sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O FANTASMA DO DIA DOS MORTOS

(Imagem da Web)


 Hoje é dia primeiro de Novembro. Desde sempre que se considerou esta data como feriado nacional, tendo como objecto fazer uma visita aos cemitérios e relembrar os amigos e familiares que partiram na grande viagem. Pela primeira vez, nas últimas décadas, este ano este dia santo não foi comemorado porque foi apagado do calendário.
Antes de prosseguir, como ressalva de interesses, declaro que defendo um cada vez maior recurso à cremação –com preços mais acessíveis, o que não se verifica actualmente. Apesar disso, tenho o maior respeito pelo costume de depositar os defuntos nos cemitérios. Somos um povo maioritariamente católico-apostólico e, por isso mesmo, temos, todos, obrigação de reverenciar a prática popular. E quando escrevo todos considero que tal deferência deve começar pelos governos. Retirar este dia à população portuguesa é muito mais do que um atentado à sua dignidade, é, acima de tudo, mostrar um desconhecimento brutal pela nossa memória. Em silogismo, é caso para interrogar, se o Governo desconsidera os mortos como há-de ter alguma estima pelos vivos? Nas últimas décadas, e não falo apenas deste executivo, os governos comportam-se como tiranos inimigos do cidadão. Devo clarificar que concordo que alguns feriados não faziam sentido –como, por exemplo e salvo melhor opinião, o do Corpo de Deus, sendo nós assumidamente um Estado laico. Porém há outros, como o do 5 de Outubro, que apenas contribuem para o apagamento da nossa história recente.
O argumento invocado para obliterar este Dia de Todos os Santos foi o de que estamos em crise e é preciso trabalhar mais. Acontece que embora poucos mas alguns estabelecimentos comerciais na Baixa não abriram portas. Mais ainda, os que estiveram abertos, salvo excepções, contaram silêncios nas poucas pessoas que entraram. Esta zona, hoje, apesar de ser um dia normal de trabalho, esteve como se realmente fosse feriado. Teria valido a pena este corte? Penso que não.

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