SEREI UM NOVO GASTÃO? (1)

(IMAGEM DA WEB)

 Acabei agora mesmo de receber uma comunicação, via e-mail: “Parabéns. Foi escolhido para um dos Grandes Vales Fnac de 500 euros”.

Isto é apenas uma amostra. Todos os dias recebo assim ofertas caídas do céu. Chego a interrogar-me de onde virá tanta sorte. Sou tantas vezes sorteado, tal como desta vez, que sou obrigado a recusar os prémios. Em introspecção, chego a perguntar-me: serei um Gastão do tempo pós-moderno? O Gastão, para quem não se lembra, era um personagem da banda desenhada, do círculo adstrito ao “Tio Patinhas”, um sortudo, este também com a sua sorte assente na moeda número um.

Eu sei lá? Se calhar sou mesmo. Toda a gente me quer oferecer coisas. São créditos, são viagens, são ofertas de objectos, sei lá que mais! Às vezes, se eu reenviar um e-mail, logo a seguir, até posso escolher um desejo. Mas eu não aproveito. Tantas vezes, em solilóquio, me interrogo o porquê de negar tanta ventura. Não encontro explicação. Se calhar penso que devo ser muito altruísta. Só pode ser. Ai, de certeza. Eu quero que os outros também recebam. Não quero só para mim. Às tantas, ainda procuro um lugar de santo e, quem sabe, vir a ser canonizado, sei lá!

O que me chateia é que esta sorte que me acompanha, como vírus epidemiológico, se transmite também aos meus familiares. É certo que a última vez que nos ofereceram um cruzeiro, há cerca de dois anos, a coisa não correu muito bem, mas isso, certamente, foi um acidente. Ai, de certeza que foi.

Eu tenho tanta sorte…


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 Mal acabei de escrever o texto de cima já tinha um Audi A3, oferecido pela "Postais.net", no meu e-mail. Ainda pensei, e se eu aceitasse? Afinal o meu popó já tem uma década, e o mais grave é que anda sempre no médico, lá na oficina. Eu seja ceguinho se não pensei se o desgraçado não se teria deixado corromper pelo mecânico. Parece aqueles trabalhadores incansáveis que andam sempre a correr para o médico de família. Fiquei dividido entre o aceitar e o não aceitar este novo presente. 
No limite, ainda ponderei na hipótese das finanças me confundirem com um novo-rico, mas nem foi isso que me levou a recusar. Sei lá, às tantas, o pessoal lá da minha rua ainda pensava que seria algum ministro! Ora, daqui para a frente, antevejo uma vida complicada para estes representantes políticos. Mau, mau! O melhor é continuar com o meu "flipado" crónico.
Recusei o Audio A3. Se calhar fiz mal...mas eu sou tão modesto...

Parabéns , 

O teu endereço de e-mail foi escolhido agora mesmo de forma aleatória entre os subscritores desta Newsletter como o possível vencedor de um Audi A3.