sábado, 25 de janeiro de 2014

LEIA O DESPERTAR...


LEIA AQUI O DESPERTAR DESTA SEMANA 

Esta semana deixo o textos "UM AVIÃO NA CALÇADA""REFLEXÃO: OS INTERESSEIROS DO METRO"; e "AS ÁGUAS DE COIMBRA E O MEU MAU-FEITIO".


UM AVIÃO NA CALÇADA


 Como me deito muito tarde, já a noite vai jubilada, estava eu no segundo sono e ainda antes das 9h00, quando o telemóvel retiniu. Era o João Cardoso, “está lá? Ó pá, vai à Rua Visconde da Luz que está lá um avião!”. Ainda meio ensonado, repliquei: um avião? Como? Caiu lá um avião? Do outro lado só ouvi: “vai lá ver, que estou com pressa!”
E lá me vesti a correr e rumei às ruas largas da calçada, a Ferreira Borges e Visconde da Luz. Algumas pessoas, de máquina fotográfica em riste e pronta a disparar, assomavam às janelas, aos varandins e aos patins das portas dos estabelecimentos, cujos donos estavam de esperanças para um novo dia que se abalançava. Os transeuntes, que rumavam com destino certo, paravam e ficavam a olhar o aparato. Compreensível, até. Em cima de um grande camião estava um Cessna, um monomotor. Afinal não é todos os dias que um avião “aterra” –salvo seja- na Baixa de Coimbra. A questão que se colocava era saber o que raio fazia ali a aeronave. Cá para os meus botões ainda semeei a hipótese de transportar o Pai Natal mas lembrei-me imediatamente que não podia ser. Foi então que associei este facto a um novo estabelecimento que proximamente irá abrir no espaço do desaparecido “Armazém Americano”. Seria isso? Sei lá! Interroguei-me em solilóquio. Vamos mas é investigar! Venham daí! Vamos falar com Miguel Faustino, um dos responsáveis por este projeto.


Bom dia, Senhor Miguel. O que é isto? Não me diga que vai colocar a máquina voadora dentro da loja? “É verdade, sim! Vamos mesmo pendurá-lo no teto, por cima e a afocinhar para baixo, nesta antecâmara, com um aspeto lindíssimo, e que o senhor vê. Esta loja é fantástica, olhe aqui esta sala com luz natural. São espaços como estes, entre os 400 e os 800 metros quadrados que procuramos nos centros das cidades. Somos uma empresa familiar, a Sportino, L.ª, com 30 anos e constituída por mim, pelos meus irmãos e o meu pai –sabe como é que o meu criador começou? Ele era sapateiro no Bombarral e depois principiou a andar pelas aldeias de bicicleta. A seguir abriu uma sapataria nesta vila. A partir daí foi sempre a caminhar em direção ao futuro. Hoje temos lojas em Setúbal, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Leiria, Bombarral e agora aqui em Coimbra. A nossa empresa abarca modas de roupa, calçado, passando pelo desporto. Representamos grandes marcas internacionais. Apesar da crise que vivemos, não temos medo. Para além de termos loja online, procuramos que os espaços que abrimos, sempre nos centros históricos, sejam locais de culto, irreverentes na decoração, diferentes na oferta de produtos e na imagem de marca. Daí você verificar a colocação do avião dentro deste espetacular anfiteatro. É lindo, não é?
Não temos receio deste tempo de recessão. O futuro está nos centros das cidades. Em Lisboa já está a começar a verificar-se uma alteração, por parte do consumidor, na procura. As pessoas já estão abandonar as grandes superfícies comerciais. Só primando pela diferença conseguimos inverter esta tendência e combater os grandes grupos económicos. Se tudo correr conforme desejamos, lá para Março, próximo, este nosso mais recente bebé dará à luz nesta encantadora cidade dos estudantes. Contamos criar entre 6 a 8 postos de trabalho. Estou muito entusiasmado. Enquanto representante do grupo Sportino, L.ª, posso afirmar que estamos muito felizes por poder contribuir para a revitalização desta parte nobre e fazer parte desta grande família comercial da Baixa de Coimbra. Posso dizer-lhe que, para além do monomotor, temos outras surpresas, mas não posso divulgar tudo agora. Concorda, não concorda?”


