenção para o executivo municipal para o estado empobrecido do comércio na Baixa, ou sabe-se lá o que vai na cabeça de um gato que se mostra numa janela de uma rua vazia?
Veio uma viatura da PSP com dois agentes, vieram os bombeiros. Mas havia um problema: o prédio foi alienado há pouco tempo e não se sabia quem foi o adquirente, portanto estava-se perante uma enorme dificuldade. E se o felídio, perante tantos salvadores de almas sem alma, resolvesse atirar-se para o vazio? Aliás, não se compreende, como não veio também uma psicóloga?
Entre as várias mulheres presentes, uma das senhoras prontificou-se a servir de negociadora, mas o gato, coitadinho, mais que certo decepcionado e de orelhas moucas para esta sociedade esquisita, parecia não ligar peva. Aliás, até parecia gozar com a situação.
Perante o horrível desastre que se adivinhava passou cerca de uma hora, com os dois agentes da PSP e os bombeiros a olharem o Céu, como a pedirem a todos os santos que os livrassem daquela comédia trágico-cómica. É bom não esquecer que há cerca de uma semana, por falta de meios, a PSP demorou 2h30 a comparecer num acidente na Rotunda da Cidazunda.
Outra das senhoras, cujo nome deveria ser mencionado para no próximo Dia da Cidade ser condecorada com uma medalha de ferro forjado, preocupadíssima com o avançar da situação, fez vários telefonemas e, pasme-se, conseguiu saber quem era o dono do imóvel. Contactado o proprietário -que não se sabe se ainda vai ser objecto de contra-ordenação por albergar um hóspede sem identificação-, veio um seu emissário e abriu a porta principal. Subindo as escadas, deram de chofre com um gato que, especulando, coçando a barriga, ria a bandeiras desfraldadas. Para piorar, creio, não conseguiram por-lhe a mão sobre o pêlo. O mal-agradecido, por ventura, ter-se-ia escapulido por onde entrou.
Hoje, quinta-feira da quaresma, quadra que muito toca os cristãos e outras pessoas sem credo, pela segunda vez, uma velhinha, tão sozinha, coitadinha, vendo o gato à janela ligou para a PSP. Vieram dois agentes e sabendo o que se estava a passar por um residente herege, frio e pouco sensível, estranhamente, foram embora. A velhinha, coitadinha, curvada e ancorada na sua bengala declamando a sua frustração em alta-voz, lá foi embora debitando impropérios contra o morador e, se calhar, indignada contra o facto do Comando Distrital da PSP de Coimbra não colocar ali um polícia de plantão. Ora pois!


ENTRETANTO…


Por estes dias que vão decorrendo, o engenheiro Caldeira, um dos Rostos Nossos (des)Conhecidos e que, vagueando pela cidade em trajes de maltrapilho, baptizei de eremita, que, notoriamente sofre de perturbação mental, para muitos é um ícone da cidade, agora deu em se colocar no meio da estrada impedindo o trânsito de fluir. Nas últimas semanas, diz quem presenciou, na zona dos Campos do Bolão onde reside, já originou vários engarrafamentos. A PSP compareceu mas, supõe-se, por o homem, apesar de implicitamente sofrer de anomalia psíquica, ser humano nada pode fazer. Se ao menos o Caldeira fosse um gato….


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