sexta-feira, 13 de agosto de 2010

EDITORIAL: ESTES POLÍTICOS MAQUIAVÉLICOS





 Na última Terça-feira, o Diário de Coimbra contava como, no dia anterior, Luís Providência, vereador eleito pela maioria no executivo camarário tinha desafiado os seus pares a cortarem avenças nas Águas de Coimbra (AC). Falava em remunerações superiores a 3000 mil euros.
Auscultando os rumores por aqui na Baixa, nas vielas vadias, logo se ficou a saber que estas remunerações envolviam umas trocas de amores entre um ex-vereador e uma prestadora de serviços à AC. Se quanto a esta parte amorosa, ninguém terá nada a ver: isso será da decisão e do foro íntimo dos envolvidos. A menos que essa relação provenha de hierarquia vertical, e que um ou ambos, aproveitando-se da sua posição de domínio, um sobre o outro, venha a prejudicar o erário público –no caso, a AC é uma empresa municipal.
 Ora o que ressaltava na notícia, seria o extremo arrojo do vereador do Desporto da Câmara Municipal de Coimbra ao, publicamente, denunciar e condenar os gastos supérfluos e desnecessários na empresa que gere as águas da cidade.
Ora, em comentário anónimo, aqui, afirma-se que tal gesto “é de uma completa hipocrisia e cobardia, pois o visado mais não fez do que “usar o cargo para atacar o seu ex-cunhado e a pessoa com quem tem uma relação pessoal”.
Citando ainda o referido comentário anónimo –que, mesmo condenando esta forma de comunicação, terá de se lhe dar o crédito mínimo-, como se fosse pouco o que conta, no aproveitamento de cargo público para guerrinhas familiares, ainda nos diz que o referido vereador do Desporto foi para a África do Sul, juntamente com um seu assessor, assistir ao Mundial de Futebol “à pala do povo”.
Nem sei como explicar o que sente uma pessoa –no caso falo de mim, um anónimo cidadão, mas que dá a cara- quando, numa primeira fase, perante a denúncia de gestão danosa da “res publica”, e sendo feito por um dos pares da Coligação, e em seguida verifica que foi enganado. Ou seja, como eleitor, sinto-me embarrilado três vezes: a primeira, quando o cargo público é ocupado por alguém que, aparentemente, não enverga a camisola para que foi investido; a segunda é quando, perante um ilusório objecto de denúncia pública, sou tomado pela admiração do acto e até o enalteço; numa terceira, como Cristo constata a a traição de Judas, também aqui –aparentemente, até ao momento não se conhecem outras declarações do vereador Providência, e ele, com urgência, deve dá-las ao eleitor-, verifico que fui enganado ao escrever este texto.
O que posso dizer é que uma pessoa sente cair a alma ao chão. É pior porque, de repente, perante um feito altruista –certamente porque ansiamos por ele-, verificamos que é tudo encenação, e a dor é cortante. É como saber que o nosso amor, aquele em quem nos entregámos e depositámos esperanças, afinal anda-nos a “cornear” com um ente qualquer.
Neste caso da política partidária custa muito mais. O choque é várias vezes dobrado. Talvez porque, contrariamente ao exemplo anterior, partindo de premissas contrárias, um pouco generalizadamente com um grande “a priori”, achamos que estamos diariamente a ser enganados por estas pessoas. Que neste deserto de lealdade democrática não se aproveita nada. Pensamos que, depois de se apanharem na cadeira do poder, esta é utilizada como trampolim para os seus mais ínvios interesses, desde o pessoal, até arranjar emprego para os familiares e amigos.
 O que provoca mais sofrimento, ainda, é sabermos que andamos todos com dificuldades para nos aguentarmos no dia-a-dia da nossa vida. Zangando-se as comadres, salta aos nossos olhos o viver desta gente à “tripa forra”. Levantando-se o lençol, verificamos que, perante os nossos olhos, naquela grande cama, desenvolve-se uma grande orgia e, para piorar, os participantes são todos devotos da moral pública.
Perante isto, como é que fica o anónimo cidadão? Naturalmente, caem-lhe os tomates ao chão. É preciso acabar com este regabofe depressa…

1 comentário:

Anónimo disse...

Efectivamente são lamentáveis estas situações. Todas elas. E mesmo anonimamente partilho o desencanto. Só uma nota: parece que o tal romance (com o qual concordo que ninguém tem nada a ver a não ser os directamente envolvidos), pelo que li, não seria entre um ex-vereador e a tal avençada, mas sim entre um ex-administrador das águas -aparentemente o tal cunhado de Luis Providencia- e a Srª avençada. Sim, esse acto de "coragem" parece mais uma vendetta familiar do que preocupação política. Caso contrario Luis Providencia ter-se-ía insurgido logo no acto da contratação e não no da renovação do contrato. Mas isto é o que parece...
Quando vejo coisas destas quase me apetece ser monárquico e acreditar que os governantes devem ser 'educados' para o efeito. Isto de qualquer um poder ser eleito sem a devida preparação pode ter este tipo de consequencias.
Desejo melhores dias a todos os envolvidos.