(IMAGEM DA WEB)
Há dias, no Facebook, recebi um pedido de amizade de uma senhora de Coimbra. Como quase sempre, aceitei. Fui ver o seu perfil e vi: Universidade de Coimbra. Como, pelos vistos, o pedido tinha sido formulado no momento e a mulher estava no chat, pensei, “bom deve ser alguém com quem eu possa aprender alguma coisa”. E toca de lhe agradecer o ter-me pedido amizade. Em complemento de interrogação lá formulei a razão que esteve na origem no facto de me querer no seu grupo de “chegados”, ainda que, como todos sabemos, esta coisa, não passa de um “bleu”, uma ilusão. Mas, passando isso, até tenho de confessar que, através deste motor de busca de amizades, já me consegui conectar com pessoas, nomeadamente de cargos importantes, e levar ao seu conhecimento pequenos assuntos que de outra forma não chegaria até eles.
Continuando com a conversa com a minha amiga virtual, cumprimento para aqui, abraço escrito para acolá, lá caímos na crise que anda no ar. Às tantas eu disse: “pois isto está mau para todos!”. Replica a senhora: “para todos, não, só para alguns!”. Eu questionei: “refere-se a quem, especificamente, aos políticos?”. Responde a senhora: “claro, a quem queria que me referisse?”.
Prossigo eu, “olhe, desculpe, mas é preciso ter cuidado e não generalizar. Haverá muitos que são honestos. É como na sua profissão, na minha, na de outros.”
Retorque a senhora: “essa cambada deveria desaparecer toda. Não faz cá falta nenhuma!”.
Digo eu: “mas olhe que está enganada, os políticos fazem falta. São eles que, através de mediação, pela paz, pela diplomacia, sem guerra, se vai alcançando grandes vitórias. Uma sociedade democrática não pode passar sem eles!”. Se continuamos com esta verborreia nacional, qualquer dia não haverá ninguém para ocupar cargos importantes no país”.
Responde a senhora: “vamos mudar de assunto que este tema não me interessa.”. Passado pouco tempo desligámos porque vi que dali não traria nada de novo. Dali só sairia poeira igual a esta que anda no ar e que invade tudo.
Fiquei a pensar seriamente neste caso. E passei a olhar para o Facebook com outros olhos de gavião. Então vi lá várias frases como estas:
-“Este Primeiro-Ministro é um palhaço!! Eu dava tudo para lhe dar um soco no focinho!”.
-“Os políticos haviam de desaparecer todos da face da terra!”
Depois de visionar o deplorável acto mostrado no vídeo de Viseu, onde o Primeiro-Ministro de uma forma torpe foi interrompido, decidi dar uma volta pelas páginas dos grandes políticos de nomeada cá da “parvolândia” –roubando o termo a uma amiga desconhecida. A levar em conta o “ódio” que anda no ar, é mais que certo que os políticos de nomeada portugueses, cá no burgo não terão amizades. A tê-las estarão todas radicadas no estrangeiro. Será assim? Vamos espreitar o Facebook:
José Sócrates: 2215 pessoas gostam da sua página;
Aníbal Cavaco Silva: 1926 pessoas gostam da sua página;
Pedro Passos Coelho: 29.114 pessoas gostam da sua página;
Paulo Portas: 18.460 pessoas gostam da sua página;
Francisco Louça: 14.678 pessoas gostam da sua página;
Jerónimo de Sousa: 3.271 pessoas gostam da sua página;
Pedro Santana Lopes: 4.338 pessoas gostam da sua página;
Marisa Matias: 4998 pessoas gostam da sua página.
Ora bem, perante esta surpresa, poderemos retirar ilações:
A primeira é que afinal os “outros”, os tão, tão, odiados e vilipendiados políticos partidários estão cá em Portugal de pedra e cal. Têm uma base de amigos substancial e, pelos vistos, muitos milhares;
A segunda é que, pelo menor peso de amizades, dá para ver a olho nu que os “desgraçados políticos” são os que detém, neste momento, poder de decisão;
A terceira ilação é que dá para ver que o número de amizades aumenta em proporcionalidade consoante a possibilidade próxima de vir a deter poder;
A quarta ilação que eu retiro disto, e salvo melhor opinião, é que este povo não pára um momento para pensar nas asneiras que profere, é hipócrita, interesseiro, pacóvio, bacoco e não interessa a ninguém.
Sem comentários:
Enviar um comentário