REFLEXÃO: OS INTERESSEIROS DO METRO (1)

Neste último Domingo, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, foi recebido na Rua Pedro Monteiro, em Coimbra, com mais uma manifestação de cerca de três centenas de pessoas oriundas dos concelhos de Lousã, Miranda do Corvo, Poiares e Góis para defenderem a concretização do prometido projeto do Metro Ligeiro de Superfície. Segundo o Diário de Coimbra, Passos Coelho, no Instituto Português da Juventude, disse o seguinte: “Acho incrível como o Estado conseguiu gastar uma pipa de dinheiro a desmantelar a linha que funcionava, vendeu os materiais todos e deixou lá um buraco. (…) Assumi um compromisso com a linha da Lousã e gostava de cumprir. Sobre o Metro não assumi nenhum compromisso.”
Antes de prosseguir, para melhor se entender, vamos recuar no tempo. A empresa Metro Mondego foi constituída em 1996 com a seguinte representatividade: Estado Português 53%, município de Coimbra 14%, município da Lousã 14%, Miranda do Corvo 14%, REFER 2,5% e CP 2,5%. Nesta altura era Manuel Machado presidente da edilidade coimbrã. Com um nomeado presidente da Metro Mondego a auferir um salário mensal de cerca de 800 contos, hoje 4000 euros, este plano manteve-se quase no anonimato até 2002 e ganhou velocidade quando Carlos da Encarnação ganhou a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) a Manuel Machado e se estreou a negociação e expropriação de parcelas para a futura avenida central. Em 2005, com grande encenação política por parte de Encarnação que –tal como Fernando Carvalho, na Lousã, e Fátima Ramos, em Miranda- visava a reeleição, deu-se início à desconstrução do casario no Bota-abaixo –mesmo sem estar concluída a demolição já foram gastos 14,5 milhões de euros, noticiava o Diário as Beiras e acrescentava: “em 29 de dezembro de 2006, existiam 36 atividades comerciais ou serviços e 33 habitações neste corredor parcialmente desmantelado.”
Sob a égide do Governo de Sócrates e com a promessa de substituição por um comboio mais moderno, em Dezembro de 2009 começou o levantamento dos carris na linha da Lousã. Segundo o jornal Público de 19 de Janeiro de 2010, o Secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia da Fonseca, afirmou que a construção da 2ª fase do projeto Metro Mondego (MM), que ligava a Baixa aos Hospitais da Universidade dependia do estudo custo-benefício para demonstrar a sua viabilidade.
Em finais do ano de 2010, Jaime Ramos, irmão de Fátima Ramos, nesta altura presidente da edilidade mirandense, cria o Movimento Cívico de Lousã e Miranda. Nos primeiros meses de 2011, algumas centenas de pessoas seguiram este líder em várias manifestações locais e em Lisboa contra o Governo de Sócrates –hoje em 2014, apesar de ter mudado o governo, continuam as manifestações.
Em Janeiro daquele ano de 2011 realizou-se as eleições para a presidência da República, vindo a sair vencedor o até aí presidente Cavaco Silva. Antes do sufrágio, em reunião do Movimento Cívico Lousã Miranda ficou acordado que, em solidariedade para com todos os prejudicados pela falta do comboio e num ato de indignação e protesto, não se votaria nas eleições presidenciais. Fátima Ramos, fazendo constar que estava solidária com todos mas rompendo o acordado, votou.
Com as eleições legislativas à porta, em 5 de Junho deste ano de 2011, em campanha eleitoral o PSD prometeu fazer a reposição da linha. Já depois de nomeado ministro da economia, Álvaro Santos Pereira vinculou o Governo de Coligação PSD/CDS. (Continua na próxima edição)


