Está no prelo um novo livro do meu amigo Casimiro Simões, reputado jornalista da agência Lusa e um reconhecido cidadão da Lousã, de Coimbra e do Mundo.
Depois do grande sucesso de “Com as botas do meu pai –Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo” -este concebido a um certo modo de exercer o poder local em Portugal-, o Casimiro lança agora “A Campanha bufa –Porco no espeto na safra de Vale Tudo”. O lançamento de mais um grande sucesso editorial será na Lousã, no próximo dia 11 de Setembro, pelas 15 horas, na Sociedade Filarmónica Lousanense.
Já apontou na sua agenda? Volto a repetir: dia 11 de Setembro, pelas 15 horas, na Sociedade Lousanense…na Lousã. Agora esqueça-se!
Se quiser saber mais, deixo-lhe aqui uns extractos escritos pelo punho –como quem diz, pelo dedos a teclar- do autor: o Casimiro Simões:
Caros amigos,
À hora em que o meu livro “Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo” já se encontra em impressão, informo-vos de aspetos que podem merecer atenção noticiosa, solicitando a vossa ajuda nesse sentido.
“Campanha bufa” é dedicada a António Arnaut, Louzã Henriques, António Luzio Vaz, João Poiares Malta, Zilda Carvalho, Palmira Sales e João Mesquita (estes dois últimos a título póstumo) que deverão estar presentes ou ser representados na apresentação. O livro constitui ainda uma singela homenagem à Sociedade Filarmónica Lousanense.
O livro deverá estar à venda nalguns locais ainda esta semana, pelo menos na Lousã e em Coimbra.
Na semana passada, ao dar os últimos retoques na prosa, decidi dedicar especialmente esta minha obra à Sociedade Filarmónica Lousanense (SFL) e a sete cidadãos, alguns falecidos, “que, de algum modo, serviram a República e a democracia com o mais terno sentido do dever”: António Arnaut, Louzã Henriques, António Luzio Vaz, Palmira Sales, João Mesquita, João Poiares Malta e Zilda Carvalho.
Digo resumidamente abaixo, na introdução do livro intitulada “O papagaio sobe contra o vento”, quem são estes homens e mulheres, bem como a SFL, enquanto mais antiga coletividade da vila da Lousã, ficando assim justificada a minha decisão de os evocar no contexto das comemorações do centenário da implantação da República.
Mais algumas novidades: concebido sob o signo do porco (o primeiro tinha o burro como figura tutelar!), este meu segundo livro é todo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. A apresentação, antes prevista para o auditório da Biblioteca Municipal, será realizada na sede da Filarmónica Lousanense, por razões estéticas e de espaço, mas também para vincar a importância de homenagear esta instituição cultural a propósito da efeméride republicana.
Têm abaixo uma pequena dedicatória inserida no início do livro e a minha introdução ("O papagaio sobre contra o vento"). A capa (da autoria de Carlos Alvarinhas, tal como as ilustrações) segue em anexo, podendo vocês cortar e divulgar o rosto. Apenas o rosto.
Recordo que o prefácio é do historiador Amadeu Carvalho Homem, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que também irá apresentar a obra. Apresentará o autor a jornalista Leonete Botelho, editora de Política do jornal Público.
A sessão é no dia 11 de setembro, às 15 horas, na Sociedade Filarmónica Lousanense.
Abraço.
Campanha bufa
Porco no espeto
na safra de Vale Tudo
Dedico este livro aos protagonistas mais
íntegros da República Portuguesa sonhada
em 1910 e a todos os que preservaram o
ideal republicano nestes cem anos. Deixo
também uma forte gargalhada em louvor
da liberdade de imprensa. Na vila de
Vale Tudo, estarão hoje mais impunes os
inimigos da República?
O PAPAGAIO SOBE CONTRA O VENTO
Decidi escrever um segundo livro, após
uma primeira experiência literária há menos
de um ano, quando publiquei Com as botas
do meu pai – Pegadas do poder autárquico na
vila de Vale Tudo, este concebido como sátira
a um certo modo de exercer o poder local no
Portugal que já mal frui a chama fraterna do
25 de Abril, na Pátria que cambaleia perante
novas ameaças à vontade democrática, à
liberdade de expressão sem mordaças, em
especial à liberdade de imprensa, à participação
dos cidadãos na vida pública e, em geral,
ao Estado de Direito Democrático.
