Nos últimos dias tem andado um cheiro desgraçado aqui pela
Baixa. Por mais que se tente não se chega a uma conclusão. Vêem-se as pessoas
de nariz no ar a “snif… snif” e nada! Isto está de tal modo a complicar a vida
pachorrenta desta parte da cidade que não sei se ainda vai dar molho, como quem diz uns sopapos. Isto
porquê? Porque vai uma pessoa descansada na rua, de repente, é invadido por um
odor intenso a pútrido e o que é que pensa? É isso mesmo. Pensa, “ai o filho da
mãe, que se descuidou e mandou para
cima de mim os vapores que lhe fazem mal!”. É de supor até, se calhar, que os
mais ousados encostem a cheiradeira ao rabiosque
do passante. É ou não é? É também caso para adivinhar que alguns vão gostar e,
provavelmente, num maneirismo sublinhado, até irão exclamar: “ai querido, encosta mais a tua saliência,
que gosto tanto!”. Claro que nestas coisas da especulação barata uma pessoa
nunca sabe nem onde começou nem onde acaba e poderemos perfeitamente antever
que, nesta onda de suspeição que atravessa o Centro histórico, é mais que certo
ver os “canitos” a levar com a consequência.
Pior que tudo é o mal-estar que esta virulência vai causar no seio da matilha. Já
estamos habituados a descarregar nestas pobres almas inocentes o peso da culpa
- que até agora deixavam umas belas prendas em qualquer sítio das ruas estreitas
e sempre sobre o beneplácito dos donos tão cuidadosos. Se virmos os pobres
fieis-amigos a cheirar o rabiosque do
congénere já sabemos que a causa já alastrou ao mundo animal.
É óbvio que, como sempre nestas
coisas, o boato alastra como ondas imanadas de um cogumelo nuclear e lá vem
aquelas frases cheias de convicção: “ este
cheiro intenso provém de uma queimada que o Barbosa de Melo, anterior
presidente da Câmara Municipal de Coimbra, está a fazer lá no seu quintal. Está a atirar para a fogueira toda e qualquer expectativa que tinha de vir a ser
eleito e sentar-se na cadeira principal”.
Depois lá vem outro boateiro,
ainda mais venenoso: “este cheiro a
porcaria, às tantas, é o Providência, o anterior vereador do desporto, a
queimar os outdoors com a sua imagem ali nos Campos do Bolhão. Já que, conforme
se aparenta, perante o desaparecimento nas brumas do silêncio do titular da
Casa Aninhas, o seu partido não quer saber mais nem da sua cara nem dos tapumes
para nada. Por exemplo aquele no Largo da Portagem só vai ser retirado após uma
petição pública na Internet”.
Mas isto é gente do pior, sempre
prontos a cheirar no cu do próximo, salvo seja, como quem diz que estão sempre
prontos a mandar ferroada no alheio, não sei se estarei a ser claro. E lá vem
outro dizer que este fedor vem da Câmara Municipal. Diz este “embrulhadeiro” que é o Manuel Machado,
o novo presidente da edilidade, que está a fazer uma fogueira e a queimar os
vereadores em lume brando até lhes distribuir pelouros.
Vem outro e diz que o cheiro a
queimado vem dos lados da Avenida Sá da Bandeira, do edifício da ACIC. Diz este
má-língua que o actual presidente em
exercício, Paulo Mendes, está a queimar a fotografia do anterior presidente
Pina Prata, que se encontra no salão nobre daquela centenária associação
industrial e comercial, e tudo o que tenha rasto desta outrora grande esperança
no panorama político da cidade e agora criou um novo polo associativo ligado à
AIP, Associação Industrial Portuguesa. Continua o mexeriqueiro: “tão amigos que eles eram. O que se teria
passado para agora não se gramarem nem com molho de tomate e açúcar derretido
em ponto?”
Quem conhece o trabalho de
investigação deste blogue, mais propriamente o cheirar na bosta da jornalista para
todo o serviço Rosete “sempre em cima” -que por uma boa
informação não hesita em deitar-se ao comprido, e se preciso for até ajoelhar e rezar, com
o pior inimigo- deve saber que aqui não se dorme em serviço. E a gaja boa cá do
jornaleco foi ver o que estava por detrás desta fragrância horrível que
atravessa ruas largas e estreitas, becos e ruelas. E, tal como Felícia Cabrita
da escola do jornalismo de Lisboa, acabou por descobrir: os banhos públicos do
Rancho de Coimbra encerraram há semanas por denúncia da Associação Integrar, já
que a autarquia não se chegava à frente.
Portanto este perfume advém das
largas dezenas de utentes daquele chuveiro comunitário e que agora olham para
São Pedro para lhes mandar umas pinguinhas de chuva.
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