terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CARTA AO VEREADOR JOÃO ORVALHO




 Boa tarde meu caro companheiro destas lides cibernéticas. “Companheiro”, sobretudo quando, antes de ser vereador do executivo da Câmara Municipal de Coimbra, o senhor tinha mais tempo e, como eu, plasmava os desabafos no seu blogue “Livre Circulação”.
Espero que esta minha carta o vá encontrar de boa saúde na companhia de quem mais ama e gosta. Como estamos em tempo de Natal, e por isso mesmo em tempos de pedidos, pode até pensar que lhe estou a escrever esta missiva para lhe pedir uma prendinha. Nada disso. Venho apenas lembrar uma questão pertinente e, a meu ver, de interesse público, como quem diz, de conveniência da Baixa e da cidade. Mas antes de lhe dizer o que se trata vou contar-lhe, mais ou menos, o que se passa. Ou seja, antes de ir directo à questão, vou fazer um desenho de palavras a servir de introdução.
Ontem escrevi aqui um texto sobre o que presenciei na estação central dos Correios da “Fernão de Magalhães”. Apercebi-me que a afluência era enorme. Curiosamente, tive necessidade de voltar lá e, hoje, mais uma vez, constatei que ainda era pior do que ontem. Isto é, por volta das nove e pouco da manhã de ontem, a diferença que me separava entre a minha senha e o número que se apresentava no visor electrónico era de vinte e poucos. Hoje, quando entrei lá eram 13h39, retirei a senha 486 e no visor apresentava-se o 426. Isto é, presumivelmente haveria 60 pessoas que me separavam até ser atendido –e que seria já depois das 14h30, isto porque muitos candidatos ao balcão desistiram.
Reparei que quem, como eu, aguentou tinha no rosto uma marca bem vincada de enfado. Ao meu lado estava um homem que não parava quieto, ora andava para a frente, ora pegava num livro de um dos vários expositores, ora andava para trás. Embora só conhecesse de vista, meti-me com ele. “Estamos tramados!”, exclamei à guisa de lhe fazer soltar a língua. “Admite-se uma coisa destas? -Correspondeu ele. O melhor é uma pessoa trazer o lanche. Olhe que fui à estação dos CTT da Pedrulha e era igual. Tive de vir para aqui. Tenho 70 números até ser atendido. Querem poupar –referindo-se à administração dos CTT-, encerrando postos de atendimento e depois quem se lixa é o cliente. Isto é uma vergonha, meu caro!”
Não sei se o amigo Orvalho já chegou ao meu porto de acolhimento. Por outras palavras, não sei se, pelo que plasmei, já serei suficientemente claro. Mas, fazendo sofrer a sua ansiedade mais um pouco, sempre lhe vou dizendo que, como sabe, há quase um ano escrevi sobre o Mercado Municipal. Nessa altura e ainda agora, todos esperam que o senhor vereador –contrariando os seus antecessores, que nada fizeram para impedir o declínio desta histórica praça popular- ponha as “mãos naquela obra”, que morre um pouco todos os dias, e coloque ali lojas âncora para revitalizar este centro de vendas de antanho.
Agora, aposto, já atracou mesmo no meu porto de confluência. É isso mesmo que o senhor está a pensar. Meu caro, é mais que necessário abrir dentro deste mercado um posto de correios. É difícil? Penso que não. Basta que a autarquia, no caso pela sua interferência e uma vez que o senhor é o responsável político pela pasta, ceda uma das imensas lojas vazias a um preço simbólico a quem se manifestar interessado. E aí tinha, o meu amigo, o primeiro passo para a obrigatória revivificação do Mercado Municipal D. Pedro V. A seguir, já agora, não abusando da sua paciência, poderia fazer o mesmo para outras actividades. Poderia ceder as imensas lojas fechadas para outros ramos de negócio, mas diferentes do que lá existe. É preciso é que a renda praticada seja a preço simbólico.
Bom, como já me alonguei, aproveito para lhe desejar um bom e feliz Natal. Com saúde, com algum dinheiro, com um bom cabrito na mesa, com alegria e esperança, e que não lhe falte a coragem. Olhe que por aqui o pessoal está de olho no amigo. Não os decepcione. Vamos lá à luta.
Pela parte que me toca, se precisar de uma mãozinha, sobretudo a opinar, que é a única coisa que sei fazer, o amigo pode contar inteiramente.
Um grande abraço, cá do seu admirador.
 Luís Fernandes.


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