Como me
deito muito tarde, já a noite vai jubilada, estava eu no segundo sono e ainda
antes das 9h00, quando o telemóvel retiniu. Era o João Cardoso, “está lá? Ó pá, vai à Rua Visconde da Luz
que está lá um avião!”. Ainda meio ensonado, repliquei: um avião? Como? Caiu lá um avião? Do
outro lado só ouvi: “vai lá ver, que
estou com pressa!”
E lá me vesti a correr e rumei às
ruas largas da calçada, a Ferreira Borges e Visconde da Luz. Algumas pessoas,
de máquina fotográfica em riste e pronta a disparar, assomavam às janelas, aos
varandins e aos patins das portas dos estabelecimentos, cujos donos estavam de
esperanças para um novo dia que se abalançava. Os transeuntes, que rumavam com
destino certo, paravam e ficavam a olhar o aparato. Compreensível, até. Em cima
de um grande camião estava um Cessna, um monomotor. Afinal não é todos os dias
que um avião “aterra” –salvo seja- na
Baixa de Coimbra. A questão que se colocava era saber o que raio fazia ali a
aeronave. Cá para os meus botões ainda semeei a hipótese de transportar o Pai
Natal mas lembrei-me imediatamente que não podia ser. Foi então que associei
este facto a um novo estabelecimento que proximamente irá abrir no espaço do
desaparecido “Armazém Americano”.
Seria isso? Sei lá! Interroguei-me em solilóquio. Vamos mas é investigar! Venham
daí! Vamos falar com Miguel Faustino, um dos responsáveis por este projecto.
Bom dia, Senhor Miguel. O que é
isto? Não me diga que vai colocar a máquina voadora dentro da loja? “É verdade, sim! Vamos mesmo pendurá-lo no
tecto, por cima e a afocinhar para baixo, nesta antecâmara, com um aspecto
lindíssimo, e que o senhor vê. Esta loja é fantástica, olhe aqui esta sala com
luz natural. São espaços como estes, entre os 400 e os 800 metros quadrados que
procuramos nos centros das cidades. Somos uma empresa familiar, a Sportino,
L.ª, com 30 anos e constituída por mim, pelos meus irmãos e o meu pai –sabe como
é que o meu criador começou? Ele era sapateiro no Bombarral e depois principiou
a andar pelas aldeias de bicicleta. A seguir abriu uma sapataria no Bombarral.
A partir daí foi sempre a caminhar em direcção ao futuro. Hoje temos lojas em
Setúbal, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Leiria, Bombarral e agora aqui em
Coimbra. A nossa empresa abarca modas de roupa, calçado, passando pelo
desporto. Representamos grandes marcas internacionais. Apesar da crise que
vivemos, não temos medo. Para além de termos loja online, procuramos que os
espaços que abrimos, sempre nos centros históricos, sejam locais de culto, irreverentes
na decoração, diferentes na oferta de produtos e na imagem de marca. Daí você
verificar a colocação do avião dentro deste espectacular anfiteatro. É lindo,
não é?
Não temos receio deste tempo de recessão. O futuro está nos centros das
cidades. Em Lisboa já está a começar a verificar-se uma alteração, por parte do
consumidor, na procura. As pessoas já estão abandonar as grandes superfícies
comerciais. Só primando pela diferença conseguimos inverter esta tendência e
combater os grandes grupos económicos. Se
tudo correr conforme desejamos, lá para Março, próximo, este nosso mais recente
bebé dará à luz nesta encantadora cidade dos estudantes. Contamos criar entre 6
a 8 postos de trabalho. Estou muito entusiasmado. Enquanto representante do
grupo Sportino, L.ª, posso afirmar que estamos muito felizes por poder contribuir
para a revitalização desta parte nobre e fazer parte desta grande família
comercial da Baixa de Coimbra. Posso dizer-lhe que, para além do monomotor,
temos outras surpresas, mas não posso divulgar tudo agora. Concorda, não
concorda?”
Sem comentários:
Enviar um comentário