AS ÁGUAS DE COIMBRA E O MEU MAU FEITIO

Desta vez, e na mesma linha de outros casos que, como denúncia, dou aqui à estampa, a meu ver também na esfera do surreal, fui acometido de mais um coice. No bom sentido, é claro! Como quem diz mais um beijinho de Judas. Antes de contar, o curioso é notar que factos destes estão sempre a cair-me no regaço. Até parece que é o destino a dar-me matéria para eu escrever e alertar outros incautos como eu. Antes de prosseguir, como ressalva e para que não me tomem com outro estatuto, confesso já que sou uma espécie de fidalgote da realeza que aparenta ser rico mas, virado ao contrário, nem um cêntimo toca o chão.
Agora sim, vamos à narração. Tenho vários contratos celebrados com a empresa Águas de Coimbra (AC). Então, como o dinheiro no meu bolso é uma espécie de andorinha que só de tempos-a-tempos regressa, tenho por hábito juntar todas as faturas e, no prazo limite, vou pagar à Loja do Cidadão. Tenho por costume recomendar à funcionária: veja se está tudo, se não fica nada pendurado! Na semana passada, como é hábito, fui liquidar o débito em atraso, mas que pago juros. Desta vez, porque não levei as notificações comigo, sei lá se por achar pouco, fui enumerando as moradas dos contadores. Foi então que a funcionária das AC me transmitiu que um dos contratos estava com interrupção de fornecimento, como se diz na gíria, estava cortado. E portanto, em consequência, teria de pagar 45,34 € para repor o anterior. Acontece que nem tinha um corte no fornecimento nem recebi qualquer comunicação de que tal iria acontecer. E expliquei isto mesmo à senhora. E a funcionária, muito simpática e prestável, atirou logo: “ótimo, nesse caso o senhor só paga metade, mas tem de se dirigir ao outro extremo das cidade, à sede das AC”. Regressei ao meu ninho e constatei que as faturas referentes ao contrato em falta foram colocadas pelo carteiro numa caixa de correio marginal. Verifiquei também que não havia lá nenhum aviso de corte, nem nenhuma informação de que por lá passou um qualquer trabalhador das AC com intenção de bloquear o calculador e, por qualquer impossibilidade, não conseguira.
Sendo assim, já que não me restava outra hipótese e também porque, apesar de ter mais defeitos que buracos numa rede, tenho pelo menos uma qualidade: sou bem-mandado. E lá fui para a Rua da Alegria –quer dizer, alegria só se for para as AC que, com este repetido catar o bolso até já está roto, eu ando triste como a noite. E lá na casa do senhor de todas as águas de Coimbra, mais uma vez, agora perante uma representante da empresa –que, por acaso até é minha conhecida- lá expliquei o que tinha acontecido. Ou seja, não tive interrupção de fornecimento nem qualquer comunicação prévia ou a posteriori a informar-me da impossibilidade de efetuar o bloqueamento no contador –que está à vista e de aceso fácil. Diz-me a minha conhecida aquilo que eu já sabia: “Melhor! Então só desembolsas 22,67 €”! Perante o meu manifesto descontentamento, ainda atirou: “bolas, pagas metade e ainda reclamas?”. Perante a sua compreensão, ali à sua frente estava alguém que ela julgava conhecer mas não passava de um sujeito mal-agradecido. Isto é, por um serviço que não me foi prestado, de facto, eu deveria estar grato, pagar e não bufar. Mas eu não sou flor que se cheire, paguei mas bufei. E lá ficou o registo no Livro de Reclamações. Salvo melhor opinião, porque há outras naturalmente, no meu entendimento bacoco, as AC não podem cobrar uma intenção. Podem exigir um pagamento pelo cumprimento de uma prestação de facto e não por um propósito pensado na secretaria. Mesmo se o funcionário se deslocou ao locado e não cumpriu a obrigação –que não será o caso porque não foi deixada qualquer prova da sua passagem.  No meu sentido de justiça, as AC só podem cobrar este serviço se efetivamente provarem que houve impossibilidade de concretizar o ato. Sei por linhas travessas que as AC são useiras e vezeiras a arrecadar neste género de serviço não consumado de facto e partindo do intuito. Era bom que os senhores administradores, muito bem pagos -e que lhes faça bom proveito que eu por cá, teso mas alegre, fico bem graças a Deus-, descessem à terra e verificassem que o consumidor, como eu e mais liso que uma mó, não pode continuar a ser espoliado de uma maneira infame, só com o argumento de que “é assim porque tem de ser”. Não é não! Digo eu!


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