(Imagem da Web)
Hoje é dia primeiro de Novembro.
Desde sempre que se considerou esta data como feriado nacional, tendo como
objecto fazer uma visita aos cemitérios e relembrar os amigos e familiares que
partiram na grande viagem. Pela primeira vez, nas últimas décadas, este ano
este dia santo não foi comemorado porque foi apagado do calendário.
Antes de prosseguir, como
ressalva de interesses, declaro que defendo um cada vez maior recurso à
cremação –com preços mais acessíveis, o que não se verifica actualmente. Apesar
disso, tenho o maior respeito pelo costume de depositar os defuntos nos
cemitérios. Somos um povo maioritariamente católico-apostólico e, por isso
mesmo, temos, todos, obrigação de reverenciar a prática popular. E quando
escrevo todos considero que tal deferência deve começar pelos governos. Retirar
este dia à população portuguesa é muito mais do que um atentado à sua
dignidade, é, acima de tudo, mostrar um desconhecimento brutal pela nossa memória. Em silogismo, é caso para interrogar, se o Governo desconsidera os
mortos como há-de ter alguma estima pelos vivos? Nas últimas décadas, e não
falo apenas deste executivo, os governos comportam-se como tiranos inimigos do
cidadão. Devo clarificar que concordo que alguns feriados não faziam sentido
–como, por exemplo e salvo melhor opinião, o do Corpo de Deus, sendo nós assumidamente um Estado
laico. Porém há outros, como o do 5 de Outubro, que apenas contribuem para o
apagamento da nossa história recente.
O argumento invocado para
obliterar este Dia de Todos os Santos
foi o de que estamos em crise e é preciso trabalhar mais. Acontece que embora
poucos mas alguns estabelecimentos comerciais na Baixa não abriram portas. Mais
ainda, os que estiveram abertos, salvo excepções, contaram silêncios nas poucas pessoas que
entraram. Esta zona, hoje, apesar de ser um dia normal de trabalho, esteve como
se realmente fosse feriado. Teria valido a pena este corte? Penso que não.
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