segunda-feira, 1 de agosto de 2011

UMA CONSTATAÇÃO E ENSAIO SOBRE A LOUCURA E OS GRAFITTES DO CRISTO NEGRO




CARO  SR.  LUÍS FERNANDES:

           
 Como eu admiro a sua persistência na tentativa de resolução deste caso e como me entristece que pessoas que lêem o seu blogue e que poderiam resolver o caso, não o façam. 
Pois há cerca de dois meses a esta data o seu  "CRISTO NEGRO" deixou de falar para mim, e quando passa à minha porta encosta-se o mais possível à parede do outro lado da rua só para não me passar "cartucho".  Aqui na baixinha quem o conhece sabe que ao evacuar o Anildo não se esconde nem se baixa, puxa as calças até meia coxa e aí vai disto. A grafite fica pronto em segundos. Os murais preferidos a grafitar são os pilares em redor da Loja do Cidadão e ruas confinantes com a mesma. Foi precisamente num destes ataques de criatividade grafitoso que eu o interpelei e censurei,  não pelo trabalho  artístico mas sim pelo local e despudor da forma de o exercer e foi também a partir deste momento que o Anildo deixou de me vir perguntar as horas mesmo que quando o vejo exiba a minha grande “cebola” Timex ele faz vista grossa e não me fala.
Caprichos de artista !... …
Mas voltando à carga, pergunto?  Será que vai ser preciso outra tragédia como a do MIGUEL (aspirante) para acabar com o sofrimento deste homem?
Espero que não.
Quanto ao amigo LUIS... força no teclado e que nunca tenha reumatismo nos dedos para poder continuar a divulgar as atrocidades desta sociedade.
Um abraço CARO LUIS.
António Fernandes


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NOTA DO EDITOR:

 Muito obrigado, senhor Fernandes, pelo texto e também pelo alento.
O que me chateia deveras é verificarmos que estamos perante alguém sem capacidade de decisão. Como sabe a actual Lei de Saúde Mental só prevê o tratamento médico desde que o doente o solicite. Ora, lembro que este homem está incapaz de requerer seja lá o que for.
Por outro lado, o legislador, tão preocupado que está com os direitos, liberdades e garantias do enfermo, só aceita o internamento compulsivo depois de um consenso entre médicos e juízes… que só no limite, e quando há manifesta agressividade contra a colectividade, o executam. Então é como vê, a preocupação de internar alguém e que fira os seus direitos é tanta que… é preferível que morra abandonado por aí em qualquer valeta.
Meu caro, os exemplos são demais. Na maioria não temos conhecimentos deles. Dizer que isto é simplesmente ridículo, creio, é muito pouco. É simplesmente absurdo e demasiado trágico para continuar.
Claro que não podemos aqui culpar a Câmara Municipal, a Segurança Social ou outra qualquer entidade. Perante esta estropiada lei de Saúde Mental nada podem fazer.
Como eu estou em crer que o Anildo não vai durar muito, naturalmente, o problema estará resolvido por si mesmo. E não é isto mesmo que esta aberrante lei procura? Alguém tem dúvidas de que este homem precisa de ser internado e tratado compulsivamente?



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