Há dias passei pelo Bruno Morais,
junto ao Café Angola, e vi o “Carlitos
popó” dentro do seu carro –o Bruno é o protector deste último “cromo” que calcorreia a Baixa de Coimbra.
Disse-me então o Morais que estava para ir ao hospital com o seu protegido já
que nos últimos dias o “Carlitos”
se tem sentido mal do “grilo”, como
quem diz do coração. Hoje encontrei-o, logo de manhã, no Largo das Ameias,
junto à Estação Nova. Aparentando um ar frágil e uma tez esbranquiçada no rosto,
acompanhando as palavras com o gesto de levar a mão ao peito, lá me foi dizendo
o seu coração está muito cansado. Do alto dos seus 67 anos, feitinhos em
Outubro último, pressinto que assim seja. Não por ter amado de mais, mas,
calculo, por ser acarinhado de menos. Todos nós, a começar por mim, gostamos
muito de, quando passamos por estas pessoas especiais, fazer-lhe uma festa e
nada mais. Mas e nos outros dias? Como vivem? Quem se encarrega de velar pela
sua saúde e bem-estar? Não podemos esquecer que, devido a deficiência mental,
sujeitos como o “Carlitos” não têm
autonomia a cem por cento. Por isso mesmo, parabéns ao Bruno Morais por se
ocupar do “popó”.
1 comentário:
A malta dedica-se a tantas causas: animais abandonados, por castrar ou torturados nos circos e com bandarilhas; petições para assuntos de cariz político ; manifestações contra e a favor dos direitos dos homossexuais; pela camada do Ozono, etc...
Tantas vezes nos esquecemos de quem não teve a sorte de nascer com competência para se governar e precisando sempre de um ombro amigo, à medida que os anos correm, essa necessidade torna-se premente.
Abraço!
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