Ameaças que estão aí no quotidiano de milhões
de seres humanos, no emprego (e cada
vez mais no desemprego!), na educação e na
cultura, no acesso à saúde e à justiça (uma
Justiça que seja de espada vertical, que não
deixe impunes os crimes dos mais poderosos,
a começar pelos usurpadores da res publica).
Com as botas do meu pai teve dos leitores
um acolhimento inesperado, muito positivo,
um genuíno incentivo para eu, jornalista
há quase trinta anos, prosseguir também na
prosa literária o grande desafio – e a enorme
urgência, nestes tempos enevoados – de fazer
o papagaio de papel subir contra o vento
como nas nossas infâncias.
O primeiro livro alcançou os principais
objetivos, ao fazer rir e refletir a maioria
dos que o leram. Não conheci comentários
diretos dos que porventura enfiaram alguns
barretes.
Dessas bandas, chegaram sim ecos da mais
primária vingança situacionista e os típicos
atos censórios de todas as ditaduras.
Nasceu então em finais de 2009, com redobrado
entusiasmo, a ideia de avançar para
uma nova obra que satirizasse, desta vez, uma
campanha autárquica em Vale Tudo.
Cedo reconheci, no entanto, que a campanha
bufa – local, nacional ou global – é afinal
permanente, galopante e absurda.
Seria, por isso, muito redutor cingir-me ao
curto período de uma safra eleitoral propriamente
dita, de quatro em quatro anos, com
ou sem porco no espeto e bugigangas várias
para inebriar eleitor.
A campanha bufa, zoada infernal de vuvuzelas,
espécie de seja o que Deus quiser onde
talvez alguém escape entre mortos e feridos,
é afinal quotidiana e doentia, cada vez mais
perigosa para a vida democrática.
Temos agora Campanha bufa – Porco no
espeto na safra de Vale Tudo, que retoma um
olhar apreensivo sobre o atual rumo da República,
simbolizada no microcosmos de Vale
Tudo, algures no interior profundo da Pátria
justa sonhada pelo beirão Afonso Costa,
líder da I República, e demais protagonistas
íntegros da causa republicana, assim como os
que resistiram depois às arbitrariedades do
poder político nestes cem anos, em ditadura
mas também em democracia.
Tal como numa ópera bufa, esta campanha
tem servos e trapaceiros, velhos e avarentos e
até jovens fidalgos, como o vereador Franganito
e os netos do salazarista Sandoeira.
No livro (que repete a participação do
gráfico Carlos Alvarinhas como autor da
capa e das ilustrações, cabendo novamente a
paginação a Jorge Sêco), um conterrâneo de
José João Jorge radicado nos Estados Unidos
envia uma mensagem de solidariedade ao
jornalista, a braços com mais um processo
judicial movido pelo cacique de Vale Tudo.
Lembra-lhe o emigrante que o papagaio sobe
sempre e apenas contra o vento!
Dedico especialmente este livro a sete cidadãos
que fizeram da vida uma séria corrida
contra o vento ou que, de algum modo,
serviram a República e a democracia com o
mais terno sentido do dever: António Arnaut
(antigo ministro dos Assuntos Sociais e criador
do Serviço Nacional de Saúde), António
Luzio Vaz (administrador dos Serviços de
Acção Social da Universidade de Coimbra
durante trinta anos), João Mesquita (jornalista
falecido em 2009, foi presidente do
Sindicato dos Jornalistas), João Poiares Malta
(nascido em 1910, enquanto jovem operário
lutou pela jornada diária de oito horas de trabalho,
tendo representado o jornal Trevim na sua
loja da Lousã nos últimos anos da ditadura),
Manuel Louzã Henriques (médico antifascista,
foi impulsionador do Museu Etnográfico
da Lousã), Palmira Sales (professora de
instrução primária, sempre amiga dos mais
fracos, destacou-se na defesa das diferentes
expressões da cultura popular da região) e
Zilda Carvalho (oriunda de uma família de
republicanos da Lousã, estava noiva de Ismael
Fernandes “Leiteiro” em 1936, quando
este jovem morreu em combate na Revolta
dos Marinheiros).
De igual modo, rendo homenagem à Sociedade
Filarmónica Lousanense, com grande
peso republicano na sua história centenária,
escola de música e cidadania desde 1897. Um
próximo livro virá para rematar a trilogia
republicana que resolvi escrever.
Lousã, 15 de agosto de 2010
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