terça-feira, 7 de janeiro de 2014

EDITORIAL: SEPARAR O TRIGO DO JOIO

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)


O Diário de Noticias (DN) deste último domingo repetia o plasmado do JN do dia anterior: “Fichas falsas do PS de Coimbra investigadas pela Judiciária”. Citando o DN, “Pessoas a viver nas Escadas Monumentais ou noutras falsas residências, caves com hipotéticas dezenas de moradores, inexistentes empresas onde os aderentes trabalhariam (…) as situações das falsas fichas do PS de Coimbra parecem não ter fim (…) já estão a ser investigadas pela PJ. (…) Na origem da situação estará o súbito aumento de militantes e a denúncia feita pela coordenadora da Secção da Sé Nova, Catarina Martins, alertando António José Seguro e outros dirigentes nacionais que detetara, apontando para mais de 600 falsas inscrições”.
Segundo o Diário as Beiras, no último fim-de-semana, em Coimbra, quando instigado pelos jornalistas, António José Seguro escusou-se a comentar o caso.
Ora, sabendo nós que esta vitória da Federação Distrital do PS levou a nomeações políticas para importantes cargos públicos na cidade, os cidadãos, na modorra do costume, olhando para isto como não lhes dissesse respeito, não se importam e assobiam para o lado. Por seu lado, António José Seguro, líder do maior partido da oposição e futuro candidato a primeiro-ministro, lava as mãos do incêndio que deflagra na sua própria casa. Por outro ainda, os militantes socialistas de Coimbra, a maioria que o são por convicção –conheço alguns- e não aspiram a tachos e acreditam que é possível lutar por uma sociedade mais justa e equitativa, tal como os restantes aqui citados, vão ficar de braços cruzados sem exigirem transparência? Ainda que a coberto do necessário princípio da presunção de inocência, “in dubio pro reo” a tal expressão latina de que na dúvida decida-se a favor do réu, até se clarificarem os factos aduzidos de suspeição, os implicados deveriam imediatamente cessar funções por sua iniciativa ou obrigados pela hierarquia.
Deixo duas interrogações. A primeira, porque é que quando se trata de pessoas ligadas ao Governo, todos, oposição e cidadãos não conotados partidariamente, exigem imediatamente as suas cabeças e quando se referem figuras gradas da contraposição socialista o critério é diferente?
Perante estes comportamentos como é que a sociedade civil –se é que de facto ainda existe mesmo esta tal reserva moral da nação-, continua a acreditar que os partidos merecem alguma credibilidade